27 de maio de 2010

O PAI QUE GOSTARIA DE TER-UMA CARTA

O meu pai faleceu em Fevereiro do ano passado e, ao contrário do que deveria ter acontecido, eu não senti a sua falta.
Por mais que me esforce não consigo lembrar-me de alguma vez ter existido entre nós um clima de carinho e de compreensão.
Jamais se estabeleceu um diálogo entre mim e o meu pai. Nem um gesto de carinho.
Eu penso que o afecto também se deve demonstrar. Talvez eu seja demasiado exigente, mas é o que eu realmente sinto.
Sempre considerei que a relação entre pais e filhos deve ser uma dádiva mútua, um crescimento em conjunto e que, apesar das dificuldades e problemas, se deve procurar a perfeição neste sentimento construtivo: o amor.
Tal nunca se passou entre nós, pelo contrário , existiu diariamente um sentimento de ódio e repulsa, pelo menos da sua parte.
Tudo isto porque o meu pai não me apreciava só porque, ao nascer, não veio um rapaz como ele desejava.
(carta assinada, originária de Braga)

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