13 de abril de 2010

UMA AGRESSÃO AO PAPA-

Com grande interesse e actualidade, transcrevemos do jornal italiano"Corriere dela sera" de 17 de Março p.p. esta "carta ao director" assinada pelo ex-presidente do Senado Italiano, Marcello Pera-um agnóstico que reconhece os grandes benefícios que a civilização deve aos católicos.
.................................
Caro Director,
A questão dos padres pedófilos, os homossexuais, que rebentou recentemente na Alemanha, tem como alvo o Papa.
E, dadas as enormidades temerárias da imprensa, cometeria um grave erro quem pensasse que o golpe não acertou no alvo- e um erro ainda mais grave-, quem pensasse que a questão morreria, como morreram tantas questões parecidas. Não é isso que se passa. Está em curso uma guerra. Não propriamente contra a pessoa do papa porque, neste terreno, tal guerra é impossível: Bento XVI tornou-se inexpugnável pela sua imagem, pela sua serenidade, pela sua limpidez, firmeza e doutrina, e só aquelo sorriso manso basta para desbaratar um exército de adversários.
Não, a guerra é entre o laicismo e o cristianismo. Os laicistas sabem perfeitamente que, se aquela batina branca fosse tocada, sequer, por uma pontinha de lama, toda a Igreja ficaria suja, e se a Igreja ficasse suja, suja ficaria igualmente a religião cristã.
Foi por isso que os laicistas acompanharam esta campanha com palavras de ordem deste tipo"Quem voltará a mandar os filhos à Igreja?", ou "Quem voltará a meter os filhos numa escola católica?", ou ainda" Quem internará os filhos num hospital ou numa clínica católica?"
Há dias, uma laicista deixou escapar uma observação reveladora"a relevância das revelações dos abusos sexuais de crianças por parte dos sacerdotes na a própria legitimação da Igreja Católica como garante da educação dos mais novos". Pouco importa que semelhante sentença seja desprovida de qualquer base de prova porque a mesma aparece mesmo latente. " A relevância das revelações"; Quantos são os sacerdotes pedófilos? 1%?/ 10%? Todos?
Pouco importa também que a sentença seja completamente ilógica; bastaria substituir "sacerdotes" por "professores" ou por "políticos", ou por "jornalistas" para se minar "a legitimação" da escola pública, do parlamento ou da imprensa. Aquilo que importa é a insinuação, mesmo que feita à custa de um argumento grosseiro: os sacerdotes são pedófilos, portanto a igreja não tem autoridade moral, portanto a Igreja Católica é perigosa, portanto o cristianismo é um engano e um perigo.
Esta guerra do laiscismo contra o cristianismo é uma guerra campal, é preciso recuar ao nazismo e ao comunismo para se encontrar outra igual. Mudam os meios mas o fim é o mesmo: hoje como ontem, aquio que se pretende é a destruíção da religião.
Ora a Europa pagou esta fúria destrutiva ,o preço da própria liberdade.
É incrível, que a Alemanha , sobretudo, que bate continuamente no peito pela memória desse preço que infligiu a toda a Europa, se esqueça dele hoje, que é democrática, recusando-se a compreender que, destruído o cristianismo, é a própria democracia que se perde.
No passado, a destruição da religião comportou a destruição da razão;
Hoje, não conduz ao triunfo da razão laica, mas a uma segunda barbárie.
No plano ético, é a barbárie de quem mata um feto por ser prejudicial à "saúde psíquica" da mãe. De quem diz que um embrião é uma "bola de células" boa para experiências. De quem mata um velho, porque este já não tem família que cuide dele. De quem apressa o fim de um filho, porque este deixou de estar consciente e tem uma doença incurável. De quem pensa que progenitor "A" e progenitor"B" é o mesmo que "PAI" e "MÃE". De quem julga que a Fé é como o coccix, um orgão que deixou de participar na evolução porque o homem deixou de precisar de cauda. E por aí fora.
Ou então, é considerando agora o lado político da guerra do laicismo contrao cristianismo, a barbárie será a destruição da Europa. Porque eliminado o cristianismo, restará o multicularismo, de acordo com o qual todos os grupos têm o direito á sua cultura.
O relativismo, que pensa que que todas as culturas são igualmente boas. O pacifismo, que nega a existência do mal.
Mas esta guerra contra o cristianismo seria menos perigosa se os cristãos a compreendessem; pelo contrário, muitos deles, não percebem o que se está a passar. São os teólogos que se sentem frustrados com a supremacia de Bento XVI.
Os bispos indecisos, que consideram que o compromisso com a modernidade é a melhor maneira de actualizar a mensagem cristã. Os cardeais em crise de Fé, que começam a insinuar que o celibato dos sacerdotes não é um dogma, e que talvez fosse melhor repensar a questão.
Os intelectuais católicos que acham que a Igreja tem um problema com o feminismo e que o cristianismo tem um diferendo por resolvercom a sexualidade.
As conferências episcopais que se enganam na ordem do dia e, enquanto auguram uma política de fronteiras abertasa todos, não t~em a coragem de denunciar as agressões de que os cristãos são alvo, bem como a humilhação que são obrigados a suportar por serem colocados todos sem descriminação, no banco dos réus. Ou ainda os chanceleres vindos do Leste, que exibem um ministro dos negócios estrangeiros homossexual, ao mesmo tempo que atacam o PAPA com argumentos éticos; e os nascidos no Ocidente, que acham que este deve ser laico, que o mesmo é dizer anti-cristão.
A guerra dos laicistas vai continuar quanto mais não seja porque um PAPA, como BENTO XVI, sorri mas não recua um milímetro.
Mas aqueles que compreendem esta intransigência papal têm de agarrar na situação com as duas mãos, não ficando de braços cruzados à espera do próximo golpe.
Quem se limita a solidariazar-se com ele, ou entrou no horto das oliveiras de noite e ás escondidas... ou então não percebeu o que está ali a fazer.
Marcello Pera


( tradução de Maria José Figueiredo)
Jornal Católico"A Ordem"

Sem comentários: