Edição de 04-03-2010
SECÇÃO: Liturgia
Santos de cada dia – 9 de Março
Santa Francisca Romana
Embora, no seu íntimo, S. Francisca se houvesse consagrado a Deus na totalidade da alma e do corpo, ainda menina, por conselho do confessor, para condescender com os desejos do pai, Paulo Busa de Leoni, um alto aristocrata da nobreza romana, casou com Lourenço de Ponziani de quem teve três filhos: Inês e João Evangelista falecidos ainda crianças e João Baptista que continuou a família.
Na vida desta grande senhora, reflecte-se a história de Roma dos finais do século XIV e início de XV, pois nasceu. em 1384. e morreu. em 1440.
Degladiavam-se, então, duas famílias rivais para alcançarem a hegemonia sobre a urbe: os Orsini a cuja facção pertencia Lourenço, leais ao Papa, e os Colona que apoiavam Ladislau de Nápoles.
Este invadiu a cidade eterna. O exército comandado pelo marido de S. Francisca foi derrotado e o seu chefe mutilado. O vencedor levou como reféns os filhos das famílias mais influentes, entre os quais ia João Baptista filho de Santa Francisca. Esta depressa o recuperou, mas, numa segunda invasão, de novo o perdeu, ficando com o marido inválido e o palácio saqueado.
Não perdeu a paz e continuou a dedicar-se aos pobres, nessa altura ainda mais abandonados, por causa dos dois saques infligidos à urbe.
Francisca sempre, ajudada pela cunhada, Vannozza, também mui esmoler, morta em odor de santidade, multiplica os seus cuidados pelos miseráveis. Um dia de rigoroso inverno, toda a gente pasmou, quando se viu a fidalga, junto ao foro, a tocar um burrinho carregado de lenha e roupas para os desagasalhados.
Modesta no vestir, frugal no governo de casa, a fim de melhor proteger os indigentes, soube aliar a aristocracia da sua posição a uma vida humilde e serviçal.
Movidas pelo seu exemplo outras matronas romanas vieram juntar-se-lhe no auxílio e dedicação a tantos miseráveis. Para elas, as vãs ostentações eram um insulto aos mais desprotegidos. Santa Francisca, iluminada por Deus traçou para todas um estatuto apoiada na Regra de S. Bento e, deste modo, surgiu a confraria das Oblatas Beneditinas.
Depois do marido falecer, em 1436, retirou-se para junto delas e aí viveu numa austeridade consumada.
Morreu na sua casa de Transtevere, onde fora visitar o filho e a nora, a 9 de Março de 1440.
Grande multidão acompanhou o seu enterramento, no qual, por entre os grandes ódios que devastavam Roma, se encetou a paz de Cristo, entre as facções rivais. Junto do seu túmulo, realizaram-se inúmeros milagres.
A sua memória originou uma festa popular recordada nos estatutos da cidade.
Ficou a sua lembrança, como anotou S. Roberto Belarmino, como modelo para os diferentes estados de vida e ainda como exemplo da participação da mulher na vida pública e até política, sobretudo nos anos de rivalidades e de penúria
Jornal católico da Guarda
9 de março de 2010
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