
MARTINY
(1841-1884)
VENERÁVEL
LOUISE MARGUERITE
CLARET DE LA TOUCHE
(1868-1915)
Há cerca de 120 anos, nalgumas revelações
particulares, Jesus começou a confiar
às pessoas consagradas nos mosteiros e no
mundo o Seu plano para a renovação do sacerdócio.
Ele confiou a algumas mães espirituais
a chamada ‘obra para os sacerdotes’. Uma
das precursoras desta obra é a beata Maria
Deluil Martiny. Sobre esse seu grande íntimo
desejo ela disse “Oferecer-se pelas almas
é belo e grande! Mas oferecer-se pelas almas
dos sacerdotes... é tão belo e grande que seria
preciso ter mil vidas e mil corações!... Daria
de bom grado a minha vida para que Cristo
pudesse encontrar nos sacerdotes aquilo que
deles se espera! A daria de bom grado mesmo
se um só pudesse realizar perfeitamente
o plano divino em si!”. De facto, aos 43 anos,
ela selou com o martírio a sua maternidade
espiritual. As suas últimas palavras foram:
“É para a obra, a obra para os sacerdotes!”.
Jesus também preparou por longos anos a Serva
de Deus Louise Marguerite Claret de la Touche
ao apostolado para a renovação do sacerdócio.
Ela contou que a 5 de Junho de 1902, durante
uma adoração, aparecera-lhe o Senhor.
“Eu tinha-Lhe pedido pelo nosso pequeno
noviciado e suplicado que me desse algumas
almas que eu pudesse plasmar para Ele. Ele
respondeu-me: ‘Dar-te-ei almas de homens’.
Fiquei em silêncio pois não compreendi as
Suas palavras. Jesus acrescentou: ‘Dar-teei
almas de sacerdotes. Ainda mais surpreendida
por estas palavras, perguntei: ‘Meu
Jesus, como o farás?’. Ele então expôs-me
a obra que estava a preparar e que devia
aquecer o mundo com o amor. Jesus continuou
a explicar o Seu plano e, assim, quis dirigir-Se
aos sacerdotes: ‘Como há 1900 anos eu pude
16 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO
renovar o mundo com doze homens – eles
eram sacerdotes – hoje também eu poderia
renovar o mundo com doze sacerdotes, mas
deverão ser sacerdotes santos.”
O Senhor mostrou então a Louise Marguerite
a obra em concreto. “É uma união de
sacerdotes, uma obra que abrange o mundo
inteiro”, escreveu. “Se o sacerdote quer
realizar a sua missão e proclamar a misericórdia
de Deus, deveria em primeiro lugar,
ele mesmo ser invadido pelo Coração de
Jesus e deveria ser iluminado pelo amor do
Seu Espírito. Os sacerdotes deveriam cultivar
a união entre si, ser um coração e uma alma
e nunca ser obstáculo uns para os outros”.
Louise Marguerite descreveu com expressões
muito felizes o sacerdócio no seu livro
“O Coração de Jesus e o sacerdócio”, que
alguns sacerdotes acreditaram ser a obra de
um comfrade. Um jesuíta declarou: “Não sei
quem escreveu o livro, mas uma coisa sei com
certeza, não é obra de uma mulher!”.
LU MONFERATO
Vamos, agora, à pequena povoação de Lu no
Norte de Itália, uma localidade com poucos
milhares de habitantes, situada numa região
rural a 90 km a oeste de Turim. Esta pequena
povoação teria ficado desconhecido se em 1881
algumas mães de família não tivessem tomado
uma decisão que iria ter “grandes repercussões”.
Muitas dessas mães tinham no coração
o desejo de ver um dos seus filhos tornar-se
sacerdote ou uma das suas filha entregar-se
totalmente ao serviço do Senhor. Começaram
então a reunir-se todas as terças-feiras
para a adoração do Santíssimo Sacramento,
sob a orientação do seu pároco, Monsenhor
Alessandro Canora, e a rezar pelas vocações.
Todos os primeiros domingos do mês recebiam
a Comunhão por essa intenção. Após
a Missa todas as mães rezavam juntas para
pedir vocações sacerdotais. Graças à oração
cheia de confiança destas mães e à abertura
de coração destes pais, as famílias viviam
num clima de paz, de serenidade e de alegre
devoção que permitiu aos filhos discernir com
maior facilidade o seu chamamento.
ADORAÇÃO EUCARÍSTICA - pela santificação dos sacerdotes e Maternidade espiritual 17
Quando o Senhor disse: “Muitos são
os chamados, mas poucos os eleitos”
(Mt 22,14), devemos entendê-lo desta maneira:
muitos serão chamados, mas poucos responderão.
Ninguém podia pensar que o Senhor
teria atendido tão amplamente o pedido destas
mães. Desta povoação surgiram 323 vocações
à vida consagrada (323!): 152 sacerdotes (e
religiosos) e 171 religiosas pertencentes a 41
diferentes congregações. Em algumas famílias
houve até três ou quatro vocações. O exemplo
mais conhecido é o da família Rinaldi.
O Senhor chamou sete filhos desta família.
Duas filhas entraram para as irmãs Salesianas
e, enviadas a Santo Domingo, tornaram-se
pioneiras e missionárias corajosas. Entre os
homens, cinco tornaram-se sacerdotes Salesianos.
O mais conhecido dos cinco irmãos,
Filippo Rinaldi, foi o terceiro sucessor de
Dom Bosco, beatificado por João Paulo II
a 29 de Abril de 1990. De facto, muitos
jovens entraram para os salesianos. Não foi
por acaso, visto que Dom Bosco durante
a sua vida visitou quatro vezes a cidade de Lu.
O santo participou da primeira Missa de
Filippo Rinaldi, seu filho espiritual, na sua
cidade de origem. Filippo gostava muito de
lembrar a fé das famílias de Lu: “Uma fé que
fazia dizer aos nossos pais: O Senhor nos deu
filhos e se Ele os chama nós certamente não
podemos dizer não!”. Luigi Borghina e Pietro
Rota viveram a espiritualidade de Dom Bosco
de maneira tão fiel que foram chamados um
“o Dom Bosco do Brasil” e o outro “o Dom
Bosco da Valtellina”. Monsenhor Evasio
Colli, Arcebispo de Parma, também vinha
de Lu (Alessandria). Dele disse João XXIII:
“Ele é que devia ser papa, não eu. Tinha tudo
para ser um grande papa”.
A cada 10 anos, todas as religiosas, religiosos
e sacerdotes ainda vivos reuniam-se
em Lu, vindos de todas as partes do mundo.
Dom Mario Meda, pároco da cidade durante
muitos anos, contou como esse encontro na
realidade era uma grande festa, uma festa de
agradecimento a Deus por ter feito grandes
coisas em Lu.
A oração que as mães de família rezavam em
Lu era breve, simples e profunda:
“Senhor, fazei que um dos meus filhos se torne
sacerdote! Eu mesma quero viver como boa
cristã e quero conduzir os meus filhos para
o bem, a fim de obter a graça de poder oferecer-
Vos, Senhor, um sacerdote santo. Amém”.
BEATA
ALEXANDRINA DA COSTA
(1904-1955)
Também um exemplo de vida como a de Alexandrina
da Costa, beatificada a 25 de Abril de 2004,
demonstra de maneira impressionante a força
transformadora e os efeitos visíveis do sacrifício
de uma jovem doente e abandonada. Em 1941
Alexandrina escreveu ao seu pai espiritual, P.
Mariano Pinho, que Jesus Se havia dirigido a ela
com estas palavras: “Minha filha, em Lisboa vive
um sacerdote que corre o risco de se condenar
eternamente; ele ofende-me de maneira grave.
Chama o teu pai espiritual e pede-lhe autorização
para que Eu te faça sofrer particularmente,
durante a paixão, por aquela alma”.
Recebida a licença, Alexandrina sofreu muitíssimo.
Sentia o peso dos pecados daquele sacerdote,
que não queria mais saber de Deus e estava
prestes a condenar-se. A coitada vivia no seu
corpo o estado infernal em que se encontrava
o sacerdote e suplicava: “Não, no inferno não!
Ofereço-me em holocausto por ele até quando Tu
quiseres”. Ela chegou a ouvir o nome e o apelido
do sacerdote.
O P. Pinho quis então indagar junto do cardeal
de Lisboa para saber se naquele momento algum
sacerdote estaria a dar-lhe muitos desgostos.
O cardeal confirmou com sinceridade que de
facto havia um sacerdote que o preocupava;
o nome que pronunciou era exactamente
o mesmo que Jesus dissera a Alexandrina.
Alguns meses mais tarde foi referido ao P.
Pinho, por parte de um amigo sacerdote, P.
David Novais, um episódio especial. O P. David
acabara de dar um curso de exercícios espirituais
em Fátima, no qual também havia participado
um senhor muito discreto que todos haviam
notado pelo seu comportamento exemplar. Este
homem, no último dia dos exercícios, sofreu um
ataque de coração; foi chamado um sacerdote
e ele pôde confessar-se e receber a Comunhão.
Pouco depois falecia, reconciliado com Deus.
Descobriu-se que aquele senhor, vestindo roupas
leigas, era um sacerdote e era exactamente aquele
pelo qual Alexandrina tanto havia lutado.
ADORAÇÃO EUCARÍSTICA - pela santificação dos sacerdotes e Maternidade espiritual 19
SERVA DE DEUS
CONSOLATA BETRONE
(1903-1946)
Os sacrifícios e as orações de uma mãe
espiritual de sacerdotes destinam-se em
particular aos consagrados que se perderam
ou que abandonaram a própria vocação.
Jesus, na Sua Igreja, chamou a esta vocação
inumeráveis mulheres, como por exemplo
a Irmã Consolata Betrone, Clarissa Capuchinha
de Turim. Jesus disse-lhe: “A tua
tarefa na vida é dedicares-te aos teus
irmãos. Consolata, tu também serás um
bom pastor e irás em busca dos irmãos
perdidos para trazê-los de volta a Mim”.
Consolata ofereceu tudo por eles, pelos
“seus irmãos” sacerdotes e consagrados
que se encontravam em dificuldade espiritual.
Na cozinha, durante o trabalho, rezava
sem cessar a sua oração do coração: “Jesus,
Maria, Vos amo, salvai as almas!”.
Transformou conscientemente qualquer
pequeno serviço e tarefa em sacrifício.
Jesus disse-lhe a esse propósito: “Estas
são acções insignificantes, mas como tu
as ofereces com grande amor, concedo
a elas um valor desmedido e transformo-as
em graças de conversão que descem sobre
os irmãos infelizes”.
Muitas vezes no convento eram assinalados
por telefone ou por carta casos concretos dos
quais Consolata carregava o peso no sofrimento.
Às vezes sofria durante semanas ou
meses pela aridez, pela sensação de inutilidade,
de obscuridade, de solidão, de dúvidas
e pelos estados pecaminosos dos sacerdotes.
Uma vez, durante essas lutas interiores,
escreveu ao seu pai espiritual: “Quanto me
custam os irmãos!”. Jesus, porém, fez-lhe
uma grande promessa: “Consolata, não
é só um irmão que devolverás a Deus,
mas todos. Prometo-te que Me darás os
irmãos, todos, um após o outro”. E assim
foi! Levou de volta a um sacerdócio rico
de graça todos os sacerdotes que lhe haviam
sido confiados. Muitos destes casos foram
documentados com precisão.
20 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO
Berthe Petit é uma grande mística belga, uma alma de expiação pouco conhecida.
Jesus indicou-lhe com clareza o sacerdote pelo qual devia renunciar aos seus
projectos pessoais e também fez com que o encontrasse.
BERTHE PETIT
(1870-1943)
Desde os quinze anos, Berthe durante cada
Santa Missa rezava pelo celebrante: “Meu
Jesus, faz com que o Teu sacerdote não te cause
desgostos!”. Quando tinha dezassete anos, os
seus pais perderam todo o património por causa
de uma fiança; no dia 8 de Dezembro de 1988,
o seu director espiritual disse-lhe que a sua
vocação não era o mosteiro, mas ficar em casa
e cuidar dos pais. Com desgosto, aceitou o sacrifício;
pediu, porém, a Nossa Senhora que intercedesse
para que, em vez da sua vocação religiosa,
Jesus chamasse um sacerdote zeloso e santo.
“Serás atendida!” garantiu-lhe o pai espiritual.
O “PREÇO” DE UM
SACERDOTE SANTO
O que ela não podia prever aconteceu dezasseis
dias mais tarde: um jovem advogado de 22 anos,
o dr. Louis Decorsant, estava a rezar perante uma
imagem de Nossa Senhora das Dores. De repente
e inesperadamente, ele teve a certeza de que a sua
vocação não era casar com a rapariga que amava
e exercer a profissão de jurista. Compreendeu
com clareza que Deus o chamava ao sacerdócio.
Essa chamada foi tão clara e insistente que ele
não hesitou nem um instante em abandonar tudo.
Após os estudos em Roma, onde havia terminado
o seu doutoramento, foi ordenado sacerdote
em 1893. Berthe tinha então 22 anos.
Nesse mesmo ano um jovem sacerdote, com 27
anos, celebrou a Santa Missa da meia-noite num
subúrbio de Paris. Esse facto é importante porque
à mesma hora Berthe, assistindo à Santa Missa
da meia-noite em outra paróquia, prometia solenemente
ao Senhor: “Jesus, quero ser um holocausto
para os sacerdotes, para todos os sacerdotes,
mas de modo especial para o sacerdote
da minha vida”.
Quando foi exposto o Santíssimo, a jovem viu de
repente uma grande cruz com Jesus e aos Seus
pés Maria e João. Ela ouviu as seguintes palavras:
“O teu sacrifício foi aceite, a tua súplica
atendida. Eis o teu sacerdote... Um dia o conhecerás”.
Berthe viu que os traços do rosto de João
assumiram os de um sacerdote desconhecido.
Tratava-se do reverendo Decorsant, mas ela
somente o encontraria em 1908, ou seja, quinze
anos depois, reconhecendo o seu rosto.
(1841-1884)
VENERÁVEL
LOUISE MARGUERITE
CLARET DE LA TOUCHE
(1868-1915)
Há cerca de 120 anos, nalgumas revelações
particulares, Jesus começou a confiar
às pessoas consagradas nos mosteiros e no
mundo o Seu plano para a renovação do sacerdócio.
Ele confiou a algumas mães espirituais
a chamada ‘obra para os sacerdotes’. Uma
das precursoras desta obra é a beata Maria
Deluil Martiny. Sobre esse seu grande íntimo
desejo ela disse “Oferecer-se pelas almas
é belo e grande! Mas oferecer-se pelas almas
dos sacerdotes... é tão belo e grande que seria
preciso ter mil vidas e mil corações!... Daria
de bom grado a minha vida para que Cristo
pudesse encontrar nos sacerdotes aquilo que
deles se espera! A daria de bom grado mesmo
se um só pudesse realizar perfeitamente
o plano divino em si!”. De facto, aos 43 anos,
ela selou com o martírio a sua maternidade
espiritual. As suas últimas palavras foram:
“É para a obra, a obra para os sacerdotes!”.
Jesus também preparou por longos anos a Serva
de Deus Louise Marguerite Claret de la Touche
ao apostolado para a renovação do sacerdócio.
Ela contou que a 5 de Junho de 1902, durante
uma adoração, aparecera-lhe o Senhor.
“Eu tinha-Lhe pedido pelo nosso pequeno
noviciado e suplicado que me desse algumas
almas que eu pudesse plasmar para Ele. Ele
respondeu-me: ‘Dar-te-ei almas de homens’.
Fiquei em silêncio pois não compreendi as
Suas palavras. Jesus acrescentou: ‘Dar-teei
almas de sacerdotes. Ainda mais surpreendida
por estas palavras, perguntei: ‘Meu
Jesus, como o farás?’. Ele então expôs-me
a obra que estava a preparar e que devia
aquecer o mundo com o amor. Jesus continuou
a explicar o Seu plano e, assim, quis dirigir-Se
aos sacerdotes: ‘Como há 1900 anos eu pude
16 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO
renovar o mundo com doze homens – eles
eram sacerdotes – hoje também eu poderia
renovar o mundo com doze sacerdotes, mas
deverão ser sacerdotes santos.”
O Senhor mostrou então a Louise Marguerite
a obra em concreto. “É uma união de
sacerdotes, uma obra que abrange o mundo
inteiro”, escreveu. “Se o sacerdote quer
realizar a sua missão e proclamar a misericórdia
de Deus, deveria em primeiro lugar,
ele mesmo ser invadido pelo Coração de
Jesus e deveria ser iluminado pelo amor do
Seu Espírito. Os sacerdotes deveriam cultivar
a união entre si, ser um coração e uma alma
e nunca ser obstáculo uns para os outros”.
Louise Marguerite descreveu com expressões
muito felizes o sacerdócio no seu livro
“O Coração de Jesus e o sacerdócio”, que
alguns sacerdotes acreditaram ser a obra de
um comfrade. Um jesuíta declarou: “Não sei
quem escreveu o livro, mas uma coisa sei com
certeza, não é obra de uma mulher!”.
LU MONFERATO
Vamos, agora, à pequena povoação de Lu no
Norte de Itália, uma localidade com poucos
milhares de habitantes, situada numa região
rural a 90 km a oeste de Turim. Esta pequena
povoação teria ficado desconhecido se em 1881
algumas mães de família não tivessem tomado
uma decisão que iria ter “grandes repercussões”.
Muitas dessas mães tinham no coração
o desejo de ver um dos seus filhos tornar-se
sacerdote ou uma das suas filha entregar-se
totalmente ao serviço do Senhor. Começaram
então a reunir-se todas as terças-feiras
para a adoração do Santíssimo Sacramento,
sob a orientação do seu pároco, Monsenhor
Alessandro Canora, e a rezar pelas vocações.
Todos os primeiros domingos do mês recebiam
a Comunhão por essa intenção. Após
a Missa todas as mães rezavam juntas para
pedir vocações sacerdotais. Graças à oração
cheia de confiança destas mães e à abertura
de coração destes pais, as famílias viviam
num clima de paz, de serenidade e de alegre
devoção que permitiu aos filhos discernir com
maior facilidade o seu chamamento.
ADORAÇÃO EUCARÍSTICA - pela santificação dos sacerdotes e Maternidade espiritual 17
Quando o Senhor disse: “Muitos são
os chamados, mas poucos os eleitos”
(Mt 22,14), devemos entendê-lo desta maneira:
muitos serão chamados, mas poucos responderão.
Ninguém podia pensar que o Senhor
teria atendido tão amplamente o pedido destas
mães. Desta povoação surgiram 323 vocações
à vida consagrada (323!): 152 sacerdotes (e
religiosos) e 171 religiosas pertencentes a 41
diferentes congregações. Em algumas famílias
houve até três ou quatro vocações. O exemplo
mais conhecido é o da família Rinaldi.
O Senhor chamou sete filhos desta família.
Duas filhas entraram para as irmãs Salesianas
e, enviadas a Santo Domingo, tornaram-se
pioneiras e missionárias corajosas. Entre os
homens, cinco tornaram-se sacerdotes Salesianos.
O mais conhecido dos cinco irmãos,
Filippo Rinaldi, foi o terceiro sucessor de
Dom Bosco, beatificado por João Paulo II
a 29 de Abril de 1990. De facto, muitos
jovens entraram para os salesianos. Não foi
por acaso, visto que Dom Bosco durante
a sua vida visitou quatro vezes a cidade de Lu.
O santo participou da primeira Missa de
Filippo Rinaldi, seu filho espiritual, na sua
cidade de origem. Filippo gostava muito de
lembrar a fé das famílias de Lu: “Uma fé que
fazia dizer aos nossos pais: O Senhor nos deu
filhos e se Ele os chama nós certamente não
podemos dizer não!”. Luigi Borghina e Pietro
Rota viveram a espiritualidade de Dom Bosco
de maneira tão fiel que foram chamados um
“o Dom Bosco do Brasil” e o outro “o Dom
Bosco da Valtellina”. Monsenhor Evasio
Colli, Arcebispo de Parma, também vinha
de Lu (Alessandria). Dele disse João XXIII:
“Ele é que devia ser papa, não eu. Tinha tudo
para ser um grande papa”.
A cada 10 anos, todas as religiosas, religiosos
e sacerdotes ainda vivos reuniam-se
em Lu, vindos de todas as partes do mundo.
Dom Mario Meda, pároco da cidade durante
muitos anos, contou como esse encontro na
realidade era uma grande festa, uma festa de
agradecimento a Deus por ter feito grandes
coisas em Lu.
A oração que as mães de família rezavam em
Lu era breve, simples e profunda:
“Senhor, fazei que um dos meus filhos se torne
sacerdote! Eu mesma quero viver como boa
cristã e quero conduzir os meus filhos para
o bem, a fim de obter a graça de poder oferecer-
Vos, Senhor, um sacerdote santo. Amém”.
BEATA
ALEXANDRINA DA COSTA
(1904-1955)
Também um exemplo de vida como a de Alexandrina
da Costa, beatificada a 25 de Abril de 2004,
demonstra de maneira impressionante a força
transformadora e os efeitos visíveis do sacrifício
de uma jovem doente e abandonada. Em 1941
Alexandrina escreveu ao seu pai espiritual, P.
Mariano Pinho, que Jesus Se havia dirigido a ela
com estas palavras: “Minha filha, em Lisboa vive
um sacerdote que corre o risco de se condenar
eternamente; ele ofende-me de maneira grave.
Chama o teu pai espiritual e pede-lhe autorização
para que Eu te faça sofrer particularmente,
durante a paixão, por aquela alma”.
Recebida a licença, Alexandrina sofreu muitíssimo.
Sentia o peso dos pecados daquele sacerdote,
que não queria mais saber de Deus e estava
prestes a condenar-se. A coitada vivia no seu
corpo o estado infernal em que se encontrava
o sacerdote e suplicava: “Não, no inferno não!
Ofereço-me em holocausto por ele até quando Tu
quiseres”. Ela chegou a ouvir o nome e o apelido
do sacerdote.
O P. Pinho quis então indagar junto do cardeal
de Lisboa para saber se naquele momento algum
sacerdote estaria a dar-lhe muitos desgostos.
O cardeal confirmou com sinceridade que de
facto havia um sacerdote que o preocupava;
o nome que pronunciou era exactamente
o mesmo que Jesus dissera a Alexandrina.
Alguns meses mais tarde foi referido ao P.
Pinho, por parte de um amigo sacerdote, P.
David Novais, um episódio especial. O P. David
acabara de dar um curso de exercícios espirituais
em Fátima, no qual também havia participado
um senhor muito discreto que todos haviam
notado pelo seu comportamento exemplar. Este
homem, no último dia dos exercícios, sofreu um
ataque de coração; foi chamado um sacerdote
e ele pôde confessar-se e receber a Comunhão.
Pouco depois falecia, reconciliado com Deus.
Descobriu-se que aquele senhor, vestindo roupas
leigas, era um sacerdote e era exactamente aquele
pelo qual Alexandrina tanto havia lutado.
ADORAÇÃO EUCARÍSTICA - pela santificação dos sacerdotes e Maternidade espiritual 19
SERVA DE DEUS
CONSOLATA BETRONE
(1903-1946)
Os sacrifícios e as orações de uma mãe
espiritual de sacerdotes destinam-se em
particular aos consagrados que se perderam
ou que abandonaram a própria vocação.
Jesus, na Sua Igreja, chamou a esta vocação
inumeráveis mulheres, como por exemplo
a Irmã Consolata Betrone, Clarissa Capuchinha
de Turim. Jesus disse-lhe: “A tua
tarefa na vida é dedicares-te aos teus
irmãos. Consolata, tu também serás um
bom pastor e irás em busca dos irmãos
perdidos para trazê-los de volta a Mim”.
Consolata ofereceu tudo por eles, pelos
“seus irmãos” sacerdotes e consagrados
que se encontravam em dificuldade espiritual.
Na cozinha, durante o trabalho, rezava
sem cessar a sua oração do coração: “Jesus,
Maria, Vos amo, salvai as almas!”.
Transformou conscientemente qualquer
pequeno serviço e tarefa em sacrifício.
Jesus disse-lhe a esse propósito: “Estas
são acções insignificantes, mas como tu
as ofereces com grande amor, concedo
a elas um valor desmedido e transformo-as
em graças de conversão que descem sobre
os irmãos infelizes”.
Muitas vezes no convento eram assinalados
por telefone ou por carta casos concretos dos
quais Consolata carregava o peso no sofrimento.
Às vezes sofria durante semanas ou
meses pela aridez, pela sensação de inutilidade,
de obscuridade, de solidão, de dúvidas
e pelos estados pecaminosos dos sacerdotes.
Uma vez, durante essas lutas interiores,
escreveu ao seu pai espiritual: “Quanto me
custam os irmãos!”. Jesus, porém, fez-lhe
uma grande promessa: “Consolata, não
é só um irmão que devolverás a Deus,
mas todos. Prometo-te que Me darás os
irmãos, todos, um após o outro”. E assim
foi! Levou de volta a um sacerdócio rico
de graça todos os sacerdotes que lhe haviam
sido confiados. Muitos destes casos foram
documentados com precisão.
20 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO
Berthe Petit é uma grande mística belga, uma alma de expiação pouco conhecida.
Jesus indicou-lhe com clareza o sacerdote pelo qual devia renunciar aos seus
projectos pessoais e também fez com que o encontrasse.
BERTHE PETIT
(1870-1943)
Desde os quinze anos, Berthe durante cada
Santa Missa rezava pelo celebrante: “Meu
Jesus, faz com que o Teu sacerdote não te cause
desgostos!”. Quando tinha dezassete anos, os
seus pais perderam todo o património por causa
de uma fiança; no dia 8 de Dezembro de 1988,
o seu director espiritual disse-lhe que a sua
vocação não era o mosteiro, mas ficar em casa
e cuidar dos pais. Com desgosto, aceitou o sacrifício;
pediu, porém, a Nossa Senhora que intercedesse
para que, em vez da sua vocação religiosa,
Jesus chamasse um sacerdote zeloso e santo.
“Serás atendida!” garantiu-lhe o pai espiritual.
O “PREÇO” DE UM
SACERDOTE SANTO
O que ela não podia prever aconteceu dezasseis
dias mais tarde: um jovem advogado de 22 anos,
o dr. Louis Decorsant, estava a rezar perante uma
imagem de Nossa Senhora das Dores. De repente
e inesperadamente, ele teve a certeza de que a sua
vocação não era casar com a rapariga que amava
e exercer a profissão de jurista. Compreendeu
com clareza que Deus o chamava ao sacerdócio.
Essa chamada foi tão clara e insistente que ele
não hesitou nem um instante em abandonar tudo.
Após os estudos em Roma, onde havia terminado
o seu doutoramento, foi ordenado sacerdote
em 1893. Berthe tinha então 22 anos.
Nesse mesmo ano um jovem sacerdote, com 27
anos, celebrou a Santa Missa da meia-noite num
subúrbio de Paris. Esse facto é importante porque
à mesma hora Berthe, assistindo à Santa Missa
da meia-noite em outra paróquia, prometia solenemente
ao Senhor: “Jesus, quero ser um holocausto
para os sacerdotes, para todos os sacerdotes,
mas de modo especial para o sacerdote
da minha vida”.
Quando foi exposto o Santíssimo, a jovem viu de
repente uma grande cruz com Jesus e aos Seus
pés Maria e João. Ela ouviu as seguintes palavras:
“O teu sacrifício foi aceite, a tua súplica
atendida. Eis o teu sacerdote... Um dia o conhecerás”.
Berthe viu que os traços do rosto de João
assumiram os de um sacerdote desconhecido.
Tratava-se do reverendo Decorsant, mas ela
somente o encontraria em 1908, ou seja, quinze
anos depois, reconhecendo o seu rosto.

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