24 de janeiro de 2010

A VIDA DE SÃO FRANCISCO DE SALES




A VIDA DE SÃO FRANCISCO DE SALES


Os anos convulsionados na França, depois da Reforma Protestante, formaram o pano de
fundo da vida de Francisco de Sales. Ele nasceu no dia 21 de agosto de 1567 de uma
família nobre, no reino da Sabóia, situado entre a França, Itália e Suíça. Ele estudou no
Colégio de Clermont dos Jesuítas, em Paris, e na Universidade de Pádua, onde se
doutorou no Direito Canônico e Civil.


Sendo estudante em Paris, teve que enfrentar a tempestade de uma severa crise
espiritual, ao sofrer a tentação de desespero referente à predestinação.
Para o seu pai, foi uma grande decepção que Francisco não aceitou uma carreira
esplêndida no mundo, mas preferiu o sacerdócio. Depois da ordenação, o seu bispo o
enviou como jovem missionário para Chablais, distrito da Sabóia, por quatro anos. Lá
ficou famoso por seus folhetos em defesa da fé e, mal e mal, se escapou de um
atentado contra sua vida. Os seus escritos dessa época foram publicados com o título
Controvérsias e a Defesa do Estandarte da Santa Cruz. Ao finalizar o seu
apostolado de missionário, ele tinha persuadido cerca de 72.000 Calvinistas a voltpara a Igreja Católica.

Foi ordenado bispo de Genebra em 1602, mas residia em Annecy (agora situada na
França), já que Genebra estava sob o domínio dos Calvinistas e ficou fechada para ele.
Sua diocese tornou-se muito conhecida na Europa por motivo de sua organização
eficiente, seu clero zeloso e os leigos bem esclarecidos -- uma realização monumental
naquela época. A sua fama como diretor espiritual e escritor aumentava.

Convenceram-no que reunisse, organizasse e expandisse suas muitas cartas sobre
assuntos espirituais e as publicasse. É o que ele fez em 1609, com o título Introdução
à Vida Devota. Essa se tornou a sua obra mais famosa e, ainda hoje, é uma obra
clássica que se encontra nas livrarias no mundo inteiro. Mas o seu projeto especial foi
o escrito do Tratado do Amor de Deus, fruto de anos de oração e trabalho. Este
também continua sendo publicado hoje. Ele queria escrever também uma obra paralela
ao Tratado, ou seja, sobre o amor ao próximo, mas a sua morte no dia 28 de dezembro
de 1622, aos 55 anos de idade, o impossibilitou. Além das obras mencionadas acima,
suas cartas, pregações e palestras ocupam cerca de 30 volumes. O valor permanente e
a popularidade dos seus escritos levou a Igreja a conceder-lhe o título de Padroeiro
de Escritores Católicos.

Francisco aceitou em sua casa um jovem com dificuldade de audição e criou uma
linguagem de símbolos para possibilitar a comunicação. Essa obra de caridade conduziu
a Igreja a dar-lhe um outro título, ou seja, o de Padroeiro dos de Difícil Audição.



Ele colaborou com Santa Francisca de Chantal na fundação da ordem religiosa das Irmãs
da Visitação de Santa Maria, conhecidas pela simplicidade da sua regra e tradições e
por sua abertura especial a viúvas. Foi através da persistência de uma destas irmãs,
uns 250 anos mais tarde, a Madre Maria de Sales Chappuis, que um sacerdote de Troyes,
na França, Luís Brisson, fundou os Oblatos de São Francisco de Sales, uma comunidade
de sacerdotes e irmãos, dedicados à vida e divulgação do espírito e dos ensinamentos
de São Francisco de Sales. Padre Brisson fundou também uma comunidade de irmãs com
o mesmo nome, Oblatas de São Francisco de Sales.

O espírito e a fama de Francisco e a influência dos seus escritos se estenderam
rapidamente depois de sua morte. A Igreja o declarou santo formalmente em 1665 e
lhe deu o título excepcional de Doutor da Igreja em 1867 - um título outorgado só a
uns 30 santos na história da Igreja que são famosos por seus escritos. A sua festa a
Igreja celebra no dia 24 de janeiro.

Diferente de muitos santos &emdash; cujas vidas, repletos de acontecimentos maravilhosos,
parecem estar fora do alcance de cristãos comuns &emdash; a vida de Francisco de Sales não
apresenta nada de sensacional. Os seus ideais de moderação e caridade, de gentileza e
humildade, de alegria e entrega à vontade de Deus são expressos com uma sensatez
que anima os fracos e alimenta os fortes, ocasionando-lhe o reputação como o Santo
Cavalheiro.

Para comemorar o quarto centenário do seu nascimento, o Papa Paulo VI escreveu uma
Carta Apostólica, em 1967, na qual elogiou a conveniência de Francisco de Sales para
nossa época moderna. Ele escreve: "Nenhum dos Doutores da Igreja, mais do
que São Francisco de Sales preparou as deliberações e decisões do Concílio
Vaticano II com uma visão tão perspicaz e progressista. Ele oferece a sua
contribuição pelo exemplo da sua vida, pela riqueza da sua verdadeira e
sólida doutrina, pelo fato que ele abriu e reforçou as veredas da
perfeição cristã para todos os estados e condições de vida. Propomos que
essas três coisas sejam imitadas, acolhidas e seguidas."

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