10 de janeiro de 2010

CAIAMOS NO AMOR DO BAPTISMO DE JESUS




LEITURAS: Isaías 42,1-4. 6-7; Salmo 28; Actos 10,34-38



(Convidamos-te a viver uma celebração de “olhares” em volta das palavras que nos disse o Pai: “Olhai o meu Servo”. Maria aprendeu a ser discípula olhando para Jesus. A Igreja aprende a viver a sua consagração olhando para o Senhor. Os santos fizeram do olhar para Jesus a sua vocação, a sua forma de estar próximo dele: “Não vos peço mais nada senão que olheis”, dirá Santa Teresa. O baptismo é um cruzar de olhares permanente entre Jesus e nós, nós e Jesus. É um cruzar de olhares entre nós e o mundo. E neste cruzar de olhares vamos comunicando o Evangelho com a vida).

Evangelho: Mateus 3,13-17
"Então veio Jesus, da Galileia, ter com João, ao Jordão, para ser baptizado por ele. João opunha-se, dizendo: -«Eu é que tenho necsesidade de ser baptizado por Ti. E tu vens a mim?» Jesus, porém, respondeu-lhe: -«Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça.» Então João permitiu-o. Uma vez baptizado, Je­sus saiu da agua e eis que os céus se Lhe abriram e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do ceu, dizia: -«Este é o meu Filho muito amado, no Qual pus toda a minha complacência.»

Olhai para o meu Servo... para que descobrais como vos quero

Ele que sente a carícia de Deus, o amor e a ternura do Pai. Ele que se sabe amparado, preferido, ele tocado nas entranhas pelo Espírito. Ele que foi acompanhado, formado, feito em liberdade, convertido em rosto vivo de Deus.

Olhai para o meu Servo... para que vejais os pobres como próximos
Ele que viu o sofrimento próximo, conviveu com os injustamente marginalisados, com os captivos, com os que fogem da guerra. E ao ver um só pobre, e há tantos, se lhe alterou o rosto pelo assombro. Ele que foi descobrindo a sua missão: abrir os olhos aos cegos, tirar os captivos da prisão, da masmorra aos que habitam nas trevas. Ele que sempre esteve ao lado de todo o ser humano, porque todos são amados por Deus. Ele que entregou ao povo o que ele recebeu como reconhecimento, ele que passou de ser chamado preferido a chamar preferidos aos mais pequenos, levado pelo amor sem lógica de Deus.

Olhai para o meu Servo... para que realizeis a missão com gestos e palavras de paz

Que realiza a sua missão não com armas nem com violência, mas com uma suave firmeza, com uma bondade provada. Que indica a todos com clareza porque vale a pena viver. Que faz presente a sua voz, sem medo, sobre as águas torrenciais, que não podem com o amor. “Um amor que, escrito nos corações dos homens não o pode apagar nem mesmo a indignidade” (Santo Agostinho). Que não tem medo de enfrentar-se com os poderosos, porque sabe que a voz do Pai foi pronunciada sobre as águas torrenciais e sentou-se sobre o aguaceiro. Olhai para o meu Servo... para traduzirdes a predileção de filhos em ternura de irmãos
Que se põe na fila como todos, sem preferências nem privilégios. Que estreia o olhar para ver os pobres, o ouvido para ouvir os gritos, o corpo para dizer: “Aqui estou, tomai e comei”. Que dá a vida, sem deixar de manter uma comunicação permanente com o Pai, que desde o céu aberto proclama benditos a todos os que servem o homem, a todos os que passam pela vida fazendo o bem, e disse “Este é o meu Filho muito Amado, no Qual pus toda a minha complacência”.



MOMENTO DE ORAÇÃO
ORAR É DESEJAR O AMOR DE DEUS
Tens diante de ti um texto muito importante.

Para o evangelista Mateus o baptismo de Jesus é o momento maior da sua manifestação como Filho de Deus.
Fíxa-te nos nomes que aparecem e acolhe o que evocam em ti.
Galileia: aqui viveu Jesus com a sua família; daí sai e põe-se a caminho.
Jordão: nas margens do rio prega um profeta a necessidade de purificar-se.
João: profeta com quem Jesus dialoga.
Jesus: põe-se na fila, como um de tantos, para ser baptizado; sai da água, disposto a realizar um novo êxodo libertador; escuta o que o Pai quer e realiza-o entregando a vida em liberdade.
O Espírito: acompanhará Jesus em toda a sua vida para levar a cabo a nova criação.

A voz do céu (o Pai): Descobre a identidade de Jesus, a quem chama Filho, amado, predilecto. Este evangelho pode ajudar-te a pensar bem de Deus: Ele é quem elege por amor até ao ponto de descobrir que é filho(a); nele podes descobrir, para levá-la à prática, a tua dignidade de cristão(a) recebida no baptismo; nele podes ouvir o convite para pôr os olhos em Jesus, ele que salva pelo serviço e amor numa eucaristia.

Sal da tua terra, como faz Jesus. Ponte a buscar a Deus e a buscar-te a ti mesmo. O desejo é a ante-sala do encontro.
Situa-te na vida como um de tantos, como faz Jesus. Tu partilhas as luzes e sombras dos teus contemporâneos, as dores e alegrias da humanidade. A fé não te dá privilégios.

Dialoga com os que te rodeiam, como fazem João e Jesus. Fá-lo com simplicidade e humildade, tendo os outros por superiores a ti. Recorda o gesto humilde de Jesus pondo-se como um de tantos na fila. Recorda as palavras de João: “Sou eu que necessito que tu me baptizes, e tu socorres-me a mim?”
Abre as tuas mãos e o teu coração ao Espírito. Vive ao ar do Espírito. Louvo-Te, Espírito Santo, porque me descobres queem eu sou. Louvo-Te, porque me ajudas a encontrar Jesus na Palavra. Louvo-Te, Espírito acompanhante; tu recordas-me a Jesus. Louvo-Te e bendigo-Te, pelos teus dons, pela tua fortaleza. Dou-Te graças porque me convidas a entregar a vida como Jesus.
Escuta o Pai, abre-te ao seu amor, descore a predilecção que tem para contigo. O seu amor ilumina o que tu és, a Sua vontade dá sentido à tua vida. Guarda no teu coração as suas palavras, como fez Jesus ao longo da sua vida: “Tu és o meu filho(a), o meu amado(a), o meu predilecto(a)”.

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