3 de novembro de 2009

"NÃO TENHAIS MEDO"-DISSE BENTO XVI




Bento XVI: “não tenhais medo de ser santos!”

Neste domingo durante o Ângelus

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 2 de novembro de 2009 (ZENIT.org).- Oferecemos o discurso pronunciado pelo Papa neste domingo durante a oração do Ângelus, com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

Queridos irmãos e irmãs!

Este domingo coincide com a solenidade de Todos os Santos, que convida a Igreja peregrina sobre a terra a experimentar a festa sem fim da Comunidade celestial, e a reavivar a esperança na vida eterna. Transcorrem este ano 14 séculos desde que o Panteão – um dos mais antigos e célebres monumentos romanos – foi destinado ao culto cristão e dedicado a Nossa Senhora e a todos os Mártires: “Sancta Maria ad Martyres”. O templo de todas as divindades pagãs se havia assim convertido em memorial dos que, como diz o Livro do Apocalipse, “vêm da grande tribulação; lavaram suas vestes e as alvejaram com o sangue do Cordeiro” (Ap 7, 14). Posteriormente, a celebração de todos os mártires se estendeu a todos os santos, “uma multidão imensa, que ninguém poderia contar, de todas as nações, raças, povos e línguas” (Ap 7, 9) – como se expressa ainda São João. Neste Ano Sacerdotal, gostaria de recordar com especial veneração dos santos sacerdotes, tanto dos que a Igreja canonizou, propondo-os como exemplo de virtudes espirituais e pastorais, como aqueles – muito mais numerosos – que o Senhor conhece. Cada um de nós conserva a grata memória de alguns deles, que nos ajudaram a crescer na fé e sentir a bondade e a proximidade de Deus.

Amanhã, nos espera a anual Comemoração de todos os fiéis falecidos. Queria convidar a viver esta festa anual segundo o autêntico espírito cristão, ou seja, na luz que procede do Mistério pascal. Cristo morreu e ressuscitou e nos abriu passagem à casa do Pai, o Reino da vida e da paz. Quem segue Jesus nesta vida é acolhido onde Ele nos precedeu. Portanto, enquanto visitamos os cemitérios, recordemos que ali, nos túmulos, repousam só os restos mortais de nossos entes queridos à espera da ressurreição final. Suas almas – como diz a Escritura – já “estão nas mãos de Deus” (Sab 3, 1). Portanto, o modo mais próprio e eficaz de honrá-los é rezar por eles, oferecendo atos de fé, de esperança e de caridade. Em união ao Sacrifício eucarístico, podemos interceder por sua salvação eterna, e experimentar a comunhão mais profunda, à espera de nos reencontrarmos, para gozar para sempre do Amor que nos criou e redimiu.

Queridos amigos, que bela e consoladora é a comunhão dos santos! É uma realidade que infunde uma dimensão especial a toda nossa vida. Nunca estamos sozinhos! Formamos parte de uma “companhia” espiritual na qual reina uma profunda solidariedade: o bem de cada um é para benefício de todos e, vice-versa, a felicidade comum se irradia em cada um. É um mistério que, em certa medida, podemos já experimentar neste mundo, na família, na amizade, especialmente na comunidade espiritual da Igreja. Ajude-nos Maria Santíssima a caminhar rapidamente na via da santidade, e se mostre como Mãe de misericórdia para as almas dos falecidos.

[Depois do Ângelus, disse:]

Passaram-se exatamente dez anos desde que altos representantes da Federação Luterana Mundial e da Igreja Católica, a 31 de outubro de 1999, em Augsburgo, firmaram a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação. A ela se aderiu posteriormente, em 2006, também o Conselho Metodista Mundial. Este documento certificou um consenso entre luteranos e católicos sobre verdades fundamentais da doutrina da justificação, verdades que nos conduzem ao próprio coração do Evangelho e a questões essenciais de nossa vida. Por Deus somos acolhidos e redimidos; nossa existência se inscreve no horizonte da graça, é guiada por um Deus misericordioso, que perdoa nosso pecado e nos chama a uma nova vida seguindo seu Filho; vivemos da graça de Deus e estamos chamados a responder a seu dom; tudo isto nos liberta do medo e nos infunde esperança e coragem em um mundo cheio de incerteza, inquietude e sofrimento.

No dia da assinatura da Declaração Conjunta, o Servo de Deus João Paulo II a definiu como um passo no difícil caminho para voltar a compor a plena unidade entre os cristãos (Ângelus, 31 de outubro de 1999). Este aniversário é portanto uma ocasião para recordar a verdade sobre a justificação do homem, testemunhada juntos, para nos reunirmos em celebrações ecumênicas e para aprofundar ulteriormente nesta temática e nas demais que são objeto do diálogo ecumênico. Espero de coração que este importante aniversário contribua a fazer progredir no caminho para a unidade plena e visível de todos os discípulos de Cristo.

[Traduzido por Élison Santos

Sem comentários: