30 de junho de 2009

PALAVRA DE VIDA - DE CHIARA LUBICH

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Julho 2009
Terça, 30 Junho 2009 21:28

«Vendei os vossos bens e dai-os de esmola. Arranjai bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável no Céu, onde o ladrão não chega e a traça não rói» [Lc 12, 33]. (1)
Se és jovem e anseias por uma vida ideal, realizada, radical, ouve Jesus. Ninguém no mundo te pede tanto. Tens a oportunidade de demonstrar a tua fé e a tua generosidade, o teu heroísmo.Se és adulto e queres uma existência séria, empenhada, mas segura; ou, se já tens uma certa idade e desejas viver os teus últimos anos abandonado em Quem não engana, sem preocupações que te consumam, esta Palavra de Jesus é válida para todos.De facto, ela conclui uma série de exortações com que Jesus nos convida a não nos preocuparmos com aquilo que havemos de comer ou vestir, exactamente como fazem os passarinhos, que não semeiam, e os lírios do campo, que não fiam. Por isso, devemos excluir do coração toda a ansiedade pelas coisas da Terra, porque o Pai ama-nos mais do que aos passarinhos e às flores, e Ele próprio pensa em cada um de nós.Por isso nos diz: «Vendei os vossos bens e dai-os de esmola. Arranjai bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável no Céu, onde o ladrão não chega e a traça não rói».
O Evangelho, no seu conjunto e em cada uma das suas palavras, exige realmente tudo o que as pessoas são e possuem. Deus não pedia tanto, antes da vinda de Cristo. O Antigo Testamento considerava a riqueza terrena como um bem, uma bênção de Deus. E, se pedia que se desse esmola aos necessitados, era para se obter benevolência do Omnipotente.Mais tarde, o pensamento da recompensa no Além tornou-se mais comum no judaísmo. Um rei respondeu a alguém que o criticava por esbanjar os seus bens: «Os meus antepassados acumularam tesouros aqui na Terra. Eu, pelo contrário, acumulei tesouros lá no Céu». (...). Ora, a originalidade da palavra de Jesus está no facto de que Ele nos pede uma doação total, pede-nos tudo. Quer que sejamos filhos despreocupados, que não andemos atarefados com as coisas do mundo, filhos que dependam simplesmente d'Ele. Ele sabe que a riqueza é um enorme obstáculo para nós, porque ocupa o nosso coração. E Deus quer que Lhe deixemos todo o espaço para Ele.Por isso recomenda:
«Vendei os vossos bens e dai-os de esmola. Arranjai bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável no Céu, onde o ladrão não chega e a traça não rói».
Se não pudermos desfazer-nos dos bens materialmente, porque estamos ligados a outras pessoas, ou porque a posição que ocupamos nos obriga a uma situação digna e adequada, temos que nos desapegar dos bens espiritualmente e agir, em relação a eles, como simples administradores. Assim, se enquanto lidarmos com a riqueza amarmos os outros, administrando-a para eles, preparamos para nós um tesouro que a traça não rói e o ladrão não leva consigo.Mas será que devemos mesmo conservar tudo o que possuímos?Escutemos a voz de Deus dentro de nós. É bom pedir um conselho se não conseguirmos decidir. Vamos encontrar uma quantidade de coisas supérfluas no meio das coisas que temos. Não fiquemos com elas. Temos que as dar. Dar a quem não tem. Assim pomos em prática a palavra de Jesus: «Vende... e dá». Deste modo vamos encher bolsas que não envelhecem.Evidentemente que, para viver no mundo, é necessário interessar-se por dinheiro e pelas coisas. Mas Deus quer que nos ocupemos, e não que nos preocupemos. Conservemos apenas aquele mínimo que é indispensável para viver segundo o nosso estado, segundo a nossa condição. Quanto ao resto:
«Vendei os vossos bens e dai-os de esmola. Arranjai bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável no Céu, onde o ladrão não chega e a traça não rói».
Paulo VI era realmente pobre. Testemunha-o o modo como quis ser sepultado: num pobre caixão, na terra. Pouco antes de morrer, tinha dito ao seu irmão: «Já há algum tempo que fiz as malas para aquela importante viagem».É isto o que devemos fazer: fazer as malas.No tempo de Jesus chamavam-se bolsas. Façamo-las dia após dia. Enchamo-las o mais que pudermos com aquilo que pode ser útil aos outros. Havemos de ter unicamente aquilo que dermos. Se pensarmos em toda a fome que há no mundo... Quanto sofrimento... Quantas necessidades...Podemos pôr lá dentro, também, todos os actos de amor, todas as obras em favor dos irmãos.Façamos estas acções por Ele. Digamos-Lhe, no nosso coração: para Ti. E executemo-las bem, com perfeição. Destinam-se ao Céu: permanecerão eternamente.
Chiara Lubich
1) Palavra de Vida, Março de 1979, publicada integralmente em Essere la Tua Parola. Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo, vol. I, Città Nuova, Roma 1980, pp. 189-191.

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