8 de junho de 2009

AS BEM- AVENTURANÇAS




AS BEM-AVENTURANÇAS REFLEXÃO


“Bem-aventurados os pobres... bem-aventurados os mansos... bem-aventurados os que sofrem... bem-aventurados os pacíficos... bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça...” Assim o Mestre de Nazaré foi desenvolvendo sua magistral lição.


Se algum dia, nós homens ,nos decidíssemos a aceitar seriamente esses ensinamentos do Sermão da Montanha, a terra se converteria num lugar de felicidade e paz. Nunca os poetas nem os filósofos ou sociólogos traçaram um plano de acção como esse; nunca ouviram afirmações tão estranhas, porém tão consoladoras, e jamais se traçou um programa de acção e vida como este programa do Evangelho. Nele os homens aprenderam que na vida existem certos valores que estão acima do valor do dinheiro; que há certas coisas que não são materiais e que podem encher o coração humano. Nele os homens se convenceram de que devem se preocupar uns com os outros.. Então vamos aproveitar essa magistral aula de convivência humana e, vamos analisá-la cada uma de per si:


BEM-AVENTURANÇAS – 01 “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o reino dos céus” (MT 5,3) É a primeira bem-aventurança que Cristo proclamou no sermão da montanha. Pobre de espírito é o simples, humilde, o que não é orgulhoso, aquele que está convencido de que depende dos demais, de que sozinho não pode enfrentar a vida, que necessita dos outros. Por isso é pobre, porque não tem em si aquilo que necessita, mas espera recebê-lo dos demais. O orgulhoso pensa que ele, e somente ele, se satisfaz; se basta e se sobra; por isso é rico: é independente. Mas o Reino dos Céus só é prometido ao pobre de espírito, ao que tem alma de pobre ou é pobre de espírito. O orgulhoso conquistará os homens; o humilde conquista a Deus. O orgulhoso será dono da terra e de suas riquezas, ao passo que o humilde tem como herança o céu e seus bens. O que prefere?



BEM-AVENTURAnÇAS– 02 “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra”. (MT 5,5) É a segunda bem-aventurança que Cristo nos prometeu. Manso é aquele que mantém a calma no meio das tribulações, aquele que sabe dominar-se a si mesmo, porém mantendo em seu interior a serenidade. A mansidão e a paciência, a resignação, porém não uma resignação onerosa, angustiante, e sim uma resignação calma, sabendo que Deus saca coisas benéficas dos próprios males; das próprias lágrimas faz brotar os sorrisos. O que é paciente (calmo) contagia a paciência e a calma. Ao seu redor, os que com ele convivem ou dele se aproximam, participam de sua tranqüilidade; ganha-os e melhora-os. Com a paciência tudo se alcança – diz um ditado. Com a paciência tudo se vê a partir de um ângulo diferente e em tudo se descobre novo valor. Ocasionalmente, torna-se duro ter paciência; mas é a única posição lógica do homem e do cristão: do homem, porque não pode rebelar-se contra o que não está ao seu alcance modificar; do cristão, porque deve aceitar a vontade de Deus.


BEM-AVENTURANÇAS – 03 “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”. (MT 1,4) Bem-aventurança difícil de compreender, mas que encerra todo um segredo de verdadeira felicidade. Os aflitos, os que choram, os que se sentem deprimidos e angustiados; todos os homens devem provar esses momentos amargos em determinadas circunstâncias de sua vida; a dor física ou a dor moral agarram-se a nós, torturam cruelmente nossas carnes ou tormentam barbaramente nosso espírito: mordem, rasgam, dilaceram. A enfermidade, o mal estar, o acidente que corta ou inutiliza uma vida ou a deixa; o mesmo que a incompreensão dos nossos mais próximos, o esquecimento de nossos entes queridos; as relações tensas, os tratamentos ásperos e rudes... enfim, todo um mundo de dor, de amargura; felizes os que sofrem, porque eles serão consolados com a consolação de Deus. Quando tudo se torna ineficaz, quando nada na terra pode constituir um lenitivo, é então que Deus aparece no espírito do homem e o acalma e o consola e chega a torná-lo feliz.


BEM- AVENTURANÇAS– 04 “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados”. (MT 5,6) A fome e a sede corporal torturam; mas a fome e sede de justiça não são oprimentes. Todos aqueles que desejam vivamente que no mundo se instaure a justiça, são sabedores que essa é a vontade de Deus; todos os que, de uma ou de outra forma, se debatem pela justiça, para que no mundo haja mais justiça, sobretudo com aqueles que se acham mais desamparados, com aqueles que não têm meios nem influência para exigir que lhes seja feita justiça; os que defendem a justiça pelos pobres, pelos oprimidos, pelos perseguidos, pelos despojados de seus legítimos direitos... todos esses têm fome e sede de justiça, e todos esses serão saciados. No mundo de nossos dias, custa-nos acreditar que chegará um tempo em que se fará justiça verdadeira. Porém, sem dúvida alguma, há de chegar o momento em que Deus colocará as coisas no seu devido lugar e recompensará cada qual de acordo com seu merecimento.


BEM-AVENTURANÇAS – 05 “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão a misericórdia”. (MT 5,7) A misericórdia é fruto de um coração terno e compassivo, que sabe sofrer com os que sofrem, chorar com os que choram e, afligir-se com os que têm algum sofrimento, algum pesar. Ser misericordioso é consolar, é despejar um pouco de doçura no coração amargurado, derramar um pouquinho de bálsamo no ânimo abatido e comunicar-lhe novas forças, para ir trilhando, subindo o caminho do dever. Ser misericordioso é consolar o que está triste, acompanhar o que se acha em solidão, deixar que o próximo despeje em nós suas preocupações, que desafogue suas aflições e opressões. Os misericordiosos alcançarão, também eles, misericórdia; encontrarão corações que os compreendam; quando lhes chegar a hora da dor, encontrarão quem lhes amenize a dor, quem compartilhe sua amargura; e, como eles souberam aliviar o sofrimento dos outros, os outros aliviarão o sofrimento deles.


BEM-AVENTURANÇAS – 06 “Bem-aventurados os corações puros, porque verão a Deus”. (MT 5,8) É difícil poder afirmar de verdade que temos o coração puro, recto, pois nele sempre se aninha instintos humilhantes e perversas inclinações. Criticamos os outros com tamanha naturalidade! Achamos tão natural pensar mal deles! Depreciar, fazer pouco de suas ações! Suspeitar de suas intenções! Existe em nosso coração uma carga de soberba e de agressividade que com freqüência se manifesta em nosso modo de proceder e no trato com os demais. Em compensação, os que possuem o coração reto, os que são simples de coração, os que não têm malícia nem a supõe nos demais, os que têm coração limpo e que com limpeza vêem todas as coisas, esses são os que verão a Deus. Se você não vê a Deus com mais frequência, não será porque não tem seu coração suficientemente limpo? Porque o coração sujo é aquele que suja a vista da alma, e com essa vista suja é impossível chegar a ver a divindade.


BEM-AVENTURANÇAS – 07 “Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus”. (MT 5,9) Acontece que não basta ser pacífico; é preciso trabalhar pela implantação da paz entre os homens, no mundo inteiro. Trabalhar pela paz, é estabelecer aquelas condições de vida que tornem cada homem feliz, seguro de si mesmo e do seu porvir; trabalhar pela paz é tornar suaves os relacionamentos humanos, solucionar problemas, fazer que todos nos entendam e entender-se com todos; criar ao nosso redor um clima de compreensão; dar a cada um o que lhe pertence, respeitando o direito de todos. Os que trabalham pela paz entre os homens serão chamados filhos de Deus, porque Deus é o Deus da paz e não o deus da guerra; o Deus do amor e não o deus do ódio. Ser chamado filho de Deus é participar da própria natureza divina; é chegar a ser santo de verdade, a elevar-se sobre a própria natureza humana. Realmente, vale a pena ser filho de Deus, e a isso poderemos chegar, segundo promessa da bem-aventurança, trabalhando pela paz.


BEM-AVENTURANÇAS – 08 “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. (MT 5,10) Não é a mesma coisa “ser perseguido pela justiça” e “ser perseguido por causa da justiça”. Diariamente se nos apresentam centenas e milhares de ocasiões de praticar a justiça: sempre que cumprimos com um dever para com os outros, estamos praticando um acto de justiça, reconhecendo seu direito e respeitando-o; sempre que formos fiéis à nossa consciência, estamos sendo justos e praticando a justiça, pois não há maior mal que possamos fazer aos demais do que ser infiéis aos nossos compromissos ou nossas obrigações. Respeitemos as leis, respeitemos os regulamentos, respeitemos os costumes sadios; tudo isso redundará em bem comum, embora à primeira vista possa parecer que a gente pode sofrer alguma conseqüência de nossa fidelidade ao dever.


BEM-AVENTURANÇAS – 09 “Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo mal contra vós por causa de mim” (MT 5,11-12) Por causa de mim, por minha causa, isto é, por causa de Deus, pela causa do bem, da justiça, do dever. Porque então o insulto é uma honra, visto que é reconhecer que somos fiéis à verdade, à bondade, ao dever; e não pode haver maior honra do que essa fidelidade. Por causa de Deus, porquanto nesta hipótese o insulto, a perseguição e a calúnia não param em nós, mas chegam ao coração do próprio Deus, pois é Ele que nos compensará pelo insulto, pela calúnia e pela perseguição... será o próprio Deus. E quando Deus compensa, decerto sabe agir muito bem e quer compensar maravilhosamente. É preferível aborrecer os homens do que aborrecer a Deus. É preciso antes obedecer a Deus que os homens.

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