19 de novembro de 2008

AMA E FAZ O QUE QUISERES


A célebre ideia agostiniana fica bem exposta no seguinte comentário de Santo Agostinho à primeira carta de S. João:" A diferença de intenção estabelece a diferença dos actos. Perante o mesmo acto, se o medirmos pela diversidade das intenções, devemos amá-lo ou condená-lo, ou glorificá-lo ou maldizê-lo. Tal é o poder do Amor. Repara que unicamente ele estabelece a diferença,que unicamente ele verifica o discernimento nas acções humanas. Acabamos de falar de actos semelhantes.

Quando se trata de actos diferentes, vemos que um homem pode mostrar-se rigoroso por amor e lisonjear a maldade. O pai bate no filho, o mercador de escravos adula o seu escravo. Podendo escolher entre os golpes e as adulações, quem não escolherá as adulações e fugirá dos golpes?

Se olhares para as pessoas, é o amor o que magoa, e a maldade a que adula. Repara no que insisto: só partindo da raíz do amor é possível estabelecer a diferença entre os actos dos homens. Muitas coisas podem ter a aparência de bem, e não provêm da raiz do amor. Também os espinhos têm flores. Certos actos podem parecer duros, brutais, mas estão suscitados pelo amor no seu desejo de educar. Eis aqui, pois, o curto preceito que te dou de uma vez por todas: Ama e faz o que quiseres.

Se te calares, cala-te por amor; se falares, fala por amor; se corrigires, corrige por amor; se perdoares, perdôa por amor.

Tudo tem no fundo do coração a raiz do amor; desta raiz não pode nascer mais que o bem"


de Santo Agostinho


Um coração puro sofre com as condições de amor que o cercam.Com quem falamos? Quem nos fala? Mas o que importa é a intenção que há no nosso interior.O que sofremos seja oferta da pobreza global a Quem por misericórdia vai dando a sua benção a cada acto que se insurge no decorrer do nosso dia a dia.
É uma cruz que faz sofrer muito mas é também uma via de purificação muito enriquecedora.
Fazer o que queremos é o mesmo que morrermos para nós mesmo, sendo tudo por amor.
De Ao sabor das ondas

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