A falta de preparação dos pais para educar os filhos pode ter terríveis consequências negativas.
É testemunho a carta deste rapaz;
Meu pai
Talvez nem saiba mas já estou com 29 anos. talvez nem sequer saiba que existo. Foi há 15 anos quando saí de casa. Não saí. Fugi. Lembra-se? Fugi para procurar no mundo o afecto que não tinha em casa.
Você era mais ou menos rico, mas queria ficar mais rico e só pensava nos negócios.Nunca lhe sobrava tempo para conversar com a minha mãe e com os meus irmãos. Se reclamávamos, dizia que não tinha tempo.
Um dia minha irmã, que estava com 12 anos, veio da escola a chorar porque tinha tido um problema. O pai zangou-se porque o choro dela o incomodava, acabando por dar-llhe uma bofetada. Noutra ocasião soube que eu tinha reprovado em matemática e a solução foi tratar-me dum modo desumano.
As coisas eram assim em minha casa e por isso fugi.
A princípio passei fome e meti-me com malfeitores.
Mas encontrei um amigo que me disse umas coisas sérias e levou-me a arranjar trabalho.
Comecei novamente a estudar. Hoje sou economista e trabalho para uma firma ganhando um bom ordenado.
Quero também comunicar-lhe que casei com uma óptima mulher e já temos um filho de três anos. Ele pergunta muitas vezes pelos avós, mas lembrar de como era, falo pouco com ele neste campo.
Soube hoje, por uma pessoa que o conhece, que o pai está doente e que os negócios não correm bem. A minha primeira reacção foi pensar que perdeu o amor dos filhos por causa dos negócios e agora, nem uma coisa nem outra.
Penso também que um filho é sempre um filho, e que apesar de tudo, gosto do pai. Perante isto, na próxima semana vou visitá-lo. Sei que eu também tenho culpa e que não devia ter fugido. Hoje sei que se o pai assim procedeu, foi porque nunca encontrou um amigo como eu, e sinto-me culpado pelo meu afastamento. Peço-lhe perdão.
Creio que ainda vamos ser bons amigos. Dê-me a sua benção, Pai.
O seu filho, Ricardo.
22 de abril de 2008
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