17 de abril de 2008

PERSPECTIVA DE UM NOVO ANO EM IGREJA

Não pode ficar em banho-maria o apelo feito por Bento XVI aos bispos portugueses, nem se pode pensar que já se disse tudo quanto havia a dizer.
Mais do que dizer as coisas em muitos tons, parece que o importante é dar respostas de vida a apelos concretos, então feitos ou sugeridos.
Sei que isso mesmo está no espírito dos mais responsáveis. Se atentos, também de há muito se aperceberam que a bola de neve roda e não vai parar mais. Os leigos sentiram-se animados a prosseguir.Chegou até eles, de novo, a palavra conciliar, por muito já esquecida, que os repõe no lugar próprio, com um estatuto de direito. que não de favor.
E há que insistir no sentido da sua vocação de cristãos no mundo, para respeitar a sua autonomia, os apoiar nas tarefas mais urgentes da sociedade,que recaem diariamente sobre os seus ombros, os alertar para que tomem consciência de que o seu primeiro e primordial espaço de apostolado não é o templo, mas a vida familiar, profissional e social. Aí têm de estar e organizados.
(...)A Igreja não é varandim cómodo para olhar e julgar os que andam na rua. Ela própria tem de andar na rua, não na cruz alçada ou em cortejo de honras, mas para sentir, como próprias, as alegrias e as dores de todos, as injustiças, como desafios, a mensagem, como acicate, os problemas que impedem as pessoas de viver com dignidade,como seus problemas, o compromisso dos que aí lutam, como a sua frente de luta permanente.
..............................Cada bispo, na sua diocese tem, neste campo, responsabilidades pessoais próprias. Mas o testemunho de uma acção para que uma Igreja seja sinal de compromisso evangélico, frente a problemas importantes que, se deparam com as pessoas da Igreja divididas, serão, em muitos casos, problemas que se multiplicam,
Na Igreja não há honra que não seja serviço e, se algumas ainda há que o não são, estão a mais, e desvirtuam a vida e acção da Igreja, tal como Cristo quis e no-las deixou.
Ao longo do tempo isso foi acontecendo e, hoje não falta quem pense que, sem ornatos exteriores perfeitamente dispensáveis, a Igreja tem menos brilho.
Um ano de renovação pastoral, de linha e cariz conciliar, de intenso esforço na construção de caminhos de comunhão, é necessariamente um ano de purificação e de procura do essencial. Há que acabar, de vez, com acções inconsequentes e com o supérfluo incómodo, sempre perturbador pela escala de valores que introduz e que nada têm de evangélico.
A evangelização, a iniciação cristã, vêm dizer que só Cristo é importante, as pessoas são-no, porque delas Cristo fez o seu caminho necessário. E lhes deu a importância máxima. Precisará a Igreja de mais para se renovar e ser fiel à verdade em que acredita?

" UM ANO DE RENOVAÇÃO PASTORAL, DE LINHA E CARZ CONCILIAR, DE INTENSO ESFORÇO NA CONSTRUÇÃO DE CAMINHOS DE COMUNHÃO, É NECESSARIAMENTE UM ANO DE PURIFICAÇÃO E DE PROCURA DE ESSENCIAL"


Texto de D.António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro

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