18 de abril de 2008
DIÁRIO DO NASCITURO
Nasci hoje. Sou uma semente muito pequenina...mas crescente
que minha mãe ainda não conhece porque não me se sente.
Ainda que sem forma sou um SER, pessoal e, em nada igual
a qualquer outra flor do jardim.
...Mas num existir afim, porque todas filhas do Amor,
tenho Deus por seu Autor.
Catorze dias passaram. Cresci um pouco mais.
A mãe tenta se me sente.O seu sexto sentido me pressente.
Estou sob o seu coração.O seu sangue me sustenta. O seu calor me acalenta.
Dezoito dias de gestação...tenho boca que aflora e quer gritar que sou Vida,
continuar, tempo fora, um SER humano que sou...
desde o primo instante concebida.
Já passaram vinte e dois dias.Um coração bate sozinho sem vontade de parar.
Tem desejos de trabalhar... até morrer de morte natural.
Entre carinhos e alegrias, passaram-se quatro semaninhas.
Estou agora maiorzinho, peso mais um pouquinho.
Esboçam-se as perninhas, em cada lado um bracinho.
Na trigésima oitava aurora, as mãozinhas mostram agora...
seus pequenos dedinhos, ternos e maravilhosos.
Com eles irei acariciar a mãe, o pai, o cãozinho,
jogarei à bola até cansar, tocarei sinfonias e pintarei quadros famosos.
Quarenta e dois dias passados entre anseios angustiados...
O médico anuncia à minha mãe que estou feliz, bem acomodado,
calmo, sem medo de ninguém e também mexidinho.
Mais uns seis ou sete dias,dar-lhe-ei a surpresa de poder escolher
o apelido da sua maior riqueza, cada vez mais crescido.
Os dias vão passando, todo o corpo se vai formando e, pelos três mesinhos
já posso ver um pouquinho. Mais uns tempos , verei
as flores, o sol, o mar; com os ouvidos escutarei o bater dum coração terno,
em júbilos de Amor materno, que me vai deixar nascer.
AI! AI!
Que está a acontecer? Afinal minha mãe não me quer.
Vou acabar por morrer, sem ao menos poder vê-la!
Ó mãe! Estava tão feliz na tua companhia!
Nascituro completo, de ensejos repleto,
julgava que de ti saía em paz, como merecia.
Julgava-te maravilhosa e saíste criminosa...
Não te pertencia, desde a minha concepção.
Havia nascido por vontade de Deus,
amada por Ele desde toda a eternidade.
Agora só imploro o arrependimento, para que sejas perdoada.
E se em qualquer contratempo, tornares a engravidar, não voltes a abortar.
Deixa a criança nascer,viver os momento que puder
pelos tempos que Deus quiser.
Adeus mãe!
de Maria do Rosário Guerra e Graça
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