Rouxinol, sem asas não pode voar.
Quem lhas cortou?
Quem lhas despiu?
E ele morreu? Certamente, que não.
Que lhe sucedeu?
Nunca mais se ouviu!...
A tristeza , seu canto evaporou
porque o destruir das asas ,
a Alegria sumiu.
Sem vôo, a busca atrofiou.
Seu dinamismo escapuliu
e na folhagem se refugiou.
Ai, rouxinol! Rouxinol!
A fonte do teu canto
goteja lágrimas de sangue...
porque desfalecido,
na solidão esquecido.
Permanece orante ainda que exangue.
Esquece os silvos esvaídos
e perpectuados ,
no lento subir alado
sob o Sol doirado.
A morte, não foi o caso.
Teu canto calado...
até então destemido,
dentre o arvoredo,
tornou-se soturno e quedo....
Mas deixaste a bela semente...
cantando suavemente.
noutra sinfonia então pendente
no reconstruir,
no esvoaçar,
Mas num mesmo advir .
As asas, ainda maviosas,
tornam a embutir
as notas silenciosas
das tardias horas
e matinas auroras
de cada viver.
Rouxinol sem asas, volta a voar...
no reencontro do teu trinar
A oração ouve-se a ecoar...
...num sentimento a renascer...
e só ao Amor pertencer.
de Maria do Rosário Guerra e Graça
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