de Tibieza – IPublicado em 21/06/2011
Todos são chamados à felicidade.
No mundo em que vivemos, ser feliz, ter alegria, sentir paz, são realidades que parecem ser raras.
Dar alegria aos outros será freqüentemente a maior manifestação da caridade, o tesouro mais valioso que damos aos que nos rodeiam.
Os primeiros Cristãos mesmo sofrendo as piores atrocidades permaneciam alegres.
“Todo o que quiser progredir na vida espiritual precisa necessariamente de ter alegria”. S. Tomas.
A tristeza nos deixa sem forças. O Livro dos Provérbios diz que a tristeza seca os ossos (Pv 17,22), deixa sem vida e, portanto, sem forças. Pelo contrário, a alegria de Deus é a nossa fortaleza (Ne 8,10).
A causa especial da tristeza, juntamente com o pecado, é essa crise das virtudes teologais chamada tibieza. Se o Cristão cai na tibieza perde a alegria. A vida interior fica reduzida ao fazer coisas, não a amar Alguém.
A essência da tibieza é: a falta de devoção, de devotio, que poderíamos traduzir por amor de doação, disponibilidade e entrega. Essa falta de entrega, essa má vontade explica tudo: a tibieza é esse desprezo prático da oração e do sacrifício, esse não pensar senão em si e na sua comodidade, essa falta de finura nas relações com Deus, essa pouca delicadeza, esse modo tosco e preguiçoso, essa má vontade nas coisas que se referem ao Senhor, esse amor próprio que nos leva a atuar por motivos puramente humanos. Pelo contrário, a Santidade do cristão está no amor e na devotio, isto é, na fé amorosa, no amor crente.
A tibieza é uma grave doença do amor que se pode dar em qualquer idade da vida interior.
Uma alma tíbia é uma alma cansada, na luta para ser melhor.
S. Tomas define a tibieza como uma certa tristeza, pela qual o homem se torna lento para realizar atos espirituais, em virtude do esforço que comportam.
Essa falta de prontidão no amor, essa preguiça, surge quando a alma quer se aproximar de Deus com regateios, com pouco esforço, sem renunciar, sem pormenores, tentando fazer compatível a vida interior com coisas que não são do agrado de Deus. Cede-se facilmente aos pecados veniais, e as relações com o Senhor mantêm-se na mediocridade, sem se procurar positivamente uma entrega crescente; cede-se ao comodismo, à falta de vibração que incita a procurar o mais fácil (lei do menor esforço), o mais agradável, o caminho aparentemente mais curto, mesmo á custa de ceder na fidelidade a Deus.
A tibieza nasce de um descuido prolongado na vida interior. Não há profundidade na relação com Deus; Acostuma-se com os pecados veniais, e contra esses não se luta mais.
Os atos de piedade se tornam algo incômodo, uma obrigação a ser cumprida.
Talvez se continue a falar de Deus, mas já não se fala com Ele.
Foge-se, na medida do possível, da intimidade com Deus. Procura-se estar o menos possível com Ele,
Deus já não atrai o tíbio, e abandona-se pouco-a-pouco o convívio com Ele.
Na alma do tíbio, por falta do exame, e conseqüentemente, por falta de luta e de contrição, todo o tipo de plantas daninhas pode lançar as suas raízes, crescer e desenvolver-se.
A tibieza traz consigo um envelhecimento interior. O tíbio é um velho prematuro.
Um outro aspecto que envolve a alma tíbia é o apego ao que é passageiro. Por causa do vazio interior que a tibieza produz na alma, logo esta começa a se apegar a pequenas coisas. Se troca um grande Amor por pequenas compensações que não saciam.
“Quem se alimenta de migalhas anda sempre com fome”. O tíbio está sempre insatisfeito.
O tíbio foi desalojando pouco a pouco Deus do seu coração; foi cortando os laços delicados da entrega e ficou só. Daí a necessidade de fugir de si mesmo, fazer coisas, sentir-se útil.
O tíbio faz coisas para seu beneficio próprio, mas não para sua vida interior. Os assuntos em que costuma estar metido não o santificam.
O caminho da tibieza começa nas pequenas coisas, que não damos valor.
“Os tíbios não abraçam a cruz, levam-na a arrastar” (Santa Tereza).
A tibieza é com freqüência a causa da ineficácia apostólica.
Em muitos lugares o cristão normal é o tíbio e o medíocre.
Para os primeiros cristãos o normal era a heroicidade de cada dia, e, quando se apresentava, o martírio. Para eles tinha muito mais valor a fé do que a vida.
A alma tíbia é como a figueira amaldiçoada. (Mt 4,18s)
A tibieza, em uma palavra, é uma febre lenta, que apenas se nota, mas que traz irremediavelmente a morte. A repetição de faltas (pecados) leves, dos quais não se faz caso, arrastam a alma pouco a pouco ao estado de tibieza. Deste estado fala o Senhor, pela boca de São João, ao Bispo de Sardes: “Tenho conhecimento de tuas obras e de que não és nem frio nem quente” (Ap 3,15).
O cristão tíbio não ousa voltar às costas por completo a Deus, mas também não se incomoda com os pecados veniais, caindo em mil faltas todos os dias, como impaciências, mentiras, murmurações, gulodices, imprecações, apatias, curiosidades, vaidades, apego as honras, boa fama e vontade própria. Não dá importância a essas imperfeições e não pensa em se corrigir delas: “Oh! Antes estivesses frio ou quente, mas porque estás morno, vomitar-te-ei da minha boca”, conclui o Senhor. Oh! Antes estivesses frio, isto é, em pecado mortal, privado de minha graça, porque sentirias melhor a necessidade de auxílio; mas porque permanece na tibieza, morno, estás em maior perigo de condenação, aproximando-te cada vez mais, sem te aperceberes, da queda no pecado mortal, da qual dificilmente te erguerás.
Como, porém, começa Deus a vomitar uma alma? Deixando de outorgar-lhe, como antes, aquelas luzes vivas da fé, aquelas consolações espirituais, aqueles santos desejos, aqueles convites amorosos, aquele gosto sobrenatural que a tornava fervorosa e generosa; com isso começa a deixar a meditação, a comunhão, a adoração ao SS. Sacramento, o Rosário, as súplicas, ou então continua a praticar esses exercícios, mas com grande contrariedade, desgosto e distração, só para ver-se livre da obrigação, sem devoção nem fervor. Um dos primeiros sinais é que o cristão já não fala mais de Deus. Fala-se de tudo menos de Deus.
A alma tíbia não pensa em emendar-se de suas faltas; torna-se tão insensível aos remorsos que se precipita no abismo sem o pressentir.
Na próxima semana veremos as filhas da tibieza.
(Fonte: A Tibieza – F. Fernández Carvajal; Escola da perfeição Cristã – Sto. Afonso)
Ir. Kephas Filho das Santas Chagas, pjc.
Fraternidade “O Caminho
Todos são chamados à felicidade.
No mundo em que vivemos, ser feliz, ter alegria, sentir paz, são realidades que parecem ser raras.
Dar alegria aos outros será freqüentemente a maior manifestação da caridade, o tesouro mais valioso que damos aos que nos rodeiam.
Os primeiros Cristãos mesmo sofrendo as piores atrocidades permaneciam alegres.
“Todo o que quiser progredir na vida espiritual precisa necessariamente de ter alegria”. S. Tomas.
A tristeza nos deixa sem forças. O Livro dos Provérbios diz que a tristeza seca os ossos (Pv 17,22), deixa sem vida e, portanto, sem forças. Pelo contrário, a alegria de Deus é a nossa fortaleza (Ne 8,10).
A causa especial da tristeza, juntamente com o pecado, é essa crise das virtudes teologais chamada tibieza. Se o Cristão cai na tibieza perde a alegria. A vida interior fica reduzida ao fazer coisas, não a amar Alguém.
A essência da tibieza é: a falta de devoção, de devotio, que poderíamos traduzir por amor de doação, disponibilidade e entrega. Essa falta de entrega, essa má vontade explica tudo: a tibieza é esse desprezo prático da oração e do sacrifício, esse não pensar senão em si e na sua comodidade, essa falta de finura nas relações com Deus, essa pouca delicadeza, esse modo tosco e preguiçoso, essa má vontade nas coisas que se referem ao Senhor, esse amor próprio que nos leva a atuar por motivos puramente humanos. Pelo contrário, a Santidade do cristão está no amor e na devotio, isto é, na fé amorosa, no amor crente.
A tibieza é uma grave doença do amor que se pode dar em qualquer idade da vida interior.
Uma alma tíbia é uma alma cansada, na luta para ser melhor.
S. Tomas define a tibieza como uma certa tristeza, pela qual o homem se torna lento para realizar atos espirituais, em virtude do esforço que comportam.
Essa falta de prontidão no amor, essa preguiça, surge quando a alma quer se aproximar de Deus com regateios, com pouco esforço, sem renunciar, sem pormenores, tentando fazer compatível a vida interior com coisas que não são do agrado de Deus. Cede-se facilmente aos pecados veniais, e as relações com o Senhor mantêm-se na mediocridade, sem se procurar positivamente uma entrega crescente; cede-se ao comodismo, à falta de vibração que incita a procurar o mais fácil (lei do menor esforço), o mais agradável, o caminho aparentemente mais curto, mesmo á custa de ceder na fidelidade a Deus.
A tibieza nasce de um descuido prolongado na vida interior. Não há profundidade na relação com Deus; Acostuma-se com os pecados veniais, e contra esses não se luta mais.
Os atos de piedade se tornam algo incômodo, uma obrigação a ser cumprida.
Talvez se continue a falar de Deus, mas já não se fala com Ele.
Foge-se, na medida do possível, da intimidade com Deus. Procura-se estar o menos possível com Ele,
Deus já não atrai o tíbio, e abandona-se pouco-a-pouco o convívio com Ele.
Na alma do tíbio, por falta do exame, e conseqüentemente, por falta de luta e de contrição, todo o tipo de plantas daninhas pode lançar as suas raízes, crescer e desenvolver-se.
A tibieza traz consigo um envelhecimento interior. O tíbio é um velho prematuro.
Um outro aspecto que envolve a alma tíbia é o apego ao que é passageiro. Por causa do vazio interior que a tibieza produz na alma, logo esta começa a se apegar a pequenas coisas. Se troca um grande Amor por pequenas compensações que não saciam.
“Quem se alimenta de migalhas anda sempre com fome”. O tíbio está sempre insatisfeito.
O tíbio foi desalojando pouco a pouco Deus do seu coração; foi cortando os laços delicados da entrega e ficou só. Daí a necessidade de fugir de si mesmo, fazer coisas, sentir-se útil.
O tíbio faz coisas para seu beneficio próprio, mas não para sua vida interior. Os assuntos em que costuma estar metido não o santificam.
O caminho da tibieza começa nas pequenas coisas, que não damos valor.
“Os tíbios não abraçam a cruz, levam-na a arrastar” (Santa Tereza).
A tibieza é com freqüência a causa da ineficácia apostólica.
Em muitos lugares o cristão normal é o tíbio e o medíocre.
Para os primeiros cristãos o normal era a heroicidade de cada dia, e, quando se apresentava, o martírio. Para eles tinha muito mais valor a fé do que a vida.
A alma tíbia é como a figueira amaldiçoada. (Mt 4,18s)
A tibieza, em uma palavra, é uma febre lenta, que apenas se nota, mas que traz irremediavelmente a morte. A repetição de faltas (pecados) leves, dos quais não se faz caso, arrastam a alma pouco a pouco ao estado de tibieza. Deste estado fala o Senhor, pela boca de São João, ao Bispo de Sardes: “Tenho conhecimento de tuas obras e de que não és nem frio nem quente” (Ap 3,15).
O cristão tíbio não ousa voltar às costas por completo a Deus, mas também não se incomoda com os pecados veniais, caindo em mil faltas todos os dias, como impaciências, mentiras, murmurações, gulodices, imprecações, apatias, curiosidades, vaidades, apego as honras, boa fama e vontade própria. Não dá importância a essas imperfeições e não pensa em se corrigir delas: “Oh! Antes estivesses frio ou quente, mas porque estás morno, vomitar-te-ei da minha boca”, conclui o Senhor. Oh! Antes estivesses frio, isto é, em pecado mortal, privado de minha graça, porque sentirias melhor a necessidade de auxílio; mas porque permanece na tibieza, morno, estás em maior perigo de condenação, aproximando-te cada vez mais, sem te aperceberes, da queda no pecado mortal, da qual dificilmente te erguerás.
Como, porém, começa Deus a vomitar uma alma? Deixando de outorgar-lhe, como antes, aquelas luzes vivas da fé, aquelas consolações espirituais, aqueles santos desejos, aqueles convites amorosos, aquele gosto sobrenatural que a tornava fervorosa e generosa; com isso começa a deixar a meditação, a comunhão, a adoração ao SS. Sacramento, o Rosário, as súplicas, ou então continua a praticar esses exercícios, mas com grande contrariedade, desgosto e distração, só para ver-se livre da obrigação, sem devoção nem fervor. Um dos primeiros sinais é que o cristão já não fala mais de Deus. Fala-se de tudo menos de Deus.
A alma tíbia não pensa em emendar-se de suas faltas; torna-se tão insensível aos remorsos que se precipita no abismo sem o pressentir.
Na próxima semana veremos as filhas da tibieza.
(Fonte: A Tibieza – F. Fernández Carvajal; Escola da perfeição Cristã – Sto. Afonso)
Ir. Kephas Filho das Santas Chagas, pjc.
Fraternidade “O Caminho
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