11 de junho de 2011

FOGO DE PENTECOSTES

FOGO DE PENTECOSTES



Quem és tu, Luz que me inundas
E clareias o meu coração?
Tu me guias,
Qual mão carinhosa de mãe,
Se de Ti me desprendo,
Não saberia caminhar
Nem mais um passo.
Tu és o espaço,
Que cerca meu ser
E em si me acolhe.
Saindo de Ti,
Mergulho no abismo do nada,
De onde tu me tiraste.
Tu estás mais próximo a mim
Do que eu a mim mesmo,
E mais íntimo
Do que meu interior –
No entanto, continuas intocável
E incompreensível,
Arrebatando o que existe:
Santo Espírito – Eterno Amor.

Não és tu o maná,
Que passa do coração do Filho
Ao meu,
Comida dos anjos e dos santos?
Ele, que da morte
Para a vida se levantou,
Também a mim ressuscitou para a vida.

Arrancou-me do sono da morte,
E nova vida Ele me dá
De dia para dia.
Um dia sua plenitude
Inundar-me-á totalmente,
Vida de tua vida –
Sim, tu mesmo:
Santo Espírito – Eterna Vida.

És tu o raio
Que estala
Do trono do Juiz
E irrompe na noite da alma,
Que nunca se reconhece e si mesma.
Misericordioso – inexorável,
Penetra-lhe os abismos sombrios,
E ela, assustada com a visão de si mesma,
Cede-lhe confiante o lugar –
Santo temor,
Início daquela sabedoria,
Que vem das alturas
E nas alturas nos ancora fortemente - ,
Tua realidade nos cria de novo:
Santo espírito – Raio Penetrante.

És tu a canção do amor
E santo temor,
Que ecoa eternamente
Ao redor do trono de Deus,
Que une em si
O puro som de todas as criaturas?
A sintonia
Que une os membros com a cabeça,
Nela cada um
Encontra feliz
O sentido misterioso de seu ser
E flutua em júbilo,
Em tuas torrentes:
Santo Espírito - Eterno Júbilo.

És tu a plenitude,
A força do Espírito,
Pela qual o Cordeiro rompe os selos
do livro da vida
Por um eterno decreto de Deus.
Impelidos por Ti,
Os mensageiros do juízo
Galopam pelo mundo
E separam com espada afiada
O Reino do meio das trevas.
Então, tornar-se-ão novos
O céu e a terra,
E tudo aparecerá no devido lugar
Pelo teu sopro:
Santo Espírito – Força Vencedora.

(Pentecostes de 1942, últimos meses da vida de Edith Stein)

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