Fevereiro de 2011
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«Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus, esses é que são filhos de Deus.» (Rm 8,14)[1]
Esta frase está no centro do hino que são Paulo canta à beleza da vida cristã, à sua novidade e liberdade, que provêm do batismo e da fé em Jesus, que nos inserem plenamente nele e, por ele, no dinamismo da vida trinitária. Tornando-nos uma única pessoa com Cristo, compartilhamos com ele o Espírito e todos os seus frutos; o primeiro entre todos é a filiação divina.
Paulo fala de “adoção”[2], mas somente para distingui-la da posição de filho natural, que cabe somente ao Filho único de Deus.
A nossa relação com o Pai não é puramente jurídica, como seria no caso de adoção, mas é algo de substancial, que muda a nossa própria natureza, como se fosse um novo nascimento. Porque toda a nossa vida passa a ser animada por um princípio novo, um espírito novo que é o próprio Espírito de Deus.
E, com Paulo, vem o desejo de elevar um canto sem fim ao milagre de morte e ressurreição que a graça do batismo realiza em nós.
«Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus, esses é que são filhos de Deus.»
Esta frase nos revela algo que diz respeito à nossa vida de cristãos, na qual o Espírito de Jesus introduz um dinamismo, uma tensão que Paulo resume na contraposição entre carne e espírito, sendo que ele entende por carne o homem inteiro (corpo e alma) com toda a fragilidade própria de sua constituição e com o seu egoísmo, continuamente em luta com a lei do amor, ou melhor, com o próprio Amor que foi derramado em nossos corações[3].
De fato, aqueles que são guiados pelo Espírito devem enfrentar todos os dias o “bom combate da fé”[4] para conseguir dominar todas as inclinações ao mal e viver de acordo com a fé professada no batismo.
Mas como?
Sabemos que é necessário corresponder, para que o Espírito Santo possa agir. E são Paulo, ao escrever esta frase, pensava sobretudo naquele dever dos discípulos de Cristo que é justamente o de renegar-se a si mesmo, de lutar contra o egoísmo nas suas mais variadas formas.
Mas, é esta morte a nós mesmos que produz a vida, e por isso cada corte, cada poda, cada não ao nosso “eu” egoísta é fonte de nova luz, de paz, de alegria, de amor, de liberdade interior: é porta aberta ao Espírito.
Se deixarmos mais livre o Espírito Santo, que habita nos nossos corações, ele poderá nos conceder com mais abundância seus dons e poderá nos guiar no caminho da vida.
«Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus, esses é que são filhos de Deus.»
Como viveremos, então, esta Palavra de Vida?
Antes de mais nada, devemos nos tornar cada vez mais conscientes da presença do Espírito Santo em nós. Carregamos no nosso íntimo um imenso tesouro, mas não nos damos conta disso suficientemente. Possuímos uma riqueza extraordinária; mas geralmente ela fica sem ser utilizada.
E ainda, para que possamos ouvir e seguir a sua voz, devemos dizer não a tudo o que é contrário à vontade de Deus e dizer sim a tudo aquilo que é sua vontade: não às tentações, cortando sem hesitar as sugestões que elas trazem; sim aos deveres que Deus nos confiou; sim ao amor para com todos os próximos; sim às provações e dificuldades que encontramos…
Se agirmos assim, o Espírito Santo nos guiará, dando à nossa vida cristã aquele sabor, aquele vigor, aquela força de atração, aquela luminosidade que não pode deixar de ter se essa vida for autêntica.
Então também quem está ao nosso lado vai perceber que não somos somente filhos de nossa família humana, mas filhos de Deus.
Chiara Lubich
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