6 de setembro de 2010

FRANCISCO E CLARA

Certa feita houve murmurações sobre a relação mística de Francisco e Clara. Francisco ouviu alusões inconvenientes. Disse então a Clara:
-Compreendeste, irmã, o que o povo diz de nós?
Clara não respondeu. Sentiu que o seu coração estava parando e que se dissesse mais uma palavra, iria chorar.
-É tempo de nos separarmos, disse Francisco. Tu vais à frente e antes de vir a noite terás chegado ao convento. Eu irei sozinho e te acompanharei de longe conforme o Senhor me conduzir..
Clara ajoelhou-se no meio do caminho. Pouco tempo depois recuperou-se, levantou-se e continuou a caminhar, sem olhar para trás. O caminho passava por um bosque.
De repente ela se sentiu sem forças, sem consolo e sem esperança, sem uma palavra de despedida, para se separar de Francisco. Esperou um pouco.,ele chegou e perguntou:
- Pai, disse, quando nos veremos novamente?
- Quando o Verão voltar e quando as ruas florescerem, respondeu Francisco.
E, então, naquele momento, algo maravilhoso aconteceu.
Parecia que sobre os campos cobertos de neve irrompiam milhares e milhares de flores multicores.
Depos de uma perplexidade inicial, Clara se apressou, apanhou um ramalhete de rosas e entregou-o nas mãos de Francisco.
Desde aquele momento, Clara e Francisco nunca mais se separaram.
De Leonardo Boff

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