12 de junho de 2010

ORAÇÃO DA TARDE

Montes ao longe emergem o escuro.
Mais aquem, o arvoredo detecta o entardecer.
Estreitos caminhos gesticulam movimento
de vida, no canto da cigarra possessivo.
Os telhados do casario,de laranja sem brilho.
esboçam o céu com ínvias nuvens cinzentas,
projectando chuvas no trilho.
Do pátio vasculho estes requintes
e mais pérolas envolventes.
Num níveo misticismo tempestivo,
folhas dançantes e ouvintes
clareiam o halo dourado e sereno,
mostrando-me o anoitecer ameno
no prosseguir do canto divo.
Contemplam-se as graças do Criado
na lonjura do Céu à terra descida.
Um passarito, em tom de lamento
realça o louvor vesperal do pensamento,
levando pelos ares a oração da tarde
num simples pio, sem outro alarde...
AO ÚNICO, AO DEUS OMNIPOTENTE
CRIADOR DO TUDO SEM PRECEDENTE.

de Maria do Rosário Guerra

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