1-As noites são velhinhas que passam sob mantilhas negras, com rosários de estrelas, rezando. As noites agitadas são como velhos loucos, sob tormenta desencadeada, bradando imprecações.
2- Os passarinhos deviam cantar à noite, para alegria da alma. Assim como há constelações para regalo dos olhos, assim havia de haver galreios para encanto dos ouvidos.
3- As lufadas de vento em velhinhos são como toques em rosas que já viveram um dia. Podem desfolhar e morrer.
4- As estrelas, dantes eram para quem as fitava, como iluminárias num jardim em dias de noivados.Hoje são como círios de uma procissão de mortos. Não foi a Natureza que mudou. Fomos nós que envelhecemos
5- O hortelão vive do que planta. O efémero brota depressa- dá o pão e morre. As árvores só darão fruto e sombra, passados anos. Planta florestas.
6-A noite não é o enterro das horas mas o mistério do nascimento de novas vidas.O ar que nela circula traz aos dias recados das flores.
7- A morte é o princípio da Vida como o Nada é o princípio do Tudo.
8- O trabalho sem inspiração é como noivado sem amor.
9- A imaginação é uma ave que vôa, corre os ares, vai à floresta, ao silvado, banha-se nas águas frias das fontes, rios e mares, na claridade quente do sol, adormece no horizonte e descansa na noite.
10- Disse bem quem comparou a vida a uma montanha. A glória e a pureza estão no cimo; no sopé está o tremedal dos crimes, seduções, miragens, enganos e decisões. Na base as raízes da ventura, esperança e caminho da vida.
11-O nome, na hora da morte, não vai com o cadáver.Fica à tona da sepultura, flutuando em brilho ou em mácula.
12-O túmulo não é um presídio que se fecha com uma chave. Sela-se com o sinete de eternidade.
Cada segundo que se escôa na vida, será um avanço para a liberdade ou paragem no caminho da noite.
6 de abril de 2010
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