A NOVA ERA
D. Estêvão Tavares Bettencourt (osb)
A Nova Era ou New Age é um movimento que interpela constantemente o público com seus impressos e símbolos... Vejamos qual a sua mensagem.
Nome e origem da Nova Era
O nome é assaz sedutor. Decorre do fato de que o homem contemporâneo está decepcionado por tudo que tem experimentado no século XX: o otimismo derivado do progresso da ciência e da tecnologia foi duramente golpeado por duas guerras mundiais. Sobreveio uma relativa prosperidade no Ocidente Europeu e na América do Norte... Isso, porém, não bastou para responder aos anseios do homem ocidental, que, em meio ao progresso material, sentiu a necessidade de saber por que e para que vive, luta e sofre; a ciência, porém, não foi capaz de lhe responder.
O recurso às drogas também foi frustrador. Daí a procura de correntes "místicas", aptas a pôr o homem em contato com o mistério: ocultismo, teosofia, espiritismo, religiões orientais... Dessas fontes o homem contemporâneo espera algo de novo, que tome o lugar dos vetustos valores do século XX.
Registramos ainda a concepção (que a autêntica ciência ignora, mas que a astrologia, pretensa mística, professa) de que a era zodiacal do Peixe está para ceder à nova era, dita "do Aquário". Afirmam os astrólogos que sempre que o sol muda de sinal no Zodíaco, ocorrem mudanças radicais no setor da cultura humana, especialmente na religião. Assim, em 21 de março do ano 1° da era cristã, o sol teria entrado no signo zodiacal do Peixe e apareceu o cristianismo, cujo símbolo - dizem - é o Peixe.
Ora, afirmam os astrólogos (não os astrônomos): em breve o sol entrará no signo zodiacal do Aquário; começará, então, uma nova era, caracterizada pela fartura...
Fartura principalmente de doutrinas esotéricas, que terão no Evangelho de São João o "Evangelho do Aquário" (pois se diz que é essencialmente esotérico). O nome "Aquário" implicará numa efusão de graças e luzes sobre o mundo, como dizem.
Desaparecerá a religião cristã, e surgirá uma nova religião mundial, síntese das anteriores e promotora de amor, concórdia e felicidade. O retorno de Cristo inaugurará essa nova era; não, porém, o Cristo do Evangelho, mas o Cristo-Avatar (budista), que poderá ter o nome de "Maitreya".
O Movimento da Nova Era não é preparado por uma pessoa ou um grupo, mas por "suave conspiração" de muitas pessoas, que se sentem sufocadas por velhas instituições e moral antiquada e, por isso, propõem uma nova espiritualidade, rica de revelações de seres superiores. Todos os homens são convidados a entrar nessa "suave conspiração", para criarem juntos um mundo novo, pacífico e fraterno, como nenhuma outra instituição conseguiu realizar até hoje.
A "suave conspiração", já em curso, parece estar mobilizando milhões de pessoas, ligadas entre si pela aspiração à novidade, sem que tenham um chefe ou fundador propriamente dito, nem sede social, nem livro que defina suas doutrinas e nem um corpo de artigos que lhe dê estrutura.
Pode-se apenas dizer que o Movimento da Nova Era teve início na década de 70 na Califórnia, como conseqüência do vazio deixado pelos mitos do progresso e do consumimo e em virtude da sede de mística e valores transcendentais. Como primeiros referenciais do novo movimento, estavam as religiões orientais existentes nos Estados Unidos, difundindo a yoga, a meditação transcendental, o hare-krishna e as culturas alternativas: a dos hippies ou dos "filhos das flores", a dos psicodélicos, o esoterismo com seus segredos, as medicinas alternativas, o espiritismo ou a transcomunicação (com os mortos), o feminismo, o ecologismo, o pacifismo...
Como se vê, a Nova Era é um amálgama de idéias e movimentos diversos, de índole fortemente sincretista. Daí a dificuldade de defini-la com precisão. Não obstante, podemos assinalar algumas de suas notas mais típicas.
Características gerais
Indiquemos cinco notas distintivas do Movimento da Nova Era:
1. Holismo ou organicidade do universo
A física clássica de Newton tinha o universo na conta de imensa máquina, cujos elementos se mantêm em equilíbrio mediante interação constante. Ora, a Nova Era adota o modelo holístico, mais recente: o universo não constaria de partículas, mas de ondas de energia que constituem um todo (holon, em grego), como uma rede de ligações e de interdependências; quanto mais alguém aprofunda a realidade, dizem os holistas, tanto mais faz a experiência da unidade do todo. O homem seria parte desse todo, participando da vida orgânica do conjunto, sem poder sair dele como observador neutro ou sujeito independente. Em conseqüência, a Nova Era afirma que Deus e o mundo, o espírito e a matéria são uma imensa vibração energética onde todas as diferenças são apenas aparentes, e não reais.
2. Tônica nas religiões orientais
Embora seja sincretista, o Movimento da Nova Era prefere as teses das religiões orientais (que geralmente são panteístas) aos artigos da fé cristã. Isso bem se entende, visto que o cristianismo afirma a transcendência de Deus; Ele entra em diálogo com o homem, mas não é o homem. O cristianismo possui um credo definido, evitando o sincretismo religioso.
A Nova Era incita seus adeptos a fazerem experiências "transpessoais", segundo as quais o eu se dilata, de modo a se sentir uma coisa só com a energia cósmica; tais experiências possibilitariam ao homem entrar em contato com pessoas muito distantes, até com defuntos e seres extraterrestres. Tais experiências podem ser estimuladas pelo uso de drogas e pelo incentivo direto do cérebro (biofeedback).
Também são estimulantes das experiências mística da Nova Era a música, a dança e as artes em geral.
3. O channeling e o esoterismo gnóstico
Channeling (de channel, canal, em inglês) é a forma mais recente de espiritismo: o médium faz as vezes de channel: recebe mensagens não de defuntos, mas sim de entidades superiores (A divindade? Cristo? Fadas? O inconsciente coletivo?).
Com essa concepção se combinam resquícios do gnosticismo dos primeiros séculos: o homem possui uma centelha da divindade, que o torna familiar ao Todo Divino (que é o universo).
4. Terapêtica
O Movimento da Nova Era se dedica também ao tratamento das doenças do corpo e da alma, não mediante a medicina convencional, mas através do enfoque holístico, que recorre às terapias "suaves", como são a homeopatia e a acupuntura.
5. Otimismo
A perspectiva da Nova Era, de paz e felicidade, substitui a mentalidade derrotista de grande parte da humanidade contemporânea; daí o sucesso do movimento. Pode-se dizer que a expectativa de Nova Era corresponde à de um reino milenar de Cristo (milenarismo), apregoada por algumas correntes cristãs de nossos dias.
O Movimento da Nova Era fala do retorno de Cristo, tal como é anunciado pelo livro O Retorno de Cristo (1948), da sra. Alice Bailey, teosofista e ocultista inglesa que teria recebido revelações de um mestre desencarnado dito "o Tibetano". O Cristo da Nova Era, porém, não é o do Evangelho; é o Cristo dito "cósmico, o Cristo Energia, o Espírito Crístico Universal"...
Conclusão
Deve-se dizer que a mensagem do Movimento da Nova Era é, de ponta a ponta, contrária à mensagem cristã. Nega a transcendência de Deus, a distinção entre espírito e matéria, a existência do pecado, a divindade de Jesus Cristo, Deus feito homem... Cai no relativismo religioso, fazendo da religião uma atitude sentimental e cega, e não a adesão à verdade; ora, a perda de identidade da religião vem a ser o fim da mesma!
O PAPA FALA SOBRE A NOVA ERA
Palavras do Santo Padre o Papa João Paulo II aos Bispos norte-americanos em 28/5/93:
"As idéias do movimento `New Age' (Nova Era) conseguem, às vezes, insinuar-se na pregação, na catequese, nas obras e nos retiros, e deste modo influenciam até mesmo católicos praticantes que, talvez, não tenham consciência da incompatibilidade entre aquelas idéias e a fé da Igreja. Na sua visão sincretista e imanente, esses movimentos para-religiosos dão pouca importância à Revelação; pelo contrário, procuram chegar a Deus mediante a inteligência e a experiência, baseadas em elementos provenientes da espiritualidade oriental ou de técnicas psicológicas. Tendem a relativizar a doutrina religiosa, em benefício de uma vaga visão mundial, expressa como sistema de mitos e de símbolos, mediante uma linguagem religiosa. Além disso, apresentam com freqüência um conceito panteísta de Deus, o que é incompatível com a Sagrada Escritura e com a Tradição cristã. Eles substituem a responsabilidade pessoal das próprias ações perante Deus por um sentido de dever em relação ao cosmo, opondo-se, assim, ao verdadeiro conceito de pecado e à necessidade de redenção por meio de Cristo."
Esse ensinamento do Papa foi explicado e comentado pelo Pe. Joãozinho, SCJ, em seu livro "Nova Era e Fé Cristã", Edições Loyola (com Imprimatur). Tudo isso é muito importante porque, como diz o Papa, essas idéias anti-Cristãs têm se infiltrado dentro da Igreja Católica. Especialmente no Brasil, como escreve o Pe. Joãozinho:
"Até mesmo algumas pessoas que já foram ligadas à Igreja Católica têm se apropriado do lucrativo filão de idéias da Nova Era. Uma dessas pessoas é o Pe. Lauro Trevisan, de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Seus livros sempre mostraram tendências New Age. Ultimamente ele tem se tornado mais explícito e ousado [por exemplo, publicando o livro "Aquarius: A Nova Era Chegou"].
Lauro Trevisan adapta-se perfeitamente às três categorias de adeptos da Nova Era: militante, simpatizante e oportunista!
Em janeiro de 1991, Trevisan promoveu o Congresso Internacional do Poder da Mente. O evento foi chamado de "Festinvita". Seu grande lema: "A Nova Era Chegou!" Esse congresso repete-se todos os anos em janeiro, com grande afluência de esotéricos do mundo inteiro. Usando e abusando do título de padre, Lauro Trevisan atrai e confunde muitos cristãos que não estão bastante seguros da doutrina católica. É necessário esclarecer que Lauro Trevisan está totalmente à margem das atividades oficiais da Igreja Católica. Suas publicações não são autorizadas. Já foi advertido diversas vezes, mas preferiu manter-se como bem-sucedido empresário da Nova Era."
Também o Bispo Dom Orlando Brandes, da Diocese de Joinville, em um ensino aos coordenadores de catequese sobre a Nova Era, em 23/11/95, disse que Lauro Trevisan não é cristão, e usa o que é católico para levar os católicos à Nova Era.
Lauro Trevisan e outros falsos profetas, como lobos em pele de cordeiro, divulgam essas doutrinas que o Papa diz ser "incompatíveis com a fé da Igreja". Divulgam, principalmente, a teoria de que nossa mente teria um "poder infinito", ou seja, que nós somos potencialmente onipotentes, todo-poderosos, como Deus. É a antiga tentação da serpente: "Vossos olhos se abrirão e sereis como deuses." (Gn 3,5).
A Nova Era, portanto, leva o homem a idolatrar a si mesmo e a cultuar "mestres cósmicos" e outros seres e forças misteriosas. Parece muito semelhante ao que ensina o Catecismo:
"Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalará a fé de muitos crentes. A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra desvendará o `mistério da iniqüidade' sob a forma de uma impostura religiosa que há de trazer aos homens uma solução aparente aos seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudomessianismo em que o homem se glorifica a si mesmo em lugar de Deus e do seu Messias que veio na carne." (675).
Contra essa forte corrente anti-Cristã, Pe. Joãozinho nos propõe esta oração:
REFÚGIO EM MARIA
Mãe querida,
pedimos o vosso auxílio, refúgio e proteção.
No limiar do terceiro milênio,
aparece outra serpente
com sua proposta sedutora.
Ela quer nos enganar e ferir.
Ajudai-nos a "esmagar sua cabeça" (Gn 3,15)
e desmascarar suas armadilhas.
Intercedei por nós junto ao vosso Filho.
Alcançai-nos os dons da salvação eterna.
Mãe de misericórdia,
olhai para vossos filhos
gemendo e chorando
neste vale de lágrimas.
Conduzi-nos seguros
no Caminho, Verdade e Vida
de Nosso Senhor, Jesus Cristo.
Amém
9 de abril de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário