8 de fevereiro de 2010

DEVOÇÃO ÀS CINCO CHAGAS- LITURGIA E TERÇO




7 DE FEVEREIRO
Solenidade: CINCO CHAGAS DO SENHOR

O culto das Cinco Chagas do Senhor, isto é, das principais feridas que Cristo recebeu na Cruz e manifestou aos Apóstolos depois da Ressurreição, foi sempre uma devoção muito viva entre os portugueses, desde os começos da nacionalidade.
São disso testemunho a literatura religiosa e a onomástica referente a pessoas e a instituições.

Luís de Camões em "Os Lusíadas" (1, 7) sintetiza o simbolismo que tradicionalmente relaciona as armas da Bandeira nacional com as Chagas de Cristo.
Assim, os Papas, a partir de Bento XIV, concederam a Portugal esta festa particular, que ultimamente veio a ser fixada neste dia.

Noutros países, celebra-se a Missa da féria (He 13, 15-17.20-21; Sl 22, 1-6; Mc 6, 30-34).

(Secretariado Nacional da Liturgia


Livro de Isaías (53, 1-10)


Quem acreditou no nosso anúncio?
A quem foi revelado o braço do Senhor?
O servo cresceu diante do Senhor
como um rebento,
como raiz em terra árida,
sem figura nem beleza.

Vimo-Lo sem aspecto atraente,
desprezado e abandonado pelos homens,
como alguém cheio de dores,
habituado ao sofrimento,
diante do qual se tapa o rosto,
menosprezado e desconsiderado.

Na verdade,
Ele tomou sobre Si as nossas doenças,
carregou as nossas dores.
Nós O reputávamos como um leproso,
ferido por Deus e humilhado.

Mas Ele foi ferido por causa dos nossos crimes,
esmagado por causa das nossas iniquidades.
O castigo que nos salva caiu sobre Ele,
fomos curados pelas Suas chagas.

Todos nós andávamos desgarrados
como ovelhas perdidas,
cada um seguindo o seu caminho.
Mas o Senhor carregou sobre Si
todos os nossos crimes.

Foi maltratado,
mas humilhou-se e não abriu a boca,
como um cordeiro
que é levado ao matadouro,
ou como uma ovelha emudecida
nas mãos do tosquiador.


Sem defesa, nem justiça, levaram-No à força.
Quem é que se preocupou com o Seu destino?
Foi suprimido da terra dos vivos,
mas por causa dos pecados do meu povo
é que Ele foi ferido.

Foi-Lhe dada sepultura entre os ímpios,
e uma tumba entre os malfeitores,
embora não tenha cometido crime algum,
nem praticado qualquer fraude.

Mas aprouve ao Senhor
esmagá-Lo com sofrimento,
para que a Sua vida
fosse um sacrifício de reparação.

Terá uma posteridade duradoura
e viverá longos dias,
e o desígnio do Senhor
realizar-se-á por meio d'Ele.

* * * * *
Livro dos Salmos
(22/21, 7-8.15-23)


Eu, porém,
sou um verme e não um homem,
opróbrio dos homens e o desprezo da plebe.
Todos os que me vêem escarnecem de mim,
estendem os lábios e abanam a cabeça.

Fui derramado como água;
todos os meus ossos se desconjuntaram.
O meu coração tornou-se como cera
e derreteu-se dentro do meu peito.

A minha garganta secou
como barro cozido;
a minha língua colou-se ao céu da boca.
Reduziste-me ao pó da sepultura.

Estou rodeado por matilhas de cães,
envolvido por um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos
e os meus pés.
Posso contar todos os meus ossos.

Eles olham para mim cheios de espanto.
Repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam a minha túnica.

Mas Tu, Senhor,
não te afastes de mim!
És o meu auxílio;
vem depressa socorrer-me!

Livra a minha alma da espada;
a minha vida das garras dos cães.
Salva-me da boca dos leões;
livra-me dos chifres dos búfalos.

Então anunciarei o Teu nome
aos meus irmãos
e sempre louvar-te-ei
no meio da assembleia.


Evangelho segundo S. João
(19, 28-37)



Depois disso, Jesus, sabendo que tudo se consumara, para se cumprir totalmente a Escritura, disse:
«Tenho sede!»

Havia ali uma vasilha cheia de vinagre.
Então, ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-Lha à boca.

Quando tomou o vinagre, Jesus disse:
«Tudo está consumado».
E, inclinando a cabeça, entregou o Seu Espírito.

Como era o dia da Preparação da Páscoa, para evitar que no Sábado ficassem os corpos na cruz, porque aquele sábado era um dia muito solene, os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e então fossem retirados.

Os soldados foram lá, quebraram as pernas ao primeiro e também ao outro que tinha sido crucificado juntamente.
Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não Lhe quebraram as pernas.

Porém, um dos soldados traspassou-Lhe o peito com uma lança, e logo brotou sangue e água.
Aquele que viu estas coisas é quem dá testemunho delas, e o seu testemunho é verdadeiro.
Ele bem sabe que diz a verdade, para vós crerdes também.

E isto aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: "Não se lhe quebrará nenhum osso".
E também outro passo da Escritura que diz: "Hão-de olhar para aquele que trespassaram".

(Da 'Bíblia Sagra


São Bernardo (1091-1153),
Monge cisterciense e Doutor da Igreja


«Tirareis com alegria
água da Fonte da Salvação»
Onde poderá a nossa fragilidade encontrar repouso e segurança, a não ser nas Chagas do Salvador? [...]
Trespassaram-Lhe as mãos e os pés, e o lado com um golpe de lança.
Destas três chagas abertas, jorrou o mel dos rochedos que me sacia (Sl 80, 17), e o óleo que corre sobre a dura pedra, permitindo-me «saborear e ver como é bom o Senhor» (Sl 33, 9).

Ele formava desígnios de prosperidade (Jer 29, 11), e eu não o sabia.
«Pois, quem conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem foi o Seu conselheiro?» (Rom, 11, 34).
Mas a lança, que n'Ele penetrou, veio a ser para mim a chave que abriu o mistério dos Seus desígnios.

Como posso deixar de ver por estas sagradas aberturas?
Os pregos e as chagas clamam que, na pessoa de Cristo, Deus Se reconcilia verdadeiramente com o mundo.

O ferro trespassou-Lhe a Carne e tocou-Lhe o Coração, a fim de que Ele Se compadecesse das minhas fraquezas.
O segredo do Seu Coração aparece a nu nas chagas do Seu Corpo.
Vemos a descoberto o grande mistério da Sua Bondade, dessa misericordiosa Ternura do nosso Deus, dessa Luz que veio visitar-nos, lá do Alto (Lc 1, 78).

E como pode semelhante Ternura não manifestar-se nas Suas Chagas?
Como haverias de mostrar com mais clareza, do que através das Chagas, que Tu, Senhor, és doce e compassivo e de grande Misericórdia, uma vez que não há maior amor do que dar a vida (Jo 15, 13) pelos condenados à morte espiritual?

O meu mérito reside pois, todo ele, na Piedade do Senhor, pelo que não me faltará tal mérito enquanto não faltar-Lhe a Piedade.
Se a Misericórdia do Senhor se multiplicar, numerosos serão os meus méritos.

E o que me acontecerá, se tiver de acusar-me de múltiplas faltas?
«Onde abundou o pecado, superabundou a Graça» (Rom 5, 20).
E uma vez que «a Graça do Senhor dura para sempre» (Sl 102, 17), por mim, «hei-de cantar para sempre o Amor do Senhor» (Sl 88, 2).

E qual é a minha justiça?
Senhor, só da Tua Justiça me recordarei; é essa a minha justiça, pois Tu tornaste-Te, para mim, Justiça de Deus (Rom 1, 17).


TERÇO DAS SANTAS CHAGAS

COROA DA MISERICÓRDIA

ORAÇÕES INICIAS:

- Ó Jesus, Divino Redentor, tende misericórdia de nós e de todo o mundo. Ámen.

- Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e de todo o mundo. Ámen.

- Graça e misericórdia, ó meu Jesus, nos perigos presentes. Cobri-nos do vosso Preciosíssimo Sangue. Ámen.

- Eterno Pai, tende misericórdia de nós, pelo Sangue de Jesus Cristo, vosso único Filho. Tende misericórdia de nós, nós Vos pedimos. Ámen.


NAS CONTAS GRANDES DO TERÇO
(em lugar do Pai-Nosso):

- Eterno Pai, eu Vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, para curar as chagas das nossas almas. *


NAS CONTAS PEQUENAS DO TERÇO
(em lugar das Ave-Marias):

- Ó meu Jesus, perdão e misericórdia, pelos méritos das vossas Santas Chagas. *


NO FIM DO TERÇO (repetir 3 vezes):

- Eterno Pai, eu Vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, para curar as chagas das nossas almas. *


* As invocações: “Eterno Pai, eu Vos ofereço…” e “Ó meu Jesus, perdão e misericórdia…”, foram reveladas à Irmã Visitandina Maria Marta Chambon (1841-1907) pelo próprio Jesus.

(Deverá ser utilizado um Terço normal)

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