31 de outubro de 2009

AS BEM AVENTURANÇAS COM SÃO JOSÉMARIA ESCRIVÁ



Vendo Ele as multidões, subiu ao monte e sentou-Se. Acercaram-se os seus discípulos e Ele, tomando a palavra, pôs-se a ensiná-los, dizendo: Bem aventurados os pobres de espírito… (Mt 5, 1 segs).

Como recorda o Catecismo da Igreja Católica, as Bem-aventuranças do Sermão da Montanha são o centro da pregação de Jesus, e nelas Deus chama-nos à sua própria bem-aventurança.

A pregação de São Josemaría Escrivá, que bebe directamente nas páginas do Evangelho, detém-se com frequência nas bem-aventuranças, propondo-as como ideal acessível a todos. São um ideal realizável – recorda – não uma utopia; constituem um programa apaixonante de vida que todos podemos levar a cabo na nossa existência, lutando cada dia com propósitos concretos de conversão e melhoramento.

Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
«Se desejas alcançar esse espírito, aconselho-te a que sejas sóbrio contigo e muito generoso com os outros. Evita os gastos supérfluos por luxo, por capricho, por vaidade, por comodidade…; não cries necessidades. Numa palavra, aprende com S. Paulo a viver na pobreza e a viver na abundância, a ter fartura e a passar fome, a ter de sobra e a padecer necessidade. Tudo posso naquele que me conforta (Fil 4, 12-13). E, como o Apóstolo, também sairemos vencedores da luta espiritual, se mantivermos o coração desapegado, livre de ataduras».
Amigos de Deus, n. 123

Bem aventurados os que choram, porque serão consolados.
«Gozas de uma alegria interior e de uma paz, que não trocas por nada. Deus está aqui: não há coisa melhor que contar-lhe a Ele as penas, para que deixem de ser penas».
Forja, n. 54

Bem aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra.
«Fez-me pensar a frase dura, mas certa, daquele homem de Deus, ao reparar na altivez daquela criatura: “veste-se com a própria pele do diabo, a soberba”.

E veio à minha alma, por contraste, o desejo sincero de me revestir com a virtude que Jesus Cristo pregou, quia mitis sum et humilis corde – sou manso e humilde de coração – ; e que atraiu o olhar da Santíssima Trindade sobre a sua Mãe e nossa Mãe: a humildade, o sabermo-nos e sentirmo-nos nada».
Sulco, n. 726

Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
«Gravemo-lo bem na nossa alma, para que depois se note na nossa conduta: primeiro, justiça para com Deus. Essa é a pedra de toque da verdadeira fome e sede de justiça (Mt 5, 6), que a distingue da gritaria dos invejosos, dos ressentidos, dos egoístas, dos cobiçosos…Com efeito, negar ao nosso Criador e Redentor o reconhecimento dos abundantes e inefáveis bens que nos concede é uma atitude que encerra a mais tremenda e ingrata das injustiças. Vós, se vos esforçardes deveras por ser justos, considerareis frequentemente a vossa dependência de Deus – pois, que tens tu que não tenhas recebido? (1 Cor 4, 7) – para vos encherdes de agradecimento e de desejos de corresponder a um Pai que nos ama loucamente».
Amigos de Deus, n.167

Bem aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
«Jesus Cristo resume e compendia toda a história da misericórdia divina: Bem aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mt 5, 7). E noutra ocasião: Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso (Lc 6, 36). Ficaram também muito gravadas em nós, entre muitas outras cenas do Evangelho, a clemência com a mulher adúltera, a parábola do filho pródigo, a ovelha perdida, a do devedor perdoado, a ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7, 11-17) (…). Que segurança deve produzir-nos a comiseração do Senhor! »
Cristo que passa, n. 7

Bem aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
«Por vocação divina, alguns terão de viver essa pureza no matrimónio; outros, pelo contrário, renunciando aos amores humanos, para corresponderem única e apaixonadamente ao amor de Deus. Nem uns nem outros devem ser escravos da sensualidade, mas senhores do seu corpo e do seu coração, para os poderem dar sacrificadamente aos demais. (…)

A santa pureza não é a única nem a principal virtude cristã: contudo, é indispensável para perseverar no esforço diário da nossa santificação e, sem ela, não é possível dedicar-se ao apostolado. A pureza é consequência do amor com que entregámos ao Senhor a alma e o corpo, as potências e os sentidos. Não é uma negação, é uma afirmação gozosa».
Cristo que passa, n. 5

Bem aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus.
«Tarefa do cristão: afogar o mal em abundância de bem. Não se trata de campanhas negativas, nem de ser anti-nada. Pelo contrário: viver de afirmação cheios de optimismo, com juventude, alegria e paz; ver com compreensão a todos: aos que seguem Cristo e aos que O abandonam ou não O conhecem.

- Mas compreensão não significa abstencionismo, nem indiferença, mas actividade».
Sulco, n. 864

Bem aventurados os perseguidos por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
«O desprezo e a perseguição são benditas provas da predilecção divina, mas não há prova e sinal de predilecção mais belos do que este: passar despercebido».
Caminho, n. 959

Bem aventurados sois, quando, por minha causa, vos injuriarem e perseguirem e disserem, falsamente, contra vós toda a espécie de mal. Alegrai-vos e exultai, porque será grande nos Céus a vossa recompensa.
«Ante as acusações que consideramos injustas, examinemos a nossa conduta, diante de Deus, cum gaudio et pace, com alegre serenidade, e rectifiquemos, ainda que se trate de coisas inocentes, se a caridade no-lo aconselha.
Lutemos por ser santos, cada dia mais: e, depois, “que digam o que quiserem”, sempre que a esses ditos se lhes possa aplicar aquela bem-aventurança: beati estis cum…dixerint omne malum adversus vos mentientes propter me, bem aventurados sereis quando vos caluniarem por minha causa».
Forja 145

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