4 de setembro de 2009

TODA A DOR TEM A SUA VIA SACRA- 1ª SEXTA FEIRA DO MÊS DE SETEMBRO


MEDITANDO COM O REV. PADRE MANUEL FERREIRA DA SILVA
Percorrer os caminhos que vão do Pretório ao Calvário é andar os passos de bem curta distância.
Por ali passou Cristo, e fez de cada pedra uma prece. Por ali passaram os homens, e de cada pedra fizeram uma praga.
Nas ruas de Jerusalém, há vinte séculos, nas ruas de todas as cidades do mundo em todos os séculos...Jerusalém tinha o Calvário no alto de um monte.
Nas outras cidades ergueram-se calvários em todas as praças.
Cristo juntou na sua Cruz a soma de todas as dores, como um rio os seus afluentes, e levou-as consigo para as consagrar no momento da Sua morte.
Os homens fizeram da sua cruz a rosa dos ventos de todas as traições, e espalharam o mal em todas as direcções.
Caminhar com Cristo é trilhar os caminhos simples do Amor e da Verdade que, unindo os homens na mesma dor, os redime e aproxima.
Caminhar com os homens é trilhar a senda dos erros mais vários e dos enganos mais estranhos, que dividem e condenam a vida à dispersão.
Todos os caminhos da vida vão dar ao Calvário, mas nem todos os Calvários redimem a vida.
Suportar uma dor é sacrificio: mas amar a mesma dor é oração. E tem a sua sublimidade.
Pois não diz o poeta filósofo que "a dor é que faz o homem"?
Ninguém pergunte:"que mal fiz eu para sofrer assim?"
Diga antes: "Que quer a dor ainda fazer de mim?"
Todo aquele que tem Fé na vida tem igualmente que ter Fé na dor.
Viver é evoluir... Evoluir é lutar... E lutar é sofrer...
É que a dor existe também em função da vida.
Seguir, por isso,o caminho da Cruz, por onde e tal como Jesus seguiu, é decifrar no Evangelho da Sua paixão, o mistério de todas as paixões.
É que, de cada paixão, fazem os homens novos calvários.
Não há distância entre Jesus e nós. Tudo quanto nós sofremos, Ele sofreu. Ele nos convidou a que O acompanhemos, tomando a nossa cruz, para nos tornarmos dignos da Sua.
Nós O convidamos para que Ele viva connosco e suporte por nós e connosco, a cruz que tanto tememos e que Ele nos pede para Amar como Ele.
Na sua paixão, Ele nos leva consigo. Na nossa paixão Ele queda-se ao nosso lado. De agora em diante já ninguém pode dizer que está inteiramente só.
Na hora em que tudo nos condena, Ele é condenado também.
Na hora em que todos nos atraiçoam, Ele está a ser atraiçoado.
Na hora em que a intriga covardemente nos fere, Ele fica junto de nós, ferido e chagado.
Quando chora, quando geme, quando sua sangue, e até quando grita, é precisamente a nossa língua que Ele fala.
É na dor que se conhecem os homens em redor da Sua mesa.
É na cruz, que os homens melhor conhecem a Deus, quando as lágrimas que lhe molham o rosto, têm também a virtude de lhes lavar a alma.
Vamos, por isso, nesta peregrinação da cruz, que é a via sacra, onde todas as cruzes se encontram, e onde cada estação é um santuário de piedosa peregrinação, acompanhar passo a passo todos os passos de Jesus, deixando bem viva a marca dos Seus pés de Caminheiro do Amor e de Eternidade nas páginas do tempo:
O tempo da nossa história,
o tempo da nossa história de pecadores,
o tempo das nossas traições e perjúrios,
o tempo do amor adulterado e da vida truncada,
o tempo da justiça viciada e dos homens comprados,
o tempo do luxo que é escândalo da fome,
o tempo de tantas ameaças de guerra,
quando todos falam só em termos de paz.
Morre-se já sem se saber porquê, e de tudo se faz pretexto para matar.
Nesta peregrinação, onde as nossa paixões são as pedras onde todos tropeçamos, e os outros tropeçam por nossa culpa, mergulhemos bem dentro de nós e vamos interpretá-las à luz da Paixão de Cristo.
Se o fizermos frente a frente com Ele, também como Ele e com Ele aprenderemos igualmente a superar a morte, para merecermos descobrir por Ele e com Ele o outro lado beloda vida.
A nossa ressurreiçao,
A vida eterna na glória do Pai.
E essa não consegue a morte destruí-la, conforme está escrito:
- " Onde está ó morte a tua vitória?"
(I Cor. XV, 55: Osece. XIII. 14; Heb.II,14)

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