


20º Domingo do Tempo Comum
Ano B
TEMA
A liturgia do 20º Domingo do Tempo Comum repete o tema dos últimos domingos:
Deus quer oferecer aos homens, em todos os momentos da sua caminhada pela terra,
o “pão” da vida plena e definitiva. Naturalmente, os homens têm de fazer a sua escolha e de acolher esse dom. .....................................................................
No Evangelho, Jesus reafirma que o objectivo final da sua missão é dar aos homens o “pão da vida”.
Para receber essa vida, os discípulos são convidados a “comer a carne” e a “beber o sangue” de Jesus – isto é, a aderir à sua pessoa, a assimilar o seu
projecto, a interiorizar a sua proposta.
projecto, a interiorizar a sua proposta.
A Eucaristia cristã (o “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus)
é um momento privilegiado de encontro com essa vida que Jesus veio oferecer.
A primeira leitura oferece-nos uma parábola sobre um banquete preparado pela
“senhora sabedoria” para os “simples” e para os que querem vencer a insensatez.
Convida-nos à abertura aos dons de Deus e à disponibilidade para acolher a vida de
Deus (o “pão de Deus que desce do céu”).
A segunda leitura lembra aos cristãos a sua opção por Cristo (aquele Cristo que o
Evangelho de hoje chama “o pão de Deus que desceu do céu para a vida do mundo”).
Convida-os a não adormecerem, a repensarem continuamente as suas opções e os
seus compromissos, a não se deixarem escorregar pelo caminho da facilidade e do
comodismo, a viverem com empenho e entusiasmo o seguimento de Cristo, a
empenharem-se no testemunho dos valores em que acreditam.....................................................................
LEITURA I – Prov 9,1-6
A Sabedoria edificou a sua casa e levantou sete colunas.
Abateu os seus animais,
preparou o vinho e pôs a mesa.
Enviou as suas servas a proclamar nos pontos mais altos da cidade:
«Quem é inexperiente venha por aqui».
E aos insensatos ela diz:
«Vinde comer do meu pão e beber do vinho que vos preparei.
Deixai a insensatez e vivereis; segui o caminho da prudência»
A primeira leitura oferece-nos uma parábola sobre um banquete preparado pela
“senhora sabedoria” para os “simples” e para os que querem vencer a insensatez.
Convida-nos à abertura aos dons de Deus e à disponibilidade para acolher a vida de
Deus (o “pão de Deus que desce do céu”).
A segunda leitura lembra aos cristãos a sua opção por Cristo (aquele Cristo que o
Evangelho de hoje chama “o pão de Deus que desceu do céu para a vida do mundo”).
Convida-os a não adormecerem, a repensarem continuamente as suas opções e os
seus compromissos, a não se deixarem escorregar pelo caminho da facilidade e do
comodismo, a viverem com empenho e entusiasmo o seguimento de Cristo, a
empenharem-se no testemunho dos valores em que acreditam.....................................................................
LEITURA I – Prov 9,1-6
A Sabedoria edificou a sua casa e levantou sete colunas.
Abateu os seus animais,
preparou o vinho e pôs a mesa.
Enviou as suas servas a proclamar nos pontos mais altos da cidade:
«Quem é inexperiente venha por aqui».
E aos insensatos ela diz:
«Vinde comer do meu pão e beber do vinho que vos preparei.
Deixai a insensatez e vivereis; segui o caminho da prudência»
MENSAGEM
O “Livro dos Provérbios” apresenta várias colecções de ditos, de sentenças, de
máximas, de provérbios (“mashal”) onde se cristaliza o resultado da reflexão e da
experiência (“sabedoria”) de várias gerações de “sábios” antigos (israelitas e alguns
não israelitas). O objectivo desses provérbios é definir uma espécie de “ordem” do
mundo e da sociedade que, uma vez apreendida e aceite pelo indivíduo, o levará a
uma integração plena no meio em que está inserido. Dessa forma, o indivíduo poderá
viver sem traumas nem sobressaltos que destruam a sua harmonia interior e o
incapacitem para dar o seu contributo à comunidade. Ficará, assim, de posse da
chave para viver em harmonia consigo mesmo e com os outros, e assegurará uma
página 2 com uma vida feliz, tranquila e próspera.
O livro apresenta-se como tendo sido composto por Salomão (cf. Prov 1,1), o rei
“sábio”, conhecido pelos seus dotes de governação, pelos seus dons literários, por
numerosas sentenças sábias (cf. 1 Re 3,16-28; 5,7; 10,1-9.23) e que se tornou uma
espécie de “padrão” da tradição sapiencial… Na realidade, não podemos aceitar, de
forma acrítica, essa indicação: a leitura atenta do livro revela que estamos diante de
colecções de proveniência diversa, compostas em épocas diversas. Alguns dos
materiais apresentados no livro podem ser do séc. X a.C. (época de Salomão; no
entanto, isso não implica que venham do próprio Salomão); outros, no entanto, são
bem mais recentes.
O nosso texto integra uma secção que poderíamos chamar, genericamente,
“instruções e advertências” (cf. Prov 1,8-9,16). Trata-se de um conjunto de exortações
e de instruções de um pai/educador, convidando o filho a adquirir a “sabedoria”. É
dentro desta secção que nos aparece a antítese entre a “senhora sabedoria” e a
“senhora loucura” (cf. Prov 9,1-6.13-18) – um dos textos emblemáticos do “Livro dos
Provérbios”. A primeira leitura deste domingo é, precisamente, a primeira parte da
antítese (a apresentação da “senhora sabedoria”).
Segundo os especialistas, esta secção é a parte mais recente do “Livro dos
Provérbios” e não pode ser anterior ao séc. IV ou III a.C. Provavelmente foi escrita
como introdução ao “Livro dos Provérbios” quando todas as outras secções já estavam
organizadas.
máximas, de provérbios (“mashal”) onde se cristaliza o resultado da reflexão e da
experiência (“sabedoria”) de várias gerações de “sábios” antigos (israelitas e alguns
não israelitas). O objectivo desses provérbios é definir uma espécie de “ordem” do
mundo e da sociedade que, uma vez apreendida e aceite pelo indivíduo, o levará a
uma integração plena no meio em que está inserido. Dessa forma, o indivíduo poderá
viver sem traumas nem sobressaltos que destruam a sua harmonia interior e o
incapacitem para dar o seu contributo à comunidade. Ficará, assim, de posse da
chave para viver em harmonia consigo mesmo e com os outros, e assegurará uma
página 2 com uma vida feliz, tranquila e próspera.
O livro apresenta-se como tendo sido composto por Salomão (cf. Prov 1,1), o rei
“sábio”, conhecido pelos seus dotes de governação, pelos seus dons literários, por
numerosas sentenças sábias (cf. 1 Re 3,16-28; 5,7; 10,1-9.23) e que se tornou uma
espécie de “padrão” da tradição sapiencial… Na realidade, não podemos aceitar, de
forma acrítica, essa indicação: a leitura atenta do livro revela que estamos diante de
colecções de proveniência diversa, compostas em épocas diversas. Alguns dos
materiais apresentados no livro podem ser do séc. X a.C. (época de Salomão; no
entanto, isso não implica que venham do próprio Salomão); outros, no entanto, são
bem mais recentes.
O nosso texto integra uma secção que poderíamos chamar, genericamente,
“instruções e advertências” (cf. Prov 1,8-9,16). Trata-se de um conjunto de exortações
e de instruções de um pai/educador, convidando o filho a adquirir a “sabedoria”. É
dentro desta secção que nos aparece a antítese entre a “senhora sabedoria” e a
“senhora loucura” (cf. Prov 9,1-6.13-18) – um dos textos emblemáticos do “Livro dos
Provérbios”. A primeira leitura deste domingo é, precisamente, a primeira parte da
antítese (a apresentação da “senhora sabedoria”).
Segundo os especialistas, esta secção é a parte mais recente do “Livro dos
Provérbios” e não pode ser anterior ao séc. IV ou III a.C. Provavelmente foi escrita
como introdução ao “Livro dos Provérbios” quando todas as outras secções já estavam
organizadas.
• O que está aqui em causa é, portanto, a questão das opções de vida. Optar pela
“senhora sabedoria” significa escolher a vida, a felicidade, a realização; optar pela
“senhora loucura” significa escolher a morte, a infelicidade, o fracasso… O problema
das escolhas correctas é o problema que mais nos angustia e inquieta, ao longo da
nossa caminhada pela vida. A Palavra de Deus que nos é proposta contém um convite
inquestionável a irmos ao banquete da “senhora sabedoria”, a alimentarmo-nos dos
seus dons, a abrirmos o coração às suas propostas. É esse o caminho da verdadeira
realização e da verdadeira felicidade.
• A “sabedoria” ensinada em Israel (bem como nos países circunvizinhos) é um
conjunto de normas práticas, deduzidas da experiência e da reflexão, destinadas a
formar homens íntegros, justos, leais, prudentes, capazes de saber como actuar em
cada circunstância e de cumprir a sua missão, sem violar a ordem cósmica e social.
Trata-se, apenas, de uma “sabedoria” profana, de um humanismo, de um conjunto de
regras para orientar o comportamento e as relações sociais, sem qualquer referência
ao mundo transcendente? Que lugar é que Deus ocupa nesta reflexão? Deus será
necessário ao homem que quer ser “sábio”? O “sábio” israelita é também um crente,
com tudo o que isso implica. Ao longo do Livro dos Provérbios, os “sábios” de Israel
afirmam repetidamente que o verdadeiro fundamento da “sabedoria” é o “temor de
Deus” (cf. Prov 10,27; 14,26; 15,16.33; 16,6; 19,23; 22,4; 23,17; 24,21; 31,30), como
se considerassem que Deus não pode ser excluído da vida do homem que quer ter
êxito e ser feliz. O termo “temor” não acentua (como nas línguas modernas) a
dimensão do “medo”; mas indica uma atitude do crente diante de Deus caracterizada
pela reverência, pelo respeito, pela obediência, pela confiança. Ora, de acordo com os
“sábios” do “Livro dos Provérbios”, essa atitude religiosa face a Deus é condição
indispensável para a aquisição de uma “sabedoria” genuína, de um verdadeiro
conhecimento. Não há, pois, “sabedoria” autêntica sem uma abertura decidida à
transcendência. Todos nós queremos, naturalmente, aceitar o convite da “senhora
sabedoria”, saborear os alimentos que ela nos oferece e munir-nos dos instrumentos
necessários para triunfar na vida, para alcançar a realização e a felicidade; no entanto,
com frequência, buscamos a nossa realização plena e a nossa felicidade contra Deus
ou, pelo menos, à margem de Deus e dos seus valores… Para nós, crentes, o
encontro com a “senhora sabedoria” passa pela escuta de Deus e dos seus planos,
pelo entrega confiada nas mãos de Deus, pela obediência radical às propostas de vida
que Deus nos faz. Não poderemos chegar à nossa realização plena ignorando Deus e
as suas propostas.
• É por isso que só os “simples” e os “insensatos que querem deixar a insensatez e
seguir o caminho da prudência” são admitidos à mesa da “senhora sabedoria”. Os
“simples” são aqueles que não têm o coração demasiado cheio de si próprio, que não
se fecham no orgulho e na auto-suficiência, que reconhecem a sua pequenez e
finitude e que se entregam com humildade e confiança nas mãos de Deus; os
“insensatos que buscam o caminho da prudência” são aqueles que estão dispostos a
mudar, que não se conformam com a vida do homem velho e querem ir mais além…
Uns e outros são o paradigma de uma determinada atitude: a atitude de abertura aos
dons de Deus, de disponibilidade para acolher a vida de Deus… São aqueles que
reconhecem que precisam de Deus e dos seus dons pois, por si sós, são incapazes de
encontrar o caminho para a realização, para a felicidade, para a vida plena.
.......................................................................................
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34)
Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom.
“senhora sabedoria” significa escolher a vida, a felicidade, a realização; optar pela
“senhora loucura” significa escolher a morte, a infelicidade, o fracasso… O problema
das escolhas correctas é o problema que mais nos angustia e inquieta, ao longo da
nossa caminhada pela vida. A Palavra de Deus que nos é proposta contém um convite
inquestionável a irmos ao banquete da “senhora sabedoria”, a alimentarmo-nos dos
seus dons, a abrirmos o coração às suas propostas. É esse o caminho da verdadeira
realização e da verdadeira felicidade.
• A “sabedoria” ensinada em Israel (bem como nos países circunvizinhos) é um
conjunto de normas práticas, deduzidas da experiência e da reflexão, destinadas a
formar homens íntegros, justos, leais, prudentes, capazes de saber como actuar em
cada circunstância e de cumprir a sua missão, sem violar a ordem cósmica e social.
Trata-se, apenas, de uma “sabedoria” profana, de um humanismo, de um conjunto de
regras para orientar o comportamento e as relações sociais, sem qualquer referência
ao mundo transcendente? Que lugar é que Deus ocupa nesta reflexão? Deus será
necessário ao homem que quer ser “sábio”? O “sábio” israelita é também um crente,
com tudo o que isso implica. Ao longo do Livro dos Provérbios, os “sábios” de Israel
afirmam repetidamente que o verdadeiro fundamento da “sabedoria” é o “temor de
Deus” (cf. Prov 10,27; 14,26; 15,16.33; 16,6; 19,23; 22,4; 23,17; 24,21; 31,30), como
se considerassem que Deus não pode ser excluído da vida do homem que quer ter
êxito e ser feliz. O termo “temor” não acentua (como nas línguas modernas) a
dimensão do “medo”; mas indica uma atitude do crente diante de Deus caracterizada
pela reverência, pelo respeito, pela obediência, pela confiança. Ora, de acordo com os
“sábios” do “Livro dos Provérbios”, essa atitude religiosa face a Deus é condição
indispensável para a aquisição de uma “sabedoria” genuína, de um verdadeiro
conhecimento. Não há, pois, “sabedoria” autêntica sem uma abertura decidida à
transcendência. Todos nós queremos, naturalmente, aceitar o convite da “senhora
sabedoria”, saborear os alimentos que ela nos oferece e munir-nos dos instrumentos
necessários para triunfar na vida, para alcançar a realização e a felicidade; no entanto,
com frequência, buscamos a nossa realização plena e a nossa felicidade contra Deus
ou, pelo menos, à margem de Deus e dos seus valores… Para nós, crentes, o
encontro com a “senhora sabedoria” passa pela escuta de Deus e dos seus planos,
pelo entrega confiada nas mãos de Deus, pela obediência radical às propostas de vida
que Deus nos faz. Não poderemos chegar à nossa realização plena ignorando Deus e
as suas propostas.
• É por isso que só os “simples” e os “insensatos que querem deixar a insensatez e
seguir o caminho da prudência” são admitidos à mesa da “senhora sabedoria”. Os
“simples” são aqueles que não têm o coração demasiado cheio de si próprio, que não
se fecham no orgulho e na auto-suficiência, que reconhecem a sua pequenez e
finitude e que se entregam com humildade e confiança nas mãos de Deus; os
“insensatos que buscam o caminho da prudência” são aqueles que estão dispostos a
mudar, que não se conformam com a vida do homem velho e querem ir mais além…
Uns e outros são o paradigma de uma determinada atitude: a atitude de abertura aos
dons de Deus, de disponibilidade para acolher a vida de Deus… São aqueles que
reconhecem que precisam de Deus e dos seus dons pois, por si sós, são incapazes de
encontrar o caminho para a realização, para a felicidade, para a vida plena.
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SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34)
Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom.
A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.
Temei o Senhor, vós os seus fiéis,
porque nada falta aos que O temem.
Os poderosos empobrecem e passam fome,
aos que procuram o Senhor não faltará riqueza alguma.
porque nada falta aos que O temem.
Os poderosos empobrecem e passam fome,
aos que procuram o Senhor não faltará riqueza alguma.
Vinde, filhos, escutai-me,
vou ensinar-vos o temor do Senhor.
Qual é o homem que ama a vida,
que deseja longos dias de felicidade?
vou ensinar-vos o temor do Senhor.
Qual é o homem que ama a vida,
que deseja longos dias de felicidade?
Guarda do mal a tua língua
e da mentira os teus lábios.
Evita o mal e faz o bem,
procura a paz e segue os seus passos.
............................................................................
e da mentira os teus lábios.
Evita o mal e faz o bem,
procura a paz e segue os seus passos.
............................................................................
LEITURA II – Ef 5,15-20
Irmãos:
Vede bem como procedeis.
Não vivais como insensatos, mas como pessoas inteligentes.
Aproveitai bem o tempo, porque os dias que correm são maus.
Por isso não sejais irreflectidos,
mas procurai compreender qual é a vontade do Senhor.
Não vos embriagueis com o vinho, que é causa de luxúria,
mas enchei-vos do Espírito Santo,
recitando entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais,
cantando e salmodiando em vossos corações,
dando graças, por tudo e em todo o tempo, a Deus Pai,
em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Irmãos:
Vede bem como procedeis.
Não vivais como insensatos, mas como pessoas inteligentes.
Aproveitai bem o tempo, porque os dias que correm são maus.
Por isso não sejais irreflectidos,
mas procurai compreender qual é a vontade do Senhor.
Não vos embriagueis com o vinho, que é causa de luxúria,
mas enchei-vos do Espírito Santo,
recitando entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais,
cantando e salmodiando em vossos corações,
dando graças, por tudo e em todo o tempo, a Deus Pai,
em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
AMBIENTE
A segunda leitura deste domingo apresenta-nos, mais uma vez, um texto dessa carta
que Paulo enviou da prisão (de Roma?) a diversas comunidades cristãs da zona
ocidental da Ásia Menor (entre as quais se contava a comunidade cristã de Éfeso).
O nosso texto pertence à segunda parte da carta (cf. Ef 4,1-6,20). Nessa “exortação
aos baptizados”, Paulo retoma alguns dos temas tradicionais do catecismo primitivo e
convida os cristãos a deixarem a antiga forma de viver para assumir a nova,
revestindo-se de Cristo (cf. Ef 4,17-31), imitando Deus (cf. Ef 4,32-5,2), passando das
trevas à luz (cf. Ef 5,3-20). Como cenário de fundo da reflexão paulina está sempre a
necessidade de os cristãos deixarem a vida do homem velho, para assumirem a vida
do Homem Novo. É neste sentido que devem ser entendidos essas normas práticas
de conduta que Paulo apresenta aos seus cristãos no texto que nos é proposto.
Estamos no início da década de 60… Passou já o entusiasmo inicial que levou muitos
crentes (os de Éfeso também) a uma adesão entusiástica a Jesus e à sua proposta de
vida… Agora, a monotonia, a instalação, o comodismo são realidades que estão
presentes em muitas comunidades e na vida de muitos cristãos. Embora preso, Paulo
continua a preocupar-se com a vida dos cristãos e das comunidades que ele
acompanhou; por isso, vai exortar os crentes a uma vida de coerência com os
compromissos um dia assumidos diante de Cristo e diante dos irmãos da comunidade.
O nosso texto é antecedido pelo fragmento de um antigo hino cristão que convida os
crentes a despertarem do sono em que jazem e a redescobrirem a luz de Cristo (cf. Ef
5,14). O que é que significa, na perspectiva de Paulo, acordar de novo para a luz, ou o
viver como “filhos da luz”?
Os cristãos, definitivamente comprometidos com Cristo desde o dia do seu Baptismo,
não podem, estupidamente (“como insensatos” – vers. 15), voltar aos valores do
homem velho. É verdade que os tempos não são favoráveis e não ajudam a que se
viva com coerência a própria fé e os valores de Jesus; mas é precisamente nesses
ambientes mais difíceis e adversos que se torna mais necessário dar testemunho dos
projectos de Deus e cumprir a vontade do Senhor (vers. 16-17).
“Não vos embriagueis com vinho, que leva à vida desregrada, mas deixai-vos encher
do Espírito” (vers. 18) – aconselha Paulo. O “vinho” representa aqui, provavelmente,
todos esses valores materiais que seduzem os homens, que os levam ao
desregramento e que os fazem esquecer os seus compromissos; o Espírito significa a
vida de Deus – essa vida que os crentes receberam no dia do seu Baptismo, que deve
encher os seus corações e que deve transformar-se em gestos de amor e de doação a
Deus e aos irmãos.
O nosso texto termina com um convite à oração, ao louvor, à acção de graças ao
Senhor. Os crentes não podem esquecer a sua ligação ao Senhor e o seu diálogo com
Ele, pois é esse diálogo que os mantém atentos e vigilantes, comprometidos com o
projecto de Deus. Quando a oração é feita em comunidade, ela torna-se partilha
mútua e uma caminhada comum na descoberta dos planos de Deus para os homens e
para o mundo.
• A tentação da acomodação, da instalação, do “deixar correr”, do viver o seguimento
de Cristo de forma “morna” e pouco empenhada, do deixarmo-nos envolver por
comportamentos e valores pouco consentâneos com o nosso compromisso com
Cristo, é uma tentação real e que todos nós conhecemos bem. Como diz Paulo, é uma
estupidez termos descoberto a vida verdadeira e deixarmos que o homem velho do
egoísmo e do pecado nos domine de novo… O texto da Carta aos Efésios que nos é
proposto é um convite a não adormecermos, a repensarmos continuamente as nossas
opções e os nossos compromissos, a não nos deixarmos escorregar pelo caminho da
facilidade e do comodismo, a vivermos com empenho e entusiasmo o seguimento de
Cristo, a empenharmo-nos no testemunho dos valores em que acreditamos. A opção
que fizemos no dia do nosso Baptismo tem de ser confirmada e revitalizada por uma
infinidade de novas opções, todos os dias da nossa vida.
• Paulo recomenda aos seus cristãos que não se embriaguem “com vinho, que leva à
vida desregrada”. Dizíamos acima que o embriagar-se com “vinho” representa, nestas
circunstâncias, o deixar-se seduzir por esses valores materiais que afastam os
homens dos valores eternos, dos valores do Reino… Pessoalmente, quais são os
valores a que eu dou mais importância? Algum desses valores constitui um obstáculo
para que eu viva, de forma verdadeiramente comprometida, os valores de Jesus
.......................................................
MENSAGEM DO EVANGELHO•
A segunda leitura deste domingo apresenta-nos, mais uma vez, um texto dessa carta
que Paulo enviou da prisão (de Roma?) a diversas comunidades cristãs da zona
ocidental da Ásia Menor (entre as quais se contava a comunidade cristã de Éfeso).
O nosso texto pertence à segunda parte da carta (cf. Ef 4,1-6,20). Nessa “exortação
aos baptizados”, Paulo retoma alguns dos temas tradicionais do catecismo primitivo e
convida os cristãos a deixarem a antiga forma de viver para assumir a nova,
revestindo-se de Cristo (cf. Ef 4,17-31), imitando Deus (cf. Ef 4,32-5,2), passando das
trevas à luz (cf. Ef 5,3-20). Como cenário de fundo da reflexão paulina está sempre a
necessidade de os cristãos deixarem a vida do homem velho, para assumirem a vida
do Homem Novo. É neste sentido que devem ser entendidos essas normas práticas
de conduta que Paulo apresenta aos seus cristãos no texto que nos é proposto.
Estamos no início da década de 60… Passou já o entusiasmo inicial que levou muitos
crentes (os de Éfeso também) a uma adesão entusiástica a Jesus e à sua proposta de
vida… Agora, a monotonia, a instalação, o comodismo são realidades que estão
presentes em muitas comunidades e na vida de muitos cristãos. Embora preso, Paulo
continua a preocupar-se com a vida dos cristãos e das comunidades que ele
acompanhou; por isso, vai exortar os crentes a uma vida de coerência com os
compromissos um dia assumidos diante de Cristo e diante dos irmãos da comunidade.
O nosso texto é antecedido pelo fragmento de um antigo hino cristão que convida os
crentes a despertarem do sono em que jazem e a redescobrirem a luz de Cristo (cf. Ef
5,14). O que é que significa, na perspectiva de Paulo, acordar de novo para a luz, ou o
viver como “filhos da luz”?
Os cristãos, definitivamente comprometidos com Cristo desde o dia do seu Baptismo,
não podem, estupidamente (“como insensatos” – vers. 15), voltar aos valores do
homem velho. É verdade que os tempos não são favoráveis e não ajudam a que se
viva com coerência a própria fé e os valores de Jesus; mas é precisamente nesses
ambientes mais difíceis e adversos que se torna mais necessário dar testemunho dos
projectos de Deus e cumprir a vontade do Senhor (vers. 16-17).
“Não vos embriagueis com vinho, que leva à vida desregrada, mas deixai-vos encher
do Espírito” (vers. 18) – aconselha Paulo. O “vinho” representa aqui, provavelmente,
todos esses valores materiais que seduzem os homens, que os levam ao
desregramento e que os fazem esquecer os seus compromissos; o Espírito significa a
vida de Deus – essa vida que os crentes receberam no dia do seu Baptismo, que deve
encher os seus corações e que deve transformar-se em gestos de amor e de doação a
Deus e aos irmãos.
O nosso texto termina com um convite à oração, ao louvor, à acção de graças ao
Senhor. Os crentes não podem esquecer a sua ligação ao Senhor e o seu diálogo com
Ele, pois é esse diálogo que os mantém atentos e vigilantes, comprometidos com o
projecto de Deus. Quando a oração é feita em comunidade, ela torna-se partilha
mútua e uma caminhada comum na descoberta dos planos de Deus para os homens e
para o mundo.
• A tentação da acomodação, da instalação, do “deixar correr”, do viver o seguimento
de Cristo de forma “morna” e pouco empenhada, do deixarmo-nos envolver por
comportamentos e valores pouco consentâneos com o nosso compromisso com
Cristo, é uma tentação real e que todos nós conhecemos bem. Como diz Paulo, é uma
estupidez termos descoberto a vida verdadeira e deixarmos que o homem velho do
egoísmo e do pecado nos domine de novo… O texto da Carta aos Efésios que nos é
proposto é um convite a não adormecermos, a repensarmos continuamente as nossas
opções e os nossos compromissos, a não nos deixarmos escorregar pelo caminho da
facilidade e do comodismo, a vivermos com empenho e entusiasmo o seguimento de
Cristo, a empenharmo-nos no testemunho dos valores em que acreditamos. A opção
que fizemos no dia do nosso Baptismo tem de ser confirmada e revitalizada por uma
infinidade de novas opções, todos os dias da nossa vida.
• Paulo recomenda aos seus cristãos que não se embriaguem “com vinho, que leva à
vida desregrada”. Dizíamos acima que o embriagar-se com “vinho” representa, nestas
circunstâncias, o deixar-se seduzir por esses valores materiais que afastam os
homens dos valores eternos, dos valores do Reino… Pessoalmente, quais são os
valores a que eu dou mais importância? Algum desses valores constitui um obstáculo
para que eu viva, de forma verdadeiramente comprometida, os valores de Jesus
.......................................................
MENSAGEM DO EVANGELHO•
O viver como “filhos da luz” implica ainda, na perspectiva de Paulo, a oração, o
louvor, a acção de graças. Um crente que tem Deus como a coordenada fundamental
da sua existência e que se sente chamado a fazer parte da família de Deus é um
crente que vive em diálogo contínuo com Deus. É nesse diálogo que ele percebe os
planos e os projectos de Deus para si próprio e para o mundo e encontra a coragem
para percorrer o caminho da fidelidade e do compromisso. Consigo encontrar tempo e
disponibilidade para falar com Deus, para escutar as propostas que Ele me apresenta?
Estou consciente dos dons de Deus e respondo-Lhe com o louvor e a acção de
graças? ...............................................................
louvor, a acção de graças. Um crente que tem Deus como a coordenada fundamental
da sua existência e que se sente chamado a fazer parte da família de Deus é um
crente que vive em diálogo contínuo com Deus. É nesse diálogo que ele percebe os
planos e os projectos de Deus para si próprio e para o mundo e encontra a coragem
para percorrer o caminho da fidelidade e do compromisso. Consigo encontrar tempo e
disponibilidade para falar com Deus, para escutar as propostas que Ele me apresenta?
Estou consciente dos dons de Deus e respondo-Lhe com o louvor e a acção de
graças? ...............................................................
ALELUIA – Jo 6,56
Aleluia. Aleluia.
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue
permanece em mim e Eu nele, diz o Senhor..........................................................................
Aleluia. Aleluia.
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue
permanece em mim e Eu nele, diz o Senhor..........................................................................
EVANGELHO – Jo 6,51-58
Naquele tempo,
disse Jesus à multidão:
«Eu sou o pão vivo que desceu do Céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente.
E o pão que Eu hei-de dar é minha carne,
que Eu darei pela vida do mundo».
Os judeus discutiam entre si:
«Como pode ele dar-nos a sua carne a comer?»
E Jesus disse-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Se não comerdes a carne do Filho do homem
e não beberdes o seu sangue,
não tereis a vida em vós.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna;
e Eu o ressuscitarei no último dia.
A minha carne é verdadeira comida
e o meu sangue é verdadeira bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
permanece em Mim e eu nele.
Assim como o Pai, que vive, Me enviou
e eu vivo pelo Pai,
também aquele que Me come viverá por Mim.
Este é o pão que desceu do Céu;
não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram:
quem comer deste pão viverá eternamente».
Naquele tempo,
disse Jesus à multidão:
«Eu sou o pão vivo que desceu do Céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente.
E o pão que Eu hei-de dar é minha carne,
que Eu darei pela vida do mundo».
Os judeus discutiam entre si:
«Como pode ele dar-nos a sua carne a comer?»
E Jesus disse-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Se não comerdes a carne do Filho do homem
e não beberdes o seu sangue,
não tereis a vida em vós.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna;
e Eu o ressuscitarei no último dia.
A minha carne é verdadeira comida
e o meu sangue é verdadeira bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
permanece em Mim e eu nele.
Assim como o Pai, que vive, Me enviou
e eu vivo pelo Pai,
também aquele que Me come viverá por Mim.
Este é o pão que desceu do Céu;
não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram:
quem comer deste pão viverá eternamente».
PALAVRA DO SENHOR
O trecho que nos é proposto neste domingo como Evangelho situa-nos ainda na
sinagoga de Cafarnaum (cf. Jo 6,59) e no contexto do discurso sobre o “pão que
desceu do céu para dar vida ao mundo”. Neste trecho, no entanto, Jesus vai um pouco
página 7
mais além: convida os seus interlocutores a comer a sua carne e a beber o seu
sangue.
Alguns biblistas pensam que esta parte do discurso é uma reflexão da primitiva
comunidade cristã que reinterpretou a primeira parte do discurso, explicitando-a a
partir da celebração eucarística posterior; outros pensam que João reelaborou uma
série de materiais que estariam inicialmente incluídos no relato da última ceia e que
foram deslocados para aqui por conveniências teológicas (na sua versão da última
ceia, João preferiu dar relevo à lavagem dos pés; contudo, não quis omitir o discurso
eucarístico de Jesus, um dado tão importante para a tradição cristã. Sendo assim,
transladou-o para outro lugar; e o lugar mais indicado para o situar pareceu-lhe ser,
precisamente, na continuação do discurso sobre o “pão descido do céu para dar vida
ao mundo”). Em qualquer caso, esta parte do discurso (cf. Jo 6,51-58) não deve ter
sido feita na sinagoga de Cafarnaum… Ela só faz sentido após a instituição da
Eucaristia, na última ceia.
O discurso sobre o “pão da vida” (cf. Jo 6,22-58) ficou, portanto, no esquema de João,
com o seguinte enquadramento lógico: os homens buscam o pão material; Jesus trazlhes
o “pão do céu que dá vida ao mundo”; e o pão eucarístico realiza, de forma plena,
a missão de Jesus no sentido de dar vida ao homem.
MENSAGEM
Depois de se apresentar como “o pão vivo que desceu do céu” para dar aos homens a
vida definitiva (vers. 51a), Jesus identifica esse “pão” com a sua “carne” (vers. 51b). A
palavra “carne” (em grego: “sarx”) designa a realidade física do homem, na sua
condição débil, transitória e caduca. Ora, foi precisamente na “carne” de Jesus – isto
é, no seu corpo físico – que se manifestou, em gestos concretos, a sua doação e o
seu amor até ao extremo. Na realidade física de Jesus, Deus tornou-se presente e
visível no meio dos homens, mostrou a sua vontade de comunicar com os homens e
manifestou-lhes o seu amor. É esta “carne” (isto é, a sua vida física, o “lugar” onde
Deus se manifesta aos homens e lhes mostra o seu amor) que Jesus vai dar a “comer”
para que o mundo tenha vida.
Os judeus não entendem as palavras de Jesus (vers. 51). Quando Jesus se
apresentou como “pão vivo descido do céu para dar a vida ao mundo”, eles
entenderam que Jesus pretendia ser uma espécie de “mestre de sabedoria” que trazia
aos homens palavras de Deus (também isso, eles tinham dificuldade em aceitar; mas,
pelo menos, entendiam aonde Ele queria chegar)… Mas agora Jesus fala em “comer”
a sua carne. O que significam as suas palavras? São palavras difíceis de entender, se
não nos colocarmos numa perspectiva eucarística; e, por isso, os judeus não as
entendem… Para a comunidade de João, contudo, as palavras de Jesus são claras,
pois são entendidas tendo em conta a celebração e o significado da Eucaristia.
Na sequência, Jesus reitera a sua afirmação, desta vez com mais desenvolvimentos:
Ele não só vai dar a “comer” a sua carne, mas também a beber o seu sangue; e quem
os aceitar recebe vida definitiva (vers. 53-54). A referência ao “sangue” coloca-nos no
contexto da paixão e da morte. Dizer que Jesus é “carne” significa que Ele se tornou
pessoa como nós, assumiu a nossa condição de debilidade, aceitando passar, até,
pela experiência da morte. Dizer que o pão que Ele há-de dar é a sua “carne para a
vida do mundo” significa que Jesus fez da sua vida um dom, uma “entrega” por amor
aos homens; e que o momento mais alto dessa vida feita “dom” e “entrega” é a morte
na cruz. Na cruz, manifestou-se, através da “carne” de Jesus – isto é, através da sua
realidade física – o seu amor, o seu dom, a sua entrega… Ora, é essa realidade que
se manifestou na cruz – realidade de amor, de doação, de entrega – que os discípulos
são convidados a “comer” e a “beber”. “Comer” e “beber” significam, neste contexto,
“aderir”, “acolher”, interiorizar”, “assimilar”.
A questão é, portanto, esta: Jesus não está a falar da sua “carne” física e do seu
“sangue” físico… Está a pedir, simplesmente, que os seus discípulos acolham e
assimilem essa vida de amor, de dom, de entrega, que Ele mostrou na sua pessoa
(isto é, nos seus gestos, no seu amor, na sua doação aos homens) e que teve a sua
expressão mais radical na cruz, quando Jesus, por amor, ofereceu totalmente a sua
vida, até à última gota de sangue. Quem “acolher” e “assimilar” esta vida e aceitar
viver da mesma forma – no amor e no dom total da vida, até à morte – terá vida plena
e definitiva.
A Eucaristia actualiza esta realidade na comunidade cristã e na vida dos crentes. Esse
mesmo Jesus que amou até às últimas consequências, que pôs a sua vida ao serviço
dos homens, que Se deu na cruz, oferece-Se como alimento aos seus. O discípulo
que “come” e “bebe” a sua “carne” e o seu “sangue” assimila esta proposta e
compromete-se a viver e a dar a vida como Ele (vers. 55).
Um dos efeitos de “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus é ficar em união
íntima, em comunhão de vida com Jesus. O discípulo que interioriza a proposta de
Jesus identifica-se com Ele e torna-se um com Ele (vers. 56). O cristão é, antes de
mais, alguém que recebe vida de Jesus e vive em união com Ele.
Outro efeito de “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus é comprometer-se com o
mesmo projecto de Jesus. Jesus Cristo foi enviado pelo Pai ao mundo para dar vida
ao mundo e o seu plano consiste em concretizar esse projecto; o cristão assimila esse
mesmo projecto e dedica toda a sua existência a concretizá-lo no meio dos homens
(vers. 57).
É neste caminho que se chega a essa vida plena e definitiva que Jesus veio propor
aos homens. Do “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus nascerá uma nova
humanidade de gente livre, que venceu a morte e que vive para sempre (vers. 58).
O discurso que João põe na boca de Jesus não se dirige aos judeus (pois os judeus
não eram capazes de entender as palavras de Jesus), mas dirige-se aos discípulos. O
seu objectivo é explicar o programa de Jesus, pedir aos discípulos que assimilem esse
programa e o testemunhem no meio dos homens. A Eucaristia cristã (“comer a carne”
e beber o sangue”) é, assim, uma forma privilegiada de “actualizar” na vida dos
crentes a vida e o amor de Jesus, de estar em comunhão com Jesus, de “assimilar” o
projecto de Jesus e de o concretizar no mundo..........................................
• Nas semanas anteriores, a liturgia disse-nos, repetidamente, que Jesus era o “pão
descido do céu para dar vida ao mundo”… O Evangelho deste domingo liga esta
afirmação com a Eucaristia: uma das formas privilegiadas de Jesus continuar
presente, no tempo, a “dar vida” ao mundo é através do “pão” que Ele distribui à mesa
da Eucaristia. A Eucaristia que as comunidades cristãs celebram cada domingo (ou
mesmo cada dia) não é um rito tradicional a que “assistimos” por obrigação, para
acalmar a consciência ou para cumprir as regras do “religiosamente correcto”; mas é
um encontro com esse Cristo que Se faz “dom” e que vem ao nosso encontro para nos
oferecer a vida plena e definitiva. Como é que eu “sinto” a Eucaristia? Que importância
é que ela assume na minha vida e na minha existência cristã?
• Participar no encontro eucarístico, “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus é
encontrar-se, hoje, com esse Cristo que veio ao encontro dos homens e que tornou
presente na sua “carne” (na sua pessoa física) uma vida feita amor, partilha, entrega,
até ao dom total de si mesmo na cruz (“sangue”). Participar no encontro eucarístico,
“comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus, é acolher, assimilar e interiorizar essa
proposta de vida, aceitar que ela é um caminho para a felicidade, para a realização
plena do homem, para a vida definitiva.
• Sentar-se à mesa da Eucaristia é também identificar-se com Jesus, viver em união
com Ele. Na Eucaristia, o alimento servido é o próprio Cristo. Por isso, é a própria vida
de Cristo que passa a circular nas veias dos crentes. Quem acolhe essa vida que
página 9
Jesus oferece torna-se, portanto, um com Ele. Comer cada domingo (ou cada dia) à
mesa com Jesus desse alimento que Ele próprio dá e que é a sua pessoa, leva os
crentes a uma comunhão total de vida com Jesus e a fazer parte da família do próprio
Jesus. Convém termos consciência desta realidade: celebrar a Eucaristia é
aprofundarmos os laços familiares que nos unem a Jesus, identificarmo-nos com Ele,
deixarmos que a sua vida circule em nós. Este crente, identificado com Cristo, torna-se
uma pessoa nova, à imagem de Cristo.
• Na concepção judaica, a partilha do mesmo alimento à volta da mesa gera entre os
convivas familiaridade e comunhão. Assim, os crentes que participam da Eucaristia
passam a ser irmãos: em todos circula a mesma vida, a vida do Cristo do amor total.
Dessa forma, a participação na Eucaristia tem de resultar no reforço da comunhão dos
irmãos. Uma comunidade que celebra a Eucaristia e que vive depois na divisão, no
ciúme, no conflito, no orgulho, na auto-suficiência, na indiferença para com as dores e
as necessidades dos irmãos, é uma comunidade que não está a ser coerente com
aquilo que celebra; e, nesse caso, a celebração eucarística é uma incoerência e uma
mentira.
• Finalmente, o “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus implica um compromisso
com esse mesmo projecto que Jesus procurou concretizar em toda a sua vida, em
todos os seus gestos, em todas as suas palavras. Como Jesus, o crente que celebra a
Eucaristia tem de levar ao mundo e aos homens essa vida que aí recebe… Tem de
lutar, como Jesus, contra a injustiça, o egoísmo, a opressão, o pecado; tem de
esforçar-se, como Jesus, por eliminar tudo o que desfeia o mundo e causa sofrimento
e morte; tem de construir, como Jesus, um mundo de liberdade, de amor e de paz; tem
de testemunhar, como Jesus, que a vida verdadeira é aquela que se faz amor, serviço,
partilha, doação até às últimas consequências. Se a Eucaristia for, de facto, uma
experiência profunda e sentida de adesão a Cristo e ao seu projecto, dela resultará o
imperativo de uma entrega semelhante à de Cristo em favor dos nossos irmãos e da
construção de um mundo melhor.
O trecho que nos é proposto neste domingo como Evangelho situa-nos ainda na
sinagoga de Cafarnaum (cf. Jo 6,59) e no contexto do discurso sobre o “pão que
desceu do céu para dar vida ao mundo”. Neste trecho, no entanto, Jesus vai um pouco
página 7
mais além: convida os seus interlocutores a comer a sua carne e a beber o seu
sangue.
Alguns biblistas pensam que esta parte do discurso é uma reflexão da primitiva
comunidade cristã que reinterpretou a primeira parte do discurso, explicitando-a a
partir da celebração eucarística posterior; outros pensam que João reelaborou uma
série de materiais que estariam inicialmente incluídos no relato da última ceia e que
foram deslocados para aqui por conveniências teológicas (na sua versão da última
ceia, João preferiu dar relevo à lavagem dos pés; contudo, não quis omitir o discurso
eucarístico de Jesus, um dado tão importante para a tradição cristã. Sendo assim,
transladou-o para outro lugar; e o lugar mais indicado para o situar pareceu-lhe ser,
precisamente, na continuação do discurso sobre o “pão descido do céu para dar vida
ao mundo”). Em qualquer caso, esta parte do discurso (cf. Jo 6,51-58) não deve ter
sido feita na sinagoga de Cafarnaum… Ela só faz sentido após a instituição da
Eucaristia, na última ceia.
O discurso sobre o “pão da vida” (cf. Jo 6,22-58) ficou, portanto, no esquema de João,
com o seguinte enquadramento lógico: os homens buscam o pão material; Jesus trazlhes
o “pão do céu que dá vida ao mundo”; e o pão eucarístico realiza, de forma plena,
a missão de Jesus no sentido de dar vida ao homem.
MENSAGEM
Depois de se apresentar como “o pão vivo que desceu do céu” para dar aos homens a
vida definitiva (vers. 51a), Jesus identifica esse “pão” com a sua “carne” (vers. 51b). A
palavra “carne” (em grego: “sarx”) designa a realidade física do homem, na sua
condição débil, transitória e caduca. Ora, foi precisamente na “carne” de Jesus – isto
é, no seu corpo físico – que se manifestou, em gestos concretos, a sua doação e o
seu amor até ao extremo. Na realidade física de Jesus, Deus tornou-se presente e
visível no meio dos homens, mostrou a sua vontade de comunicar com os homens e
manifestou-lhes o seu amor. É esta “carne” (isto é, a sua vida física, o “lugar” onde
Deus se manifesta aos homens e lhes mostra o seu amor) que Jesus vai dar a “comer”
para que o mundo tenha vida.
Os judeus não entendem as palavras de Jesus (vers. 51). Quando Jesus se
apresentou como “pão vivo descido do céu para dar a vida ao mundo”, eles
entenderam que Jesus pretendia ser uma espécie de “mestre de sabedoria” que trazia
aos homens palavras de Deus (também isso, eles tinham dificuldade em aceitar; mas,
pelo menos, entendiam aonde Ele queria chegar)… Mas agora Jesus fala em “comer”
a sua carne. O que significam as suas palavras? São palavras difíceis de entender, se
não nos colocarmos numa perspectiva eucarística; e, por isso, os judeus não as
entendem… Para a comunidade de João, contudo, as palavras de Jesus são claras,
pois são entendidas tendo em conta a celebração e o significado da Eucaristia.
Na sequência, Jesus reitera a sua afirmação, desta vez com mais desenvolvimentos:
Ele não só vai dar a “comer” a sua carne, mas também a beber o seu sangue; e quem
os aceitar recebe vida definitiva (vers. 53-54). A referência ao “sangue” coloca-nos no
contexto da paixão e da morte. Dizer que Jesus é “carne” significa que Ele se tornou
pessoa como nós, assumiu a nossa condição de debilidade, aceitando passar, até,
pela experiência da morte. Dizer que o pão que Ele há-de dar é a sua “carne para a
vida do mundo” significa que Jesus fez da sua vida um dom, uma “entrega” por amor
aos homens; e que o momento mais alto dessa vida feita “dom” e “entrega” é a morte
na cruz. Na cruz, manifestou-se, através da “carne” de Jesus – isto é, através da sua
realidade física – o seu amor, o seu dom, a sua entrega… Ora, é essa realidade que
se manifestou na cruz – realidade de amor, de doação, de entrega – que os discípulos
são convidados a “comer” e a “beber”. “Comer” e “beber” significam, neste contexto,
“aderir”, “acolher”, interiorizar”, “assimilar”.
A questão é, portanto, esta: Jesus não está a falar da sua “carne” física e do seu
“sangue” físico… Está a pedir, simplesmente, que os seus discípulos acolham e
assimilem essa vida de amor, de dom, de entrega, que Ele mostrou na sua pessoa
(isto é, nos seus gestos, no seu amor, na sua doação aos homens) e que teve a sua
expressão mais radical na cruz, quando Jesus, por amor, ofereceu totalmente a sua
vida, até à última gota de sangue. Quem “acolher” e “assimilar” esta vida e aceitar
viver da mesma forma – no amor e no dom total da vida, até à morte – terá vida plena
e definitiva.
A Eucaristia actualiza esta realidade na comunidade cristã e na vida dos crentes. Esse
mesmo Jesus que amou até às últimas consequências, que pôs a sua vida ao serviço
dos homens, que Se deu na cruz, oferece-Se como alimento aos seus. O discípulo
que “come” e “bebe” a sua “carne” e o seu “sangue” assimila esta proposta e
compromete-se a viver e a dar a vida como Ele (vers. 55).
Um dos efeitos de “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus é ficar em união
íntima, em comunhão de vida com Jesus. O discípulo que interioriza a proposta de
Jesus identifica-se com Ele e torna-se um com Ele (vers. 56). O cristão é, antes de
mais, alguém que recebe vida de Jesus e vive em união com Ele.
Outro efeito de “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus é comprometer-se com o
mesmo projecto de Jesus. Jesus Cristo foi enviado pelo Pai ao mundo para dar vida
ao mundo e o seu plano consiste em concretizar esse projecto; o cristão assimila esse
mesmo projecto e dedica toda a sua existência a concretizá-lo no meio dos homens
(vers. 57).
É neste caminho que se chega a essa vida plena e definitiva que Jesus veio propor
aos homens. Do “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus nascerá uma nova
humanidade de gente livre, que venceu a morte e que vive para sempre (vers. 58).
O discurso que João põe na boca de Jesus não se dirige aos judeus (pois os judeus
não eram capazes de entender as palavras de Jesus), mas dirige-se aos discípulos. O
seu objectivo é explicar o programa de Jesus, pedir aos discípulos que assimilem esse
programa e o testemunhem no meio dos homens. A Eucaristia cristã (“comer a carne”
e beber o sangue”) é, assim, uma forma privilegiada de “actualizar” na vida dos
crentes a vida e o amor de Jesus, de estar em comunhão com Jesus, de “assimilar” o
projecto de Jesus e de o concretizar no mundo..........................................
• Nas semanas anteriores, a liturgia disse-nos, repetidamente, que Jesus era o “pão
descido do céu para dar vida ao mundo”… O Evangelho deste domingo liga esta
afirmação com a Eucaristia: uma das formas privilegiadas de Jesus continuar
presente, no tempo, a “dar vida” ao mundo é através do “pão” que Ele distribui à mesa
da Eucaristia. A Eucaristia que as comunidades cristãs celebram cada domingo (ou
mesmo cada dia) não é um rito tradicional a que “assistimos” por obrigação, para
acalmar a consciência ou para cumprir as regras do “religiosamente correcto”; mas é
um encontro com esse Cristo que Se faz “dom” e que vem ao nosso encontro para nos
oferecer a vida plena e definitiva. Como é que eu “sinto” a Eucaristia? Que importância
é que ela assume na minha vida e na minha existência cristã?
• Participar no encontro eucarístico, “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus é
encontrar-se, hoje, com esse Cristo que veio ao encontro dos homens e que tornou
presente na sua “carne” (na sua pessoa física) uma vida feita amor, partilha, entrega,
até ao dom total de si mesmo na cruz (“sangue”). Participar no encontro eucarístico,
“comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus, é acolher, assimilar e interiorizar essa
proposta de vida, aceitar que ela é um caminho para a felicidade, para a realização
plena do homem, para a vida definitiva.
• Sentar-se à mesa da Eucaristia é também identificar-se com Jesus, viver em união
com Ele. Na Eucaristia, o alimento servido é o próprio Cristo. Por isso, é a própria vida
de Cristo que passa a circular nas veias dos crentes. Quem acolhe essa vida que
página 9
Jesus oferece torna-se, portanto, um com Ele. Comer cada domingo (ou cada dia) à
mesa com Jesus desse alimento que Ele próprio dá e que é a sua pessoa, leva os
crentes a uma comunhão total de vida com Jesus e a fazer parte da família do próprio
Jesus. Convém termos consciência desta realidade: celebrar a Eucaristia é
aprofundarmos os laços familiares que nos unem a Jesus, identificarmo-nos com Ele,
deixarmos que a sua vida circule em nós. Este crente, identificado com Cristo, torna-se
uma pessoa nova, à imagem de Cristo.
• Na concepção judaica, a partilha do mesmo alimento à volta da mesa gera entre os
convivas familiaridade e comunhão. Assim, os crentes que participam da Eucaristia
passam a ser irmãos: em todos circula a mesma vida, a vida do Cristo do amor total.
Dessa forma, a participação na Eucaristia tem de resultar no reforço da comunhão dos
irmãos. Uma comunidade que celebra a Eucaristia e que vive depois na divisão, no
ciúme, no conflito, no orgulho, na auto-suficiência, na indiferença para com as dores e
as necessidades dos irmãos, é uma comunidade que não está a ser coerente com
aquilo que celebra; e, nesse caso, a celebração eucarística é uma incoerência e uma
mentira.
• Finalmente, o “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus implica um compromisso
com esse mesmo projecto que Jesus procurou concretizar em toda a sua vida, em
todos os seus gestos, em todas as suas palavras. Como Jesus, o crente que celebra a
Eucaristia tem de levar ao mundo e aos homens essa vida que aí recebe… Tem de
lutar, como Jesus, contra a injustiça, o egoísmo, a opressão, o pecado; tem de
esforçar-se, como Jesus, por eliminar tudo o que desfeia o mundo e causa sofrimento
e morte; tem de construir, como Jesus, um mundo de liberdade, de amor e de paz; tem
de testemunhar, como Jesus, que a vida verdadeira é aquela que se faz amor, serviço,
partilha, doação até às últimas consequências. Se a Eucaristia for, de facto, uma
experiência profunda e sentida de adesão a Cristo e ao seu projecto, dela resultará o
imperativo de uma entrega semelhante à de Cristo em favor dos nossos irmãos e da
construção de um mundo melhor.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 20º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A LITURGIA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 20º Domingo do Tempo Comum, procurar
meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em
cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da
Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos
eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver
em pleno a Palavra de Deus.
2. BILHETE DE EVANGELHO.
O conviva é aquele que “vive com” o tempo de uma refeição. Jesus faz continuamente
referência à relação que O une a seu Pai; eles vivem a convivência, Eu vivo pelo Pai”,
diz Jesus. Mas acrescenta: “também aquele que Me come viverá por Mim”. Em cada
Eucaristia, não estamos ao lado de Cristo ressuscitado, Ele vem morar em nós para
viver em nós. Temos de dizer, como São Paulo: “Não sou eu que vivo, é Cristo que
vive em mim”. É isso a comunhão, esta união total. É o momento de dizer: “Este
mistério é grande!” É grande, porque nunca acabaremos de nos maravilharmos e de
dar graças. Hoje, se Cristo vem habitar em nós, é para que nós habitemos n’Ele.
Vivamos as nossas Eucaristias verdadeiramente como um tempo de convivência.
página 10
3. À ESCUTA DA PALAVRA.
Jesus é insistente: não pára de repetir que os seus discípulos devem comer a sua
carne e beber o seu sangue! Ainda hoje, tal linguagem é chocante, inaceitável para a
nossa razão e para a nossa sensibilidade. Sabemos, é certo, que São João escreve
depois da Ressurreição e que as palavras de Jesus só se podem aceitar e
compreender a essa luz. Uma das palavras-chave do discurso de Jesus é “morar”:
aqui e em tantas passagens do Evangelho… Morar com alguém é entrar na sua
intimidade, para ficar juntos. É isso que Deus quer: “estar com” com os homens,
“Emanuel”, para que nós estejamos também com Ele. Não podemos aceder ao sentido
profundo das palavras de Jesus sobre a sua carne a comer e o seu sangue a beber se
não nos colocarmos no registo do amor que exige a presença, o “estar com” dos dois
seres que se amam. No amor, é tudo ou nada. O seu amor por nós é tal que Ele quer
dar-Se na totalidade do seu ser e quer que esse dom dure sempre. Esta experiência já
acontece humanamente: num momento de intensa comunhão com o ser amado,
desejamos ardentemente que isso dure sempre. Ao escolher o meio do banquete
eucarístico para colocar em nós a sua presença de Ressuscitado, Jesus quer enraizar-
Se em nós e alimentar o gérmen da Vida eterna que será doravante a sua. Eis porque
Ele pode afirmar: “quem comer deste pão viverá eternamente”. Participar na
Eucaristia, comungar do corpo e do sangue de Jesus ressuscitado, é oferecer-Lhe o
nosso “espaço humano” muito concreto, toda a nossa pessoa para que Ele venha
habitar em nós. Então podemos, desde agora, ser um com Ele: “já não sou Eu que
vivo, é Cristo que vive em mim"
.............................................................................(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A LITURGIA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 20º Domingo do Tempo Comum, procurar
meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em
cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da
Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos
eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver
em pleno a Palavra de Deus.
2. BILHETE DE EVANGELHO.
O conviva é aquele que “vive com” o tempo de uma refeição. Jesus faz continuamente
referência à relação que O une a seu Pai; eles vivem a convivência, Eu vivo pelo Pai”,
diz Jesus. Mas acrescenta: “também aquele que Me come viverá por Mim”. Em cada
Eucaristia, não estamos ao lado de Cristo ressuscitado, Ele vem morar em nós para
viver em nós. Temos de dizer, como São Paulo: “Não sou eu que vivo, é Cristo que
vive em mim”. É isso a comunhão, esta união total. É o momento de dizer: “Este
mistério é grande!” É grande, porque nunca acabaremos de nos maravilharmos e de
dar graças. Hoje, se Cristo vem habitar em nós, é para que nós habitemos n’Ele.
Vivamos as nossas Eucaristias verdadeiramente como um tempo de convivência.
página 10
3. À ESCUTA DA PALAVRA.
Jesus é insistente: não pára de repetir que os seus discípulos devem comer a sua
carne e beber o seu sangue! Ainda hoje, tal linguagem é chocante, inaceitável para a
nossa razão e para a nossa sensibilidade. Sabemos, é certo, que São João escreve
depois da Ressurreição e que as palavras de Jesus só se podem aceitar e
compreender a essa luz. Uma das palavras-chave do discurso de Jesus é “morar”:
aqui e em tantas passagens do Evangelho… Morar com alguém é entrar na sua
intimidade, para ficar juntos. É isso que Deus quer: “estar com” com os homens,
“Emanuel”, para que nós estejamos também com Ele. Não podemos aceder ao sentido
profundo das palavras de Jesus sobre a sua carne a comer e o seu sangue a beber se
não nos colocarmos no registo do amor que exige a presença, o “estar com” dos dois
seres que se amam. No amor, é tudo ou nada. O seu amor por nós é tal que Ele quer
dar-Se na totalidade do seu ser e quer que esse dom dure sempre. Esta experiência já
acontece humanamente: num momento de intensa comunhão com o ser amado,
desejamos ardentemente que isso dure sempre. Ao escolher o meio do banquete
eucarístico para colocar em nós a sua presença de Ressuscitado, Jesus quer enraizar-
Se em nós e alimentar o gérmen da Vida eterna que será doravante a sua. Eis porque
Ele pode afirmar: “quem comer deste pão viverá eternamente”. Participar na
Eucaristia, comungar do corpo e do sangue de Jesus ressuscitado, é oferecer-Lhe o
nosso “espaço humano” muito concreto, toda a nossa pessoa para que Ele venha
habitar em nós. Então podemos, desde agora, ser um com Ele: “já não sou Eu que
vivo, é Cristo que vive em mim"
PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…
O importante é viver e partilhar a vida. Nesta semana, poderíamos estar
particularmente atentos àqueles que têm dificuldade em viver, porque o seu sofrimento
é demasiado pesado… Talvez poderemos, simplesmente, estar presentes a seu lado
e dizer-lhes uma palavra de vida, algumas palavras do coração que saibam reacender
a esperança.
O importante é viver e partilhar a vida. Nesta semana, poderíamos estar
particularmente atentos àqueles que têm dificuldade em viver, porque o seu sofrimento
é demasiado pesado… Talvez poderemos, simplesmente, estar presentes a seu lado
e dizer-lhes uma palavra de vida, algumas palavras do coração que saibam reacender
a esperança.
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