Sínodo apresentou Mensagem final
Bispos defendem presença da Bíblia nas famílias, nas escolas, no mundo da cultura e das novas tecnologias
A Mensagem final da XII assembleia-geral ordinária do Sínodo dos Bispos, a decorrer no Vaticano, foi tornada pública esta Sexta-feira. Os delegados dos episcopados católicos de todo o mundo defendem a presença da Bíblia nas famílias, nas escolas e no mundo da cultura, utilizando também a “comunicação informática, televisiva e virtual”.
“A voz da palavra divina deve ressoar também através da rádio, das artérias informáticas da Internet, dos canais de difusão virtual online, do CD, do DVD, do podcast e assim por diante; deve aparecer nos ecrãs televisivos e cinematográficos, na imprensa, nos eventos culturais e sociais”, refere-se.
O texto, divulgado pela página oficial do Sínodo, divide-se em quatro capítulos (A voz da Palavra: a Revelação; o rosto da Palavra: Jesus Cristo; a casa da Palavra: a Igreja; as estradas da Palavra: a missão) e 15 pontos.
“A Bíblia deve entrar nas famílias, para que os pais e os filhos a leiam, rezem com ela e esta seja para elas uma luz para os passos no caminho da existência”, pode ler-se.
Os Bispos reunidos no Vaticano destacam que “as Sagradas Escrituras devem entrar também nas escolas e nos âmbitos culturais, porque foram durante séculos a referência capital da arte, da literatura, da música, do pensamento e da própria ética comum”.
“A sua riqueza simbólica, poética e narrativa torna-a uma bandeira da beleza, seja para a fé seja para a própria cultura, num mundo muitas vezes desfigurado pela brutalidade e as porquidões”.
A Mensagem sinodal é dirigida a todos os católicos, em particular aos “pastores”, aos “muitos e generosos catequistas” e a quantos orientam a Igreja “na escuta e na leitura amorosa da Bíblia”.
Os padres sinodais consideram que o texto bíblico “apresenta também o sopro de dor que sai da terra, vai ao encontro dos oprimidos e do lamento dos infelizes”, por ter no seu cume “a cruz onde Cristo, só e abandonado, vive a tragédia do sofrimento mais atroz e da morte”.
Os fiéis são convidados a “guardar a Bíblia” nas suas casas, para que “leiam, aprofundem e compreendam plenamente as suas páginas”, transformando-as em “oração e testemunho de vida” e deixando espaços de “silêncio” neste processo.
Para evitar o “fundamentalismo”, refere o texto, “cada leitor das Sagradas Escrituras, mesmo o mais simples, deve ter um conhecimento proporcional do texto sagrado, recordando que a Palavra de revestiu de palavras concretas”, para “ser audível e compreensível para a humanidade”.
Olhar ecuménico
A mensagem recorda os “irmãos e irmãs das outras Igrejas e comunidades cristãs” que caminham nas mesmas “estradas do mundo” e que apesar das separações visíveis “vivem uma unidade real, ainda que não plena, através da veneração e do amor pela Palavra de Deus”.
Neste contexto, o Sínodo lembra os “homens e mulheres de outras religiões que escutam e praticam fielmente os ditames dos seus livros sagrados e que, connosco, podem edificar um mundo de paz e de luz, porque Deus quer que «todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade»”.
O presidente da Comissão para a Mensagem, Arcebispo Gianfranco Ravasi, considera que o texto é de “largo fôlego, com um certo pathos, para fazer com que não seja só um documento teológico”.
Estrutura
A mensagem recorre a quatro “pontos cardeais”, que correspondem aos seus capítulos. Em primeiro lugar, “a voz divina” que “ressoa desde as origens da criação”, e entra depois “na história ferida pelo pecado e sacudida pela dor da morte”.
Em segundo lugar surge “o rosto”, ou seja, Jesus Cristo, que “torna perfeito o nosso encontro com a Palavra de Deus” e revela o “sentido pleno e unitário das Sagradas Escrituras”. Seguidamente, “a casa da Palavra Divina”, a Igreja, que se ergue sobre quatro colunas: o ensino, a fracção do pão, a oração e a comunhão fraterna.
O último ponto refere-se à “estrada pela qual caminha a Palavra de Deus”.
“A Palavra de Deus deve percorrer as estadas do mundo”, incluindo “a comunicação informática, televisiva e virtual”, apontam os Bispos.
“Esta nova comunicação adoptou, em relação à tradicional, uma gramática expressiva específica, pelo que é necessário estar bem munidos, não só tecnicamente, mas também culturalmente para esta tarefa”, diz a Mensagem final do Sínodo.
27 de outubro de 2008
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