27 de fevereiro de 2012

18 de fevereiro de 2012

17 de fevereiro de 2012

CATEQUEZE SOBRE A FÉ.OPUS DEI

TEMA 3. A fé sobrenatural
A virtude da fé é uma virtude sobrenatural que capacita o homem a assentir firmemente a tudo o que Deus revelou.

2010/01/15
PDF: A fé sobrenatural
1. Noção e objecto da fé

O acto de fé é a resposta do homem a Deus que se revela (Cf. Catecismo, 142). «Pela fé o homem submete completamente a Deus a inteligência e a vontade; com todo o seu ser, o homem dá assentimento a Deus revelador» (Catecismo, 143). A Sagrada Escritura chama a este assentimento «obediência da fé» (Cf. Rm 1, 5; 16, 26).

A virtude da fé é uma virtude sobrenatural que capacita o homem – ilustrando a sua inteligência e movendo a vontade – a assentir firmemente em tudo o que Deus revelou, não pela sua evidência intrínseca, mas pela autoridade de Deus que revela. «Antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus» (Catecismo, 150).


2. Características da fé

- «A fé um dom de Deus, una virtude sobrenatural infundida por Ele (Cf. Mt 16, 17). Para prestar esta adesão da fé são necessários a prévia e concomitante ajuda da graça divina e os interiores auxílios do Espírito Santo» (Catecismo, 153). Não basta a razão para abraçar a verdade revelada; é necessário o dom da fé.

- A fé é um acto humano. Embora seja um acto que se realiza graças a um dom sobrenatural, «crer é um acto autenticamente humano. Não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem confiar em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas» (Catecismo, 154). Na fé, a inteligência e a vontade cooperam com a graça divina: «Crer é um acto do entendimento que assente à verdade divina por império da vontade movida por Deus mediante a graça» [1].

- Fé e liberdade. «A resposta da fé dada pelo homem a Deus, deve ser voluntária. Por conseguinte, ninguém deve ser constrangido a abraçar a fé contra vontade. Efectivamente, o acto de fé é voluntário por sua própria natureza» (Catecismo, 160) [2]. «Cristo convidou à fé e à conversão, mas de modo nenhum constrangeu alguém. Deu testemunho da verdade, mas não a impôs pela força aos seus contraditores» (ibidem).

- Fé e razão. «Muito embora a fé esteja acima da razão, nunca pode haver verdadeiro desacordo entre ambas: o mesmo Deus, que revela os mistérios e comunica a fé, também acendeu no espírito humano a luz da razão. E Deus não pode negar-Se a Si próprio, nem a verdade pode jamais contradizer a verdade» [3]. «É por isso que a busca metódica, em todos os domínios do saber, se for conduzida de modo verdadeiramente científico e segundo as normas da moral, jamais estará em oposição à fé: as realidades profanas e as da fé encontram a sua origem num só e mesmo Deus» (Catecismo, 159).

Carece de sentido tentar demonstrar as verdades sobrenaturais da fé; pelo contrário, pode-se provar sempre que é falso tudo o que pretende ser contrário a essas verdades.

- Eclesiologia da fé. “Crer” é um acto próprio do fiel enquanto fiel, ou seja, enquanto membro da Igreja. O que crê assente à verdade ensinada pela Igreja, que guarda o depósito da Revelação. «A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a nossa fé. A Igreja é a Mãe de todos os crentes» (Catecismo, 181). «Ninguém pode ter a Deus por Pai se não tiver a Igreja por Mãe» [4].

- A fé é necessária para a salvação (cf. Mc 16, 16; Catecismo, 161). «Sem a fé é impossível agradar a Deus» (Hb 11, 6). «Aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo, e a Sua Igreja, procuram, contudo, a Deus com coração sincero, e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a Sua vontade, manifestada pelo ditame da consciência, também eles podem alcançar a salvação eterna» [5].


3. Os motivos de credibilidade:

«O motivo de crer não é o facto de as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz da nossa razão natural. Nós cremos “por causa da autoridade do próprio Deus que revela e que não pode enganar-Se nem enganar-nos”» (Catecismo, 156).

No entanto, para que o acto de fé fosse conforme à razão, Deus quis dar-nos motivos de credibilidade que mostram que «o assentimento da fé não é “de modo algum um movimento cego do espírito”» [6]. Os motivos de credibilidade são sinais certos de que a Revelação é palavra de Deus.

Estes motivos de credibilidade são, entre outros:

- a gloriosa Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, sinal definitivo da Sua Divindade e prova certíssima da verdade das Suas palavras;

- «os milagres de Cristo e dos santos (cf. Mc 16, 20; Heb 2, 4)» (Catecismo, 156) [7];

- o cumprimento das profecias (cf. Catecismo, 156), feitas sobre Cristo ou pelo próprio Cristo (por exemplo, as profecias acerca da Paixão de Nosso Senhor; a profecia sobre a destruição de Jerusalém, etc.). Este cumprimento é prova da veracidade da Sagrada Escritura;

- a sublimidade da doutrina cristã é também prova da Sua origem divina. Quem medita atentamente os ensinamentos de Cristo, pode descobrir na sua profunda verdade, na sua beleza e na sua coerência; uma sabedoria que excede a capacidade humana de compreender e de explicar o que é Deus, o que é o mundo, o que é o homem, a sua história e o seu sentido transcendente;

- a propagação e a santidade da Igreja, a sua fecundidade e estabilidade «são sinais certos da Revelação, adaptados à inteligência de todos» (Catecismo, 156).


Os motivos de credibilidade não só ajudam quem não tem fé para superar preconceitos que dificultam a sua recepção, mas também quem tem fé, confirmando-lhe que é razoável crer e afastando-o do fideísmo.


4. O conhecimento de fé

A fé é um conhecimento: faz-nos conhecer verdades naturais e sobrenaturais. A aparente obscuridade que experimenta o crente é fruto da limitação da inteligência humana diante do excesso de luz da verdade divina. A fé é uma antecipação da visão de Deus “cara a cara” no Céu (1 Co 13, 12; Cf. 1 Jo 3, 2).

A certeza da fé: «A fé é certa, mais certa que qualquer conhecimento humano, porque se funda na própria Palavra de Deus, que não pode mentir» (Catecismo, 157). «A certeza que dá a luz divina é maior do que a que dá a luz da razão natural» [8].

A inteligência ajuda a aprofundar na fé. «É inerente à fé que o desejo do crente de conhecer melhor Aquele em quem acreditou e compreender melhor o que Ele revelou; um conhecimento mais profundo exigirá, por sua vez, uma fé maior e cada vez mais abrasada em amor» (Catecismo, 158).

A teologia é a ciência da fé: esforça-se, com a ajuda da razão, por conhecer melhor as verdades que se possuem pela fé; não para as tornar mais luminosas em si mesmas – que é impossível – mas mais inteligíveis para o crente. Este afã, quando é autêntico, procede do amor a Deus e é acompanhado pelo esforço de acercar-se mais a Ele. Os melhores teólogos foram e serão sempre santos.


5. Coerência entre fé e vida

Toda a vida do cristão deve ser manifestação da sua fé. Não há nenhum aspecto que não possa ser iluminado pela fé. «O justo vive da fé» (Rm 1, 17). A fé actua pela caridade (Cf. Ga 5, 6). Sem as obras, a fé está morta (cf. Tg 2, 20-26).

Quando falta esta unidade de vida e se transige com uma conduta que não está de acordo com a fé, então a fé debilita-se necessariamente e corre-se o perigo de perder-se.

Perseverança na fé: A fé é um dom gratuito de Deus ao homem. Mas nós podemos perder este dom inestimável (cf. 1 Tm 1,18-19). «Para viver, crescer e perseverar até ao fim na fé temos de a alimentar» (Catecismo, 162). Devemos pedir a Deus que nos aumente a fé (cf. Lc 17,5) e que nos faça «fortes in fide» (1 P 5, 9). Para isto, com a ajuda de Deus, há que fazer muitos actos de fé.

Todos os fiéis católicos estão obrigados a evitar os perigos para a fé. Entre outros meios, devem abster-se de ler publicações que sejam contrárias à fé ou à moral – quer tenham sido assinaladas expressamente pelo Magistério, quer se uma consciência bem formada o detecta – a menos que exista um motivo grave e se verifiquem os pressupostos que tornem essa leitura inócua.

Difundir a fé. «Não se acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas no candelabro... Assim brilhe a vossa luz diante dos homens» (Mt 5, 15-16). Recebemos o dom da fé para o propagar não para o ocultar (cf. Catecismo, 166). Não se pode prescindir da fé na actividade profissional [9]. É preciso informar toda a vida social com os ensinamentos e o espírito de Cristo.




Francisco Díaz

14 de fevereiro de 2012

ONDE ESTÁS ,SENHOR?

ONDE ESTÁS ,SENHOR?



ONDE ESTÁS, SENHOR?
“Estejam sempre alegres. Permaneçam sempre em oração.
Sejam sempre agradecidos, haja o que houver, porque esta é à
vontade de Deus para com vocês que pertencem a Cristo
Jesus”. 1 Ts 5.16-18
sta semana recebi uma ligação que me
deixou apreensiva. Saí do telefone com a
sensação de estar andando em círculos
com uma pessoa. Você já teve esta sensação?
Algumas semanas atrás dois pastores da igreja
onde congrego falaram sobre “lavar os pés”.
Aquela palavra ficou vários dias em minha
mente e quando foi na terça-feira, após a
ligação, esta mensagem saltou do “arquivo” e se
colocou diante dos meus olhos.
Fui até a cozinha passar um café enquanto fazia
algumas perguntas para Deus, pois para mim
estava ficando difícil. Alguém nos procurou alguns meses atrás
porque seu casamento estava passando por um período bastante
turbulento. Entre a esposa e a música, o marido preferiu a música.
Entre a esposa e a amante, ele ficou com a amante. Certo tempo
depois ele volta para casa, mas decidido manter uma vida dupla até
que um dia a esposa descobre e lhe dá uma surra, então ele decide
sair novamente de casa e voltar para a amante, pois esta já era a
segunda vez que eles se agrediam fisicamente. Ela então sai atrás da
vidente gospel da vida e a palavra que recebe vem satisfazer o seu
sentimento de vingança, afinal ela estava ferida e se sentindo
abandonada. A “vidente gospel” declara que seu ex-marido irá
morrer, então ela começa contar os dias e as horas para o seu
sepultamento e começa a divulgar a morte de seu ex-marido para as
pessoas mais próximas, pois afinal a vidente gospel já havia
profetizado (Is 8.19-22).
Do outro lado da linha ela pergunta se por acaso eu teria o telefone
particular do pastor da igreja onde congrego, pois o ex-marido estava
de volta. Aí começa a minha luta interna. Na mesma hora eu comecei
a pensar que se não houver uma regeneração de ambas as partes
estes pés serão colocados novamente em minha porta para serem
lavados e confesso com lágrimas nos olhos que senti vontade de
E
fazer como os discípulos fizeram em Jerusalém. Entraram na casa,
perceberam a bacia e o cântaro, mas ninguém se ofereceu para lavar
os pés. Eu perguntava a Deus se teria que lavar pés que poderiam
voltar a qualquer instante para a lama da prostituição, pés que se
encaminhariam para buscar previsão para futuro. Pés que talvez
voltassem com o vírus do HIV já que estão levando uma vida tão
promiscua.
Queria compartilhar a minha frustração com alguém, mas achei que
não deveria incomodar ninguém com este assunto. Neste momento o
telefone toca e do outro lado à voz suave e doce de uma amiga e
irmã em Cristo. Então ela me pergunta se está tudo bem, pois meu
nome havia surgido em sua mente de uma maneira tão forte que ela
precisou deixar tudo o que estava fazendo para ligar. Quem me ligou
é alguém que está nos ajudando a lavar os pés deste casal, então
pude falar da minha inquietação e sabia que ela iria entender. E entre
tantas coisas ela me disse algo que está ecoando até agora em minha
mente: “Nós fomos ensinadas a amar”. Ela disse: Eu também me
encontro cansada, pois não consigo ver postura neles, mas nós fomos
ensinadas a amar e Deus será justo.
Não há como retroceder, não há como viver de outra maneira. Ele
nos ensinou a amar.
Ontem ao sair coloquei no carro minha Bíblia e um dos livros de Max
Lucado (Simplesmente Como Jesus). Enquanto estava no trânsito
abri minha Bíblia e o que Deus tinha reservado para mim se encontra
no Salmo 31. O salmista declara: “Viverei feliz porque senti o teu
amor cuidadoso em ação na minha vida. Tu viste os meus
problemas, o meu coração apertado, e não permitiste que os
meus inimigos me dominassem. Pelo contrário. Tu me deste
um caminho largo e passos bem firmes. Sê bondoso comigo,
Senhor, porque estou confuso e cheio de problemas. Já estou
cansado de tanto chorar, já estou fraco de tanta tristeza”. (Sl
31.7-8)
Em muitos momentos não conseguimos entender direito a razão de
se dar graças a Deus por determinadas coisas que surgem no nosso
dia-a-dia, mas o salmista declara que viverá feliz porque sentiu o
amor cuidadoso em ação na sua vida. Isto é maravilhoso!
Durante a audiência com o Supremo Juiz, eu colocava as minhas
razões para deixar esta função. Sinto-me frustrada ao ver alguém
correndo atrás de previsões e querendo o tempo todo que alguém
decida a sua vida por não desejar dobrar os joelhos e buscar a face
de Deus. Alguém que prefere previsões ao invés de ter disciplina da
leitura da Palavra. Eles vivem olhando para todos os lados
procurando esperança, mas só encontram medo, tristeza e
desespero. Quem vive atrás destas coisas, vive como escravo,
cansado e morto de fome e quando a fome aperta, ofendem os
líderes e a Deus.
Dizia a Deus do meu cansaço pela falta de postura. Dizia a ele
quanto estava cansada de lavar toda esta sujeira. A bacia sempre fica
cheia de mentiras, prostituição, infidelidade, falta de compromisso
com Deus, negligência com sua filhinha que assiste as agressões
físicas, com os pais da esposa que também são obrigados a assistir
toda esta situação decadente. Nós desejamos ardentemente que eles
vivam de acordo com a Palavra de Deus e não conseguimos ver
esforço algum e como ser humano que sou muitas vezes me sinto
cansada e frustrada.
E sabe de uma coisa? Nós precisamos estar vigilantes, pois fomos
todos feitos do mesmo material. Precisamos nos esforçar a cada dia.
Ele me dá espaço para me sentir frustrada, mas não me dá o direito
de julgar. Ele me dá espaço para falar da minha indignação, mas não
posso julgar. Pois somente o sangue de Jesus Cristo nos purifica de
todo pecado.
Então, chego ao hospital e enquanto espero a minha hora de ser
atendida abro o livro de Max Lucado e Deus que me faz sentir o Seu
amor cuidadoso em ação em minha vida respondendo através do
autor: “Relacionamentos são bem-sucedidos não pela punição
dos culpados, mas pela misericórdia dos inocentes”. “De todos
os homens naquela sala, apenas um era digno de ter seus pés
lavados. E Ele foi o que lavou os pés dos outros. O que era
digno de ser servido serviu os outros. A genialidade no
exemplo de Jesus é que o fardo da construção da ponte recai
sobre o forte, não sobre o fraco. O único inocente foi o único a
tomar a iniciativa”. (Livro: Simplesmente Como Jesus –pág.
33)
O nosso Deus nos mostra como devemos dar graças por tudo e
também nos concede poder para fazê-lo. Ele nos mostra razões de
sermos gratos em qualquer situação, mesmo não compreendendo os
porquês da situação em si. Muitas vezes no instante em que as
coisas acontecem não conseguimos estar gratos e nem mesmo
manter a calma e a melhor coisa é parar e ser sincera com Ele e dar
graças mesmo sem entender.
O nosso Deus sabe quando estamos confusos, cheios de problemas e
cansados de chorar e quando conseguimos ser honesto conosco
mesmos e principalmente com Ele, a Sua luz vem, nos ilumina. E um
coração queixoso não pode sobreviver ao espírito de gratidão.
Quando parece que o dia tornou-se noite, podemos perceber que na
verdade é à sombra da Sua mão que se estende para nos afagar e
quanto mais vazio estiver o nosso cálice, mas espaço haverá para
recebermos do Seu amor. O Deus que nós servimos é santo. Ele é a
luz do mundo. Se nós o seguirmos, não vamos tropeçar na escuridão,
porque sobre o nosso caminho será derramado luz viva. Os ensinos
de Deus nos conduzem a vida eterna, mas todo aquele que o rejeita e
despreza a sua Palavra será julgado no dia do juízo pelas verdades
que Ele mesmo revelou. E a mim e você só cabe obedecer.
“Você pode estar certo de que Jesus conhece o futuro de cada
pé que está lavando”. Max Lucado
Graça e Paz
!
Regina Lopes

12 de fevereiro de 2012

A ÁGUA É INDISPENSÁVEL





Defesa da saúde: a água é indispensável


Sempre que dou aula de Clínica Médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta:
-Quais as causas que mais fazem pessoas com mais de 60 ANOS terem confusão mental?

Alguns arriscam: "Tumor na cabeça".
Eu digo: "Não".
Outros apostam: "Mal de Alzheimer". Respondo, novamente: "Não". A cada negativa a turma espanta-se.

E ficam ainda mais boquiabertos quando enumero os três responsáveis mais comuns: - diabetes descontrolado; - infecção urinária;
- a família passou um dia inteiro no shopping, enquanto os familiares mais velhos ficaram em casa.

Parece brincadeira, mas não é.
Constantemente, sem sentir sede, deixamos de tomar líquidos.
Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez.
A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo.
Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos ("batedeira"), angina (dor no peito), coma e até morte.

Insisto: não é brincadeira. A partir dos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água no corpo.
Isso faz parte do processo natural de envelhecimento.
Portanto, menor reserva hídrica..
Mas há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água,
Pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.

Conclusão:
Pessoas com mais de 60 anos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo.
Mesmo que a pessoa seja saudável, fica prejudicado o desempenho
Das reações químicas e funções de todo o seu organismo.

Por isso, aqui vão dois alertas:O primeiro é para os MAIORES DE 60 ANOS:

Tornem voluntário o hábito de beber líquidos.
Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite.
Sopa, gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi,
Laranja e tangerina, também funcionam.

O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para dentro.
Lembrem-se disso!

Meu segundo alerta é para os familiares:
Ofereçam constantemente líquidos aos familiares com mais de 60 anos.
Ao mesmo tempo, fiquem atentos.
Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro,
Ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção.
É quase certo que sejam sintomas decorrentes de desidratação.
"Líquido neles e rápido para um serviço médico".

Arnaldo Lichtenstein (46), médico, é clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Gostou?
Então divulgue.
Seus amigos que estão perto, ou ultrapassam os 60, merecem saber.

Cuidados Médicos, depois dos 60 anos






Enviado por Mauro Ribeiro

11 de fevereiro de 2012

SALVÉ RAINHA EM GREGORIANO

O EVANGELHO É NOTÍCIA



O Evangelho é Notícia
Janeiro de 2012
Missão: Evangelho e libertação do mal
IV Domingo do Tempo Comum
Ano B – 29.01.2012
Deuteronómio 18,15-20Salmo 94
1Coríntios 7,32-35
Marcos 1,21-28
Reflexões
«Deus é médico e é também medicamento!», dizia justamente o santo capuchinho Leopoldo Mandic (1866-1942) aos seus penitentes no confessionário de Santa Cruz em Pádua. Palavras em total sintonia com o trecho evangélico de hoje. Desde o início do seu Evangelho, Marcos apresenta Jesus como uma figura extraordinária em palavras e gestos: um mestre que provoca admiração, porque ensina com autoridade moral (v. 22), isto é, com eficácia; um taumaturgo que com um simples gesto e uma ordem («cala-te, sai») expulsa de um homem um espírito impuro (v. 25-26). Temor, surpresa, fama, admiração, mas também muitas esperanças, são os sentimentos que aquele novo Rabi misterioso, convincente e poderoso, suscita no coração de todos «imediatamente por toda a parte» (v. 28). Dessa forma, toma corpo em Jesus aquele profeta ideal que Deus tinha prometido ao seu povo por meio de Moisés (I leitura). Em poucas linhas, Marcos lança as bases para que o catecúmeno – e hoje o cristão – possa fazer um progressivo caminho à descoberta de Cristo, um itinerário de escuta e de procura, caminhando da obscuridade para a luz, para a Páscoa e a missão.
O episódio do homem possesso por um espírito impuro, que grita e se contorce, induz a algumas reflexões sobre a existência dos espíritos do mal que, em formas múltiplas e dramáticas, atormentam as pessoas no corpo, na psique e no espírito. É sabido que algumas manifestações atribuídas ao diabo, eram, e são ainda hoje, simplesmente doenças, mesmo se pouco conhecidas. Este facto porém não deve justificar as dúvidas sobre a existência do espírito maligno ou sobre a acção negativa que tal espírito tem sobre as pessoas. Negá-lo seria ingenuidade, que serviria apenas para favorecer a expansão do mal no mundo. Os Evangelhos apresentam-nos numerosos milagres de Cristo sobre pessoas que eram vítimas de males estranhos de natureza psicossomática. A acção sanativa de Jesus abarca a pessoa de modo integral: Ele cura, simultaneamente, o corpo, a psique e a alma.
Para fazer frente ao mal, ao destino e às forças negativas em geral, todos os povos fizeram recurso a meios como o espiritismo, a adivinhação, o ocultismo, confiando-se a magos, bruxos, astrólogos, feiticeiros, videntes, adivinhos, horóscopos, etc… Deus tinha já proibido estas práticas ao seu povo (Dt 18,10-11). Porque se trata, demasiadas vezes, de um obscuro mundo de fraudes, que explora – em troca de chorudas compensações económicas – os receios, a ingenuidade, a credulidade das pessoas, a ignorância sobre Deus, gerando falsas consolações, seguidas rapidamente por frustrações e desespero. Segundo a experiência comum dos missionários que operam em várias partes do mundo, medos e enganos são sinais típicos de paganismo. Mas são realidades que continuam a serpentear entre os cristãos, quando estes não estão totalmente convertidos interiormente: quando não aprenderam, por um lado, a aceitar alguns limites conaturais à vida humana e, por outro, a confiar na orientação amorosa e providente do Pai da Vida. Frequentemente alguns resíduos de paganismo continuam a conviver em pessoas crentes, por vezes também em pessoas de vida consagrada.
O caminho de conversão é necessário para todos e dura toda a vida, porque cada pessoa humana nasce pagã, isto é, não cristã. Uma pessoa não nasce cristã: torna-se cristã. O caminho de conversão recomeça com cada pessoa que nasce: de facto, o Baptismo não é senão o início de um processo de crescimento espiritual. A conversão cristã consiste na progressiva libertação dos medos, dos ídolos e das múltiplas formas de falsidade. Expondo-se sem véus à verdade do Evangelho, cada pessoa faz experiência e dá testemunho da liberdade interior que brota da adesão a Cristo. Os santos são pessoas que, com a graça divina, atingiram um maior grau de libertação das formas de paganismo. De facto, a adesão a Cristo gera liberdade, porque só Ele é a verdade que torna livres (Jo 8,32; 14,6). Porque Jesus, com o seu sofrimento ajuda-nos a dar sentido ao nosso sofrimento e a enfrentar as provações com serenidade. (*)
A pregação evangelizadora, embora sempre benévola e compreensiva para com as pessoas que erram ou são doentes, deve ser vigorosa e acutilante contra o mal. O facto que o endemoninhado do Evangelho, esteja primeiro tranquilo na sinagoga e, depois do ensinamento autorizado de Jesus, comece a rebelar-se e a gritar contra Ele (v. 22-24), convida a reflectir sobre a força e autenticidade da nossa pregação. Esta não pode ser indulgente ou branda para com o mal, por medo de incomodar, mas deve sacudir as consciências, estimular as pessoas a uma mudança de vida e indicar o caminho que conduz ao encontro verdadeiro com Deus e com os irmãos, na comunidade dos crentes em Cristo. Só assim o anúncio missionário do Evangelho de Jesus exerce o seu poder libertador e salvador: expulsa os demónios, cura as feridas, renova e transforma as pessoas desde dentro.
Palavra do Papa
(*) «Jesus sofre e morre na cruz por amor. Desse modo, vendo bem, deu sentido ao nosso sofrimento, um sentido que muitos homens e mulheres em cada época compreenderam e assumiram, experimentando serenidade profunda mesmo na amargura de duras provas físicas e morais… Tenhamos a certeza: nenhuma lágrima, nem de quem sofre, nem de quem lhe está próximo, se perde diante de Deus».
Bento XVI
Angelus dominical, 1 de Fevereiro de 2012
No encalço dos Missionários
- 29/1: Jornada Mundial dos Doentes de Lepra, fundada por Raoul Follereau em 1954. Tema para a 59ª Jornada 2012: «Faz da tua vida algo que valha».
- 29/1: S. José Freinademetz (1852-1908), da Sociedade do Verbo Divino.
- 30/1: Memória de Mohandas Karamchand Gandhi, conhecido como «Mahatma» (alma grande) da Índia (1869-1948), líder da «não-violência-activa», assassinado em Deli.
- 31/1: S. João Bosco (1815-1888), fundador da família Salesiana; enviou os primeiros missionários salesianos para a Argentina.
- 31/1: B. Candelária de S. José (Susanna Paz-Castillo Ramírez). Nasceu e viveu na Venezuela (1863-1940) e fundou uma congregação ao serviço dos doentes e necessitados.
- 1/2: B. Luís Variara (1875-1923), missionário salesiano italiano, que viveu entre os leprosos e morreu em Cúcuta (Colômbia).
- 2/2: Apresentação do Senhor Jesus, proclamado como «salvação oferecida a todos os povos, luz para se revelar às nações» (Lc 2, 31-32). – Dia da Vida Consagrada.
- 2/2: S. João Teofano Vénard (1829-1861), sacerdote da Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris, mártir em Hanoi (Vietname). As suas cartas inspiraram também Santa Teresa de Lisieux no amor e dedicação às missões.
- 3/2: B. Maria Helena Stollenwerk (†1900): juntamente com S. Arnoldo Janssen (15/1) e a B. Josefa Stenmanns (20/5) fundou em Steyl (Holanda) as Missionárias Servas do Espírito Santo.
- 4/2: S. João de Brito (1647-1693), missionário jesuíta português, conseguiu muitas conversões e morreu mártir na Índia.
- 4/2: Em 1974 foi aprovada no Haiti a primeira lei que abolia a escravatura na América Latina/Caraíbas.
Colaboração e agradecimentos
Coordenação: P. Romeo Ballan - Missionários Combonianos (Verona)
Sítio Web: «Palavra para a Missão»






Enviado por MAURO RIBEIRO

DOMINGO VI DO TEMPO COMUM

NOSSA SENHORA DE LURDES

5 de fevereiro de 2012

3 de fevereiro de 2012

UMA HISTÓRIA DE AMOR



Ela deu um pulo assim que viu o cirurgião a sair da sala de operações.

Perguntou:
-Como é que está o meu filho? Ele vai ficar bom?
- Quando é que eu posso vê-lo?'

O cirurgião respondeu:
- Tenho pena. Fizémos tudo mas o seu filho não resistiu.

Sally perguntou:
- Porque razão é que as crianças pequenas tem câncer? Será que Deus não se preocupa?
- Aonde estavas Tu, Deus, quando o meu filho necessitava?...'

O cirurgião perguntou:
-Quer algum tempo com o seu filho? Uma das enfermeiras irá trazê-lo dentro de alguns minutos e depois será transportado para a Universidade.

Sally pediu à enfermeira para ficar com ela enquanto se despedia do seu filho. Passou os dedos pelo cabelo ruivo do seu filho.

- Quer um cachinho dele?' Perguntou a enfermeira.
Sally abanou a cabeça afirmativamente.

A enfermeira cortou o cabelo e colocou-o num saco de plástico, entregando-o a Sally.

- Foi ideia do Jimmy doar o seu corpo à Universidade porque assim talvez pudesse ajudar outra pessoa, disse Sally. No início eu disse que não, mas o Jimmy respondeu:
- Mãe, eu não vou necessitar do meu corpo depois de morrer. Talvez possa ajudar outro menino a ficar mais um dia com a sua mãe.

Ela continuou:
- O meu Jimmy tinha um coração de ouro. Estava sempre a pensar nos outros. Sempre disposto a ajudar, se pudesse.

Depois de aí ter passado a maior parte dos últimos seis meses, Sally saiu do "Hospital Children's Mercy" pela última vez.
Colocou o saco com as coisas do seu filho no banco do carro ao lado dela.
A viagem para casa foi muito difícil.
Foi ainda mais difícil entrar na casa vazia.

Levou o saco com as coisas do Jimmy, incluindo o cabelo, para o quarto do seu filho.
Começou a colocar os carros e as outras coisas no quarto exatamente nos locais onde ele sempre os teve.
Deitou-se na cama dele, agarrou a almofada e chorou até que adormeceu.

Era quase meia-noite quando acordou e ao lado dela estava uma carta.

A carta dizia:
-Querida Mãe,
Sei que vais ter muitas saudades minhas; mas não penses que me vou esquecer de ti, ou que vou deixar de te amar só porque não estou por perto para dizer:"AMO-TE".
Eu vou sempre amar-te cada vez mais, Mãe, por cada dia que passe.
Um dia vamos estar juntos de novo. Mas até chegar esse dia, se quiseres adotar um menino para não ficares tão sozinha, por mim está bem.
Ele pode ficar com o meu quarto e as minhas coisas para brincar. Mas se preferires uma menina, ela talvez não vá gostar das mesmas coisas que nós, rapazes, gostamos.
Vais ter que comprar bonecas e outras coisas que as meninas gostam, tu sabes.
Não fiques triste a pensar em mim. Este lugar é mesmo fantástico!
Os avós vieram me receber assim que eu cheguei para me mostrar tudo, mas vai demorar muito tempo para eu poder ver tudo.
Os Anjos são mesmo lindos! Adoro vê-los a voar!
E sabes uma coisa?...
O Jesus não parece nada como se vê nas fotos, embora quando o vi o tenha conhecido logo.
Ele levou-me a visitar Deus!
E sabes uma coisa?...
Sentei-me no colo d'Ele e falei com Ele, como se eu fosse uma pessoa importante. Foi quando lhe disse que queria escrever-te esta carta, para te dizer adeus e tudo mais.
Mas eu já sabia que não era permitido.
Mas sabes uma coisa Mãe?...
Deus entregou-me papel e a sua caneta pessoal para eu poder escrever-te esta carta.
Acho que Gabriel é o anjo que te vai entregar a carta.
Deus disse para eu responder a uma das perguntas que tu Lhe fizeste,
"Aonde estava Ele quando eu mais precisava?"...
Deus disse que estava no mesmo sítio, tal e qual, quando o filho dele,
Jesus, foi crucificado. Ele estava presente, tal e qual como está com todos os filhos dele.
Mãe, só tu é que consegues ver o que eu escrevi, mais ninguém.
As outras pessoas veem este papel em branco.
É mesmo maravilhoso não é!?...
Eu tenho que dar a caneta de volta a Deus para ele poder continuar a escrever no seu Livro da Vida.
Esta noite vou jantar na mesma mesa com Jesus.
Tenho a certeza que a comida vai ser boa.
Estava quase a esquecer-me: já não tenho dores, o câncer já se foi embora.
Ainda bem, porque já não podia mais e Deus também não podia ver-me assim.
Foi quando ele enviou o Anjo da Misericórdia para me vir buscar.
O anjo disse que eu era uma encomenda especial! O que dizes a isto?...
Assinado com Amor de Deus, Jesus e de Mim.


(vamos ver se Satanás consegue parar esta carta.)
Tira 60 segundos e reenvia-a.

Dentro de uma hora voçê irá sentir o espírito de Deus a entrar na tua vida.

Deixa Ele fazer o que Ele gosta, quando tu não estás a fazer nada Ele está.

DEVOÇÃO DOS CINCO PRIMEIROS SÁBADOS




A Magnifica Promessa dos Cinco Primeiros Sabados

"A quem abraçar esta devoção, Eu prometo a salvação."

... Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de Junho de 1917



Que promessa tão admirável e assombrosa aquela que foi feita no dia 13 de Junho de 1917! Mas apesar desta promessa, ficamos ainda tentados a duvidar. Por uma graça especial, a Beata Jacinta sentia o coração consumido por um amor ardente ao Imaculado Coração de Maria. E nós? Ficamos frios, ou o nosso fervor dura muito pouco. Poderíamos alguma vez saber se a nossa devoção é assim tão grande para que Nossa Senhora quisesse manter a Sua promessa para connosco? .

É neste ponto que ficamos assombrados pela ilimitada Misericórdia Divina e pelo carácter profundamente católico das revelações de Fátima. Não há sequer, em toda a mensagem, vestígios do subjectivismo protestante! Aqui, o Céu vai até aos limites da indulgência, e as profecias mais sublimes ("Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração") transformam-se em pedidos muito pequenos, claros e precisos, pedidos fáceis que não dão lugar à dúvida. Todos podem saber se os conseguiram realizar ou não. Uma "pequena devoção", praticada de coração generoso, é suficiente para todos nós recebermos infalivelmente esta graça, ex opere operato – quer dizer, tal como acontece com os sacramentos. E a graça que receberemos é a graça da salvação eterna! Vale a pena estudar cuidadosamente esta promessa tão magnífica. Este é o cumprimento e a expressão perfeita da primeira parte do grande Segredo que, na sua totalidade, se refere à salvação das almas.

De Fátima a Pontevedra: o cumprimento do Segredo. Ao descrever as aparições e ao explicar a mensagem de Pontevedra, falaremos apenas das palavras pronunciadas por Nossa Senhora a 13 de Julho de 1917. São palavras concisas, mas muito ricas em significado:

"Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas ... virei pedir ... a Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados de cada mês."

Portanto, é este o primeiro "Segredo de Maria" que nós devemos descobrir e entender. É uma forma segura e fácil de arrancar as almas aos perigos do inferno: primeiro, as nossas almas; e também as dos nossos próximos; e até as almas dos maiores pecadores – porque a misericórdia e o poder do Imaculado Coração de Maria não têm limites.

I. Pontevedra: As Aparições e a Mensagem1

Dia 10 de Dezembro de 1925: a Aparição do Menino Jesus e de Nossa Senhora

Na noite de quinta feira, 10 de Dezembro, logo depois do jantar, a jovem postulante Lúcia, que tinha apenas 18 anos, voltou à sua cela. Foi ali que recebeu a visita de Nossa Senhora e do Menino Jesus. Escutemos a sua narração2 (escrita no terceira pessoa):

"A 10 de Dezembro de 1925, apareceu-lhe a Santíssima Virgem e, a Seu lado, suspenso numa nuvem luminosa, o Menino Jesus. A Santíssima Virgem pousou a mão no ombro de Lúcia e, nesse momento, mostrou-lhe um Coração cercado de espinhos que tinha na outra mão. Ao mesmo tempo, disse o Menino:

‘Tem pena do Coração de tua Mãe Santíssima, que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Lhe cravam, sem haver quem faça um acto de reparação para os tirar’.

E a Santíssima Virgem disse-lhe:

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’3

Que cena tão comovente e ao mesmo tempo tão singela, contada com a sobriedade do próprio Evangelho! Que diálogo tão encantador, em que o Menino Jesus e Sua Mãe falam alternadamente — Ele para implorar por causa Dela, e Ela para fazer os seus pedidos... que nos conduzem até Seu Filho.

Como de costume, a vidente apaga-se a si mesma, e não nos diz uma única palavra sobre os seus próprios sentimentos. Não será este o sinal mais inequívoco de autenticidade, que dá ao seu relato plena vigência? Ela está ali para ver, para ouvir, para contar o que aconteceu, e nada mais.

No entanto, quanta intimidade percebemos existir entre a Santíssima Virgem e a Sua mensageira! Como Santa Catarina Labouré, ela recebeu nesse dia o privilégio de ser tocada por Nossa Senhora num gesto solene e afectuoso, tal como quando uma mãe quer dar a um filho uma missão confidencial. A Santíssima Virgem pôs a mão sobre o ombro de Lúcia, permitindo-lhe contemplar o tristíssimo Coração de Nossa Senhora e dá-lo a conhecer aos outros.

Finalmente, vejamos o tom e as palavras desta grande promessa. São semelhantes às das aparições de 1917. Tão concisas! Tal como as do Segredo do dia 13 de Julho, onde nem uma só palavra se pode suprimir sem alterar seriamente a sequência do pensamento. Também esta é uma mostra irrefutável de autenticidade.

A transmissão da Mensagem

De que maneira deu Lúcia a conhecer os pedidos do Céu? Sabemos que ela imediatamente contou tudo à sua Superiora, a Madre Magalhães, que se convenceu plenamente da causa de Fátima e tinha agora um respeito sincero pela vidente. Ela própria se mostrou disponível para obedecer aos pedidos do Céu. Lúcia também informou o confessor da Casa, Dom Lino García: "Este último – lembra Lúcia – ordenou-me que escrevesse tudo o que dizia respeito (a esta revelação) e que guardasse esses escritos, que talvez pudessem ser necessários".4 No entanto, ele continuou à espera ...

Lúcia escreveu um reconto detalhado do acontecimento em carta para o seu confessor, Monsenhor Pereira Lopes, do Asilo de Vilar. Infelizmente esta carta perdeu-se, e só sabemos da sua existência porque se faz referência a ela numa carta posterior. A 29 de Dezembro, a Madre Magalhães informou o Bispo da Silva acerca do que havia acontecido, mas sem ser muito precisa.5

Por essa altura, Lúcia recebeu finalmente resposta de Monsenhor Pereira Lopes. Ele expressou certas reservas, fez perguntas e aconselhou-a a esperar. Uns dias depois, a 15 de Fevereiro, Lúcia respondeu-lhe, fazendo-lhe uma narração detalhada dos acontecimentos. Felizmente, esta carta importantíssima foi-nos conservada.6 Vamos seguir passo a passo esse precioso texto, adicionando os nossos próprios subtítulos e comentários.

Uma espera dolorosa

"Revmo. Senhor Doutor:

Venho, com todo o respeito, agradecer a amável cartinha que a caridade de Vossa Reverência fez o favor de me escrever.

Quando a recebi, e vi que ainda não podia atender aos desejos de Nossa Senhora, senti-me um pouco triste. Mas logo reflecti que os desejos de Nossa Senhora eram que eu obedecesse às ordens de Vossa Reverência.

Fiquei tranquila e, no dia seguinte, quando recebi a Jesus Sacramentado, li-Lhe a carta e disse: ‘Ó meu Jesus! Eu, com a Vossa graça, a oração, a mortificação e a confiança, farei tudo quanto a Obediência me permitir e Vós me inspirardes; e o resto fazei-o Vós.’

Assim fiquei até ao dia 15 de Fevereiro. Esses dias foram duma contínua mortificação interior. Pensava se teria sido um sonho, mas sabia que não; sabia que tinha sido realidade. Mas se eu tinha correspondido tão mal às graças recebidas até ali, como é que Nosso Senhor Se dignava aparecer-me outra vez?!

Chegava-se o dia de me ir confessar, e não tinha licença de dizer nada!7 Podia dizê-lo à Madre Superiora, mas durante o dia as minhas ocupações não mo permitiam! À noite, estava com dores de cabeça! E eu, temendo faltar à caridade, pensava: ‘Fica para amanhã! Óereço-Vos este sacrifício, minha querida Mãe!’ E assim se passaram, um atrás do outro, todos os dias até hoje.

No dia 15, andava eu muito ocupada com o meu trabalho, e quase nem disso me lembrava. E indo eu despejar um caixote do lixo fora do quintal ..."

História de um prelúdio encantador (Novembro ou Dezembro de 1925)

"(No mesmo lugar) onde, alguns meses antes, tinha encontrado um menino a quem tinha perguntado se sabia a Ave-Maria, e, respondendo-me que sim, lhe mandei que a dissesse para eu ouvir. Mas como se não resolvia a dizê-la sozinho, disse-a eu com ele, três vezes. Ao fim das três Ave-Marias, pedi-lhe que a dissesse sozinho. Mas como se calou e não foi capaz de dizer a Ave-Maria sozinho, perguntei-lhe se sabia onde era a igreja de Santa Maria. Respondeu-me que sim. Disse-lhe que fosse lá todos os dias, e que dissesse assim: ‘Ó minha Mãe do Céu, dai-me o Vosso Menino Jesus!’ Ensinei-lhe isto, e vim-me embora."

Aqui, em virtude dos acontecimentos, Lúcia vê-se obrigada a falar um pouco de si própria, e as suas poucas confidências revelam-nos algo da sua alma maravilhosa.8 Perto da porta do jardim, ela encontra um menino. Lembra-se de lhe falar da Virgem Maria, para lhe ensinar a rezar. Depois pede-lhe para rezar a Ave-Maria... só pela alegria de a ouvir na sua voz. Como ele não conseguiu dizê-la sozinho, Lúcia recita-a com ele três vezes, de acordo com a prática antiga das três Ave-Marias em honra de Nossa Senhora.

Como o menino parecia não querer recitar a Ave-Maria sozinho, a nossa catequista – que não queria perder esta oportunidade de cumprir a sua missão de fazer conhecer e amar Nossa Senhora – sugeriu outra ideia: convidou-o a ir todos os dias à igreja de Santa Maria. De facto, a Basílica de Santa Maria Maior fica bastante perto da Casa das Irmãs Doroteias. Foi este acontecimento um pouco antes ou depois da aparição do Menino Jesus, no dia 10 de Dezembro? Não o sabemos. Em todo o caso, a jovem postulante ensinou ao menino esta linda e breve oração, que certamente era dela também: a sua oração mais frequente e fervorosa do Advento de 1925. "Ó Mãe do Céu, dai-me o Vosso Menino Jesus". E depois foi-se embora.



" Se Fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz ... virei pedir ... a comunhão reparadora nos primeiros sábados dos mês."

... Nossa Senhora à Irmã Lúcia, 13 de Julho, 1917


15 de Fevereiro de 1926: uma nova aparição do Menino Jesus

O emotivo relato de Lúcia, que estamos a citar extensamente, continua:

"No dia 15 de Fevereiro de 1926, voltando eu lá (a esvaziar um caixote do lixo), como é costume, encontrei de novo um menino que me parecia o mesmo da outra vez, e perguntei-lhe: ‘Então, tens pedido o Menino Jesus à Mãe do Céu?’ A criança volta-se para mim, e diz: ‘E tu? Tens espalhado pelo mundo aquilo que a Mãe do Céu te pediu?’ E, nisto, transforma-se num Menino resplandecente.

"Conhecendo, então, que era Jesus, disse-Lhe:

‘Meu Jesus! Vós be sabeis o que o meu confessor me disse na carta que Vos li. Dizia que era preciso que aquela visão se repetisse, que houvesse factos para ser acreditada; e a Madre Superiora, sozinha, a espalhar este facto, nada podia.’

‘É verdade que a Madre Superiora, só, nada pode; mas, com a Minha graça, pode tudo. E basta que o teu confessor te dê licença, e a tua Superiora o diga, para que seja acreditado, até sem se saber a quem foi revelado.’

‘Mas o meu confessor dizia na carta que esta devoção não fazia falta no mundo, porque já havia muitas almas que Vos recebiam nos primeiros sábados (do mês), em honra de Nossa Senhora e dos quinze Mistérios do Rosário.’

‘É verdade, Minha filha, que muitas almas os começam, mas poucas os acabam; e, as que os terminam, é com o fim de receberem as graças que aí são prometidas. Agrada-Me mais quem fizer os cinco (Primeiros Sábados) com fervor e com o fim de desagravar o Coração da tua Mãe do Céu, do que quem fizer os quinze, tíbio e indiferente.’

‘Meu Jesus, muitas almas têm dificuldade em se confessar ao Sábado. Se Vós permitísseis que a confissão de oito dias fosse válida...’

‘Sim. Pode ser; e de muitos dias mais, contanto que estejam em graça no primeiro sábado, quando Me receberem; e que, nessa confissão anterior, tenham feito a intenção de com ela desagravar o Sagrado Coração de Maria.’

‘Meu Jesus, e as que se esquecerem de formular essa intenção?’

‘Podem-na formular logo na confissão seguinte, aprovei tando a primeira ocasião que tiverem para se confessar.’




"É verdade, Minha filha, que muitas almas os começam, mas poucas os acabam; e as que os terminam, é com o fim de receberem as graças que aí são prometidas. Agrada-Me mais quem fizer os cinco (Primeiros Sábados) com fervor e com o fim de desagravar o Coração da tua Mãe do Céu, do que quem fizer os quinze, tíbio e indiferente."

... Jesus falando à Irmã Lúcia de Fátima


"Nisto, desapareceu, sem que até hoje eu tenha sabido mais nada dos desejos do Céu."9

Também aqui, uma crítica interna deste texto exclui todas as posições daqueles que pudessem não aceitar esta aparição, sugerindo tratar-se de ilusões ou de invenções de uma mente perturbada. Os factos, dados a conhecer de forma tão encantadora, são demasiado claros, simples e ao mesmo tempo sobrenaturais, para serem invenção de uma alma doente. Por outro lado, são surpreendentes demais – místicos, até –, para, à primeira vista, serem obra de um qualquer teólogo. Quem poderia inventar tal história a partir do nada?

Em primeiro lugar, há meses que a nossa vidente esvaziava, todos os dias, os caixotes do lixo do convento. E ela está feliz. Não parece pertubada pelas circunstâncias humilhantes da aparição. Para lhe fazer lembrar os Seus grandes desígnios para o mundo e para a salvação das almas, o Céu escolheu precisamente o momento em que a Sua mensageira estava ocupada a fazer uma tarefa insignificante, humilde e desprezível. Repare-se que uma pessoa orgulhosa, mitomaníaca, enganada por falsas aparições, ter-se-ia imaginado em circunstâncias extraordinárias ou, pelo menos, fora do comum – mas nunca nestas. Teria receado parecer ridícula ou não digna de credibilidade. Lúcia narra os factos com toda a simplicidade, tal como aconteceram, sem se admirar de o Deus Menino, que nasceu num estábulo, ter escolhido esta humilde circunstância para Se manifestar.

Resta-nos explicar o significado e a importância da mensagem de Pontevedra que, apesar de ser apenas o complemento, ou melhor, o cumprimento da Mensagem de Fátima, se reveste de uma importância muito especial.

II. A grande promessa e as suas condições


O mais assombroso de Pontevedra é, certamente, a incomparável promessa de Nossa Senhora: "A todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro Sábado ...", cumprirem todas as condições pedidas, "Eu prometo assistir-lhes à hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação". Com generosidade ilimitada, a Santíssima Virgem promete aqui a maior, a mais sublime de todas as graças: a da perseverança final. Ora esta graça, ninguém a pode garantir para si próprio – nem com uma vida inteira de santidade, empregada em oração e sacrifício –, porque se trata de um dom puramente gratuito da Misericórdia Divina. E a promessa é sem nenhuma exclusão, limitação ou restrição: "A todos aqueles que ... Eu lhes prometo ... ".

A desproporção entre "a pequena devoção" pedida e a imensa graça que traz revela-nos, em primeiro lugar e de modo especial, o poder quase infinito de intercessão concedido à Santíssima Virgem Maria para a salvação de todas as almas. "A grande promessa – escreve o Padre Alonso – não é outra coisa senão uma nova manifestação desse amor complacente que a Santíssima Trindade sente pela Santíssima Virgem. Para os que entenderem isto, é fácil aceitar que tais promessas maravilhosas possam estar ligadas a práticas tão humildes. Essas almas aceitam a promessa com amor filial e de coração simples, cheias de confiança na Santíssima Virgem Maria".10

Em resumo, podemos dizer com toda a veracidade que o primeiro fruto da Comunhão reparadora é a salvação de quem a pratica. Não ponhamos nenhum limite à Misericórdia Divina e sigamos à letra a promessa da Santíssima Virgem Maria: qualquer pessoa que cumpra todas as condições expostas pode estar certa de que obterá, pelo menos à hora da morte – e mesmo tendo a desgraça de recair em pecado grave – as graças necessárias para obter o perdão de Deus e ficar protegido do castigo eterno.

Mas há muito mais nesta promessa, como veremos, porque o espírito missionário está presente em toda a espiritualidade de Fátima. A Devoção de Reparação é-nos também recomendada, como um meio para converter os pecadores que possam estar diante do perigo maior de se condenarem, e como o meio mais eficaz de intercessão do Imaculado Coração de Maria para obter a paz no mundo.11

Se Nossa Senhora quis atribuir tão abundantes frutos à prática desta "pequena devoção", não terá sido para nos prender mais a atenção e mover o nosso coração a praticá-la? E não terá sido também para nos levar a conseguir que outros, ao nosso redor, a pratiquem? Para tal, é importante estar familiarizado com as condições expostas, e ter delas um conhecimento preciso.

Desde 1925 que a Irmã Lúcia não deixa de as repetir, e sempre nos mesmos termos. São cinco essas condições, às quais se acrescenta uma sexta que se refere à intenção geral com que os outros actos pedidos se devem praticar.

1. O Primeiro Sábado de cinco meses seguidos

"Todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro Sábado ..." Este primeiro requisito do Céu não contém nada de arbitrário, nem nada totalmente novo. Ajusta-se à tradição imemorial da piedade católica que, havendo dedicado as sextas-feiras para recordar a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e honrar o Seu Sacratíssimo Coração, acha perfeitamente natural dedicar os Sábados à Sua Mãe Santíssima. É esta tradição venerável que motivou a escolha do sábado.

Porém, isto não diz o suficiente: se virmos mais de perto, o grande pedido de Pontevedra aparece como a culminação feliz de um movimento completo de devoção. O que começou espontaneamente e foi mais tarde encorajado e codificado por Roma, não parece ser outra coisa senão a preparação providencial para o que estava para vir.

Os quinze sábados em honra de Nossa Senhora do Santíssimo Rosário. "Durante muito tempo, os membros das várias Confrarias do Rosário tiveram o costume de dedicar quinze sábados seguidos à Rainha do Santíssimo Rosário, antes da Sua festa ou em alguma outra época do ano. Em cada um destes sábados, todos recebiam os sacramentos e realizavam exercícios piedosos em honra dos quinze mistérios do Rosário". Em 1889, o Papa Leão XIII concedeu a todos os fiéis uma indulgência plenária num destes quinze sábados. Em 1892, "concedeu também, àqueles que estavam legitimamente impedidos ao sábado, a possibilidade de realizar este exercício piedoso no Domingo, sem perder as indulgências".12

Os doze Primeiros Sábados do mês. Com São Pio X, a devoção dos primeiros sábados do mês foi aprovada oficialmente: "Todos os fiéis que, no primeiro sábado ou no primeiro domingo de doze meses seguidos, dedicarem algum tempo à oração vocal ou mental em honra da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem ganham, em cada um desses dias, uma indulgência plenária. As condições são: confissão, comunhão e oração pelas intenções do Soberano Pontífice".13

A devoção reparadora dos Primeiros Sábados do mês. Por fim, a 13 de Junho de 1912, São Pio X concedeu novas indulgências a práticas que parece anteciparem exactamente os pedidos de Pontevedra: "Para promover a devoção dos fiéis para com a Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus, e para fazer reparação pelos ultrajes dos homens ímpios ao Seu Santíssimo Nome e aos Seus privilégios, São Pio X concedeu ao primeiro sábado de cada mês uma indulgência plenária, aplicável às almas do purgatório. As condições são: confissão, comunhão, oração pelas intenções do Soberano Pontífice e exercícios piedosos com o espírito de reparação, em honra da Virgem Imaculada".14 Exactamente cinco anos depois deste dia 13 de Junho de 1912, aconteceu em Fátima a grande manifestação do Imaculado Coração de Maria, "cercado de espinhos que O pareciam cravar". A Irmã Lúcia disse depois: "Nós compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que exigia reparação".15

A 13 de Novembro de 1920, o Papa Bento XV concedeu novas indulgências a esta mesma prática, quando realizada no primeiro sábado de oito meses seguidos.16

Uma devoção tradicional ...Que maravilhoso é ver o Céu contente pela coroação dum grande movimento de piedade católica, sem fazer mais nada senão dar precisão às decisões de um Papa, sendo esse Papa São Pio X! Também a Santíssima Virgem tinha vindo a Lourdes, confirmar as declarações infalíveis do Papa Pio IX.

Ora bem: ao pedir ao Papa a aprovação solene da Devoção de Reparação revelada em Pontevedra, Nossa Senhora não estava realmente a pedir nada impossível. A Providência tinha preparado tudo tão bem que, em 1925-1926, esta devoção concordava perfeitamente com uma série de decisões papais que foram precursoras e que "anunciavam" a devoção do Primeiro Sábado.

... E, no entanto, uma devoção novíssima ...Apesar do que foi dito, encontramos novos elementos na mensagem de Pontevedra! Em primeiro lugar, a concessão de excessos de generosidade que só o Céu pode ter a liberdade de conceder: no dia 10 de Dezembro, a Virgem Maria já não pede quinze, nem doze, nem sequer oito sábados a Ela dedicados; Ela bem sabe da nossa falta de constância e pede só cinco sábados – tantos como as dezenas do nosso Terço.

Porém, é sobretudo a promessa unida a esta devoção que aumentou de um modo impressionante. Já não é um caso de indulgências (ou seja, a remissão do castigo por pecados já perdoados); trata-se, antes, de uma graça muito mais notável: a certeza de receber, à hora da morte, "todas as graças necessárias para a salvação". É difícil imaginar uma promessa mais maravilhosa, porque se refere ao êxito ou ao fracasso no "nossa única e mais importante tarefa: a da nossa salvação eterna".17

2. Confissão

Já vimos que não é necessário confessar-se no primeiro sábado. Se há um impedimento qualquer, a confissão pode fazer-se ainda passados oito dias; mas deve fazer-se, pelo menos, uma confissão mensal. É claro que, tanto quanto possível, é preferível que a confissão se faça num dia próximo do primeiro sábado.

O pensamento de fazer reparação ao Imaculado Coração de Maria deve estar igualmente presente. Desta maneira, diz o Padre Alonso: "A alma anexa ao motivo principal de arrependimento pelos nossos pecados – que será sempre a ideia de que o pecado é uma ofensa contra Deus que nos redimiu em Cristo – um outro motivo de arrependimento, que sem duvida terá uma influência benéfica: arrependimento pela ofensa feita ao Imaculado e Doloroso Coração da Virgem Maria".18

3. A Comunhão reparadora dos Primeiros Sábados

A Comunhão reparadora é, decerto, o acto mais importante da Devoção de Reparação, e todos os outros actos se concentram em seu redor. Para entender o significado e importância desta devoção, devemos considerá-la em relação com a Comunhão milagrosa do Outono de 1916 que, graças às palavras do Anjo, já estava totalmente orientada para a ideia de Reparação.19 A Comunhão reparadora também deve relacionar-se com a Comunhão das nove Primeiras Sextas-Feiras de cada mês, pedido pelo Sagrado Coração de Jesus em Paray-le-Monial.

Alguém poderia objectar: receber a Comunhão no primeiro sábado de cinco meses seguidos é quase impossível para muitos fiéis, que não têm Missa na sua paroquia nesse dia ... É essa mesma pergunta que o Padre Gonçalves, confessor de Lúcia, lhe faz numa carta de 29 de Maio de 1930:

"E quem não puder cumprir com todas as condições no sábado, não satisfará com os domingos? Os que trabalham nas fazendas, por exemplo, não poderão com frequência, porque moram bastante longe ... "20

Nosso Senhor deu a resposta à Irmã Lúcia na noite de 29 para 30 de Maio de 1930: "Será igualmente aceite a prática desta devoção no domingo seguinte ao primeiro sábado, quando os Meus sacerdotes, por justos motivos, assim o concederem às almas."21 Nesse caso, não só a Comunhão, mas também a reza do Terço e a meditação sobre os mistérios se podem transferir para o domingo, por motivos justificados que os sacerdotes deverão avaliar. É fácil pedir essa autorização durante a confissão. Repare-se, de novo, no carácter católico e eclesial da Mensagem de Fátima: é aos Seus sacerdotes, e não à consciência individual, que Jesus dá a responsibilidade de outorgar esta concessão adicional.

Depois de tantas concessões, quem poderia ainda argumentar que não pode cumprir os pedidos da Virgem Maria?

4. Recitação do Terço

Em cada uma das seis aparições em 1917, Nossa Senhora pediu que rezassem o Terço todos os dias. Como se trata de fazer reparação pelas ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria, que outra oração vocal Lhe poderia ser mais agradável?22

5. A meditação de quinze minutos sobre os Quinze Mistérios do Rosário

Para além do Terço, Nossa Senhora pede quinze minutos de meditação sobre os quinze mistérios do Rosário. Isto não significa, evidentemente, que seja preciso um quarto de hora para cada mistério! Não é necessário mais do que um quarto de hora no total! Também não é indispensável meditar cada mês sobre os quinze mistérios. Lúcia escreve ao Padre Gonçalves: "Fazer quinze minutos de companhia a Nosssa Senhora, meditando nos mistérios do Rosário". À sua mãe, Maria Rosa, Lúcia escreveu essencialmente o mesmo, a 24 de Julho de 1927, sugerindo-lhe a meditação só sobre alguns dos mistérios, que podem escolher-se livremente:

"Queria também que a mãe me desse a consolação de abraçar uma devoção que sei é do agrado de Deus, e que foi a nosssa querida Mãe do Céu quem a pediu. Logo que tive conhecimento dela, desejei abraça-la e fazer com que todos os demais a abraçassem.

Espero, portanto, que a mãe me responderá a dizer que a faz, e que vai procurar fazer com que todas essas pessoas que aí vão a abracem também. Não poderá nunca dar-me consolação maior do que esta.



No dia 13 de Outubro de 1917 Nossa Senhora de Fátima mostrou o Seu Escapulário do Carmo, lembrando-nos solenemente a Sua promessa: "Receba este Escapulário: qualquer pessoa que morra com ele posto não sofrerá o fogo eterno. Será um sinal de salvação, uma protecção no perigo, e uma promessa de paz". Veja-se Um Manto de Misericórdia e de Graça, página 43.

Consta só em fazer o que vai escrito neste santinho. A confissão pode ser noutro dia, e os quinze minutos (de meditação) é o que me parece que lhe vai fazer mais confusão. Mas é muito fácil. Quem não pode pensar nos mistérios do Rosário? Na anunciação do Anjo e na humildade da nossa querida Mãe que, ao ver-Se tão exaltada, Se chama escrava? Na Paixão de Jesus, que tanto sofreu por nosso amor? Na nossa Mãe Santíssima junto de Jesus, no Calvário? Quem não pode assim, nestes santos pensamentos, passar quinze minutos junto da Mãe mais terna das mães?

Adeus, minha querida mãe. Console assim a nossa Mãe do Céu, e procure que muitos outros A consolem também; e assim dar-me-á, também a mim, uma inexplicável alegria ...

"Sou sua filha muito dedicada, que lhe beija a mão."23

Nesta bela carta, a Irmã Lúcia insiste na sexta condição, que é a principal: cada uma destas devoções deve cumprir-se "com o espírito de reparação" para com o Imaculado Coração de Maria.

"Console assim a nossa Mãe do Céu ... ", escreveu ela.

6. A intenção de fazer reparação: "Tu, ao menos, vê de Me consolar".

Sem esta intenção geral, sem esta vontade de amor que quer fazer reparação a Nossa Senhora para A consolar, todas as práticas externas são, por si só, insuficientes para obter a magnífica promessa. Isto é claro.

A prática da Comunhão reparadora deve ser atenta e fervorosa. Assim o explicou Nosso Senhor à Irmã Lúcia, na Sua aparição do dia 15 de Fevereiro de 1926: "É verdade, Minha filha, que muitas almas os começam, (a prática dos quinze sábados) mas poucas os acabam; e as que os terminam, é com o fim de receberem as graças que aí são prometidas. Agrada-Me mais quem fizer os cinco (Primeiros Sábados) com fervor e com o fim de desagravar o Coração da tua Mãe do Céu, do que quem fizer os quinze, tíbio e indiferente ... "24 Nossa Senhora pede-nos tão pouco, precisamente para que possamos fazê-lo de todo o coração. Mas isso não significa que o faremos sempre com muito fervor sensível: segundo a grande máxima da espiritualidade, "Querer amar é amar".

As breves palavras do Menino Jesus e de Nossa Senhora no dia 10 de Dezembro de 1925 dizem tudo, e fazem-nos compreender o verdadeiro esprírito desta Devoção Reparadora:

"Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfémias e ingratidões ... sem haver quem faça um acto de reparação para os tirar ... Tu, ao menos, vê de Me consolar".

Esta imagem, que é tão expressiva, diz tudo: as blasfémias e a ingratidão dos pecadores são como muitos espinhos cruéis que só podemos retirar por meio dos nossos actos de amor e de reparação. Porque o amor, ou "a compaixão", é a alma de todas estas práticas. Trata-se de consolar o Imaculado Coração da "Mãe mais terna", que se sente muito ultrajada.

Lúcia compreendeu isto perfeitamente nesse mesmo momento. A parte final da sua carta a Monsenhor Pereira Lopes, onde descreve a aparição do Menino Jesus a 15 de Fevereiro de 1926, é disso um testemunho eloquente:

"Nisto, desapareceu, sem que até hoje eu tenha sabido mais nada dos desejos do Céu.

E, quanto aos meus, (ele continua) são que nas almas se acenda a chama do amor divino e que, elevadas nesse amor, consolem muito o Sagrado Coração de Maria. Eu tenho, pelo menos, o desejo de consolar muito a minha querida Mãe do Céu, sofrendo muito por Seu amor".25

Deve prestar-se a devida atenção à originalidade desta mensagem.26 Porque aqui não há duvida, pelo menos na essência, de que se trata de consolar a Santíssima Virgem, tendo compaixão do Seu Coração trespassado pelos sofrimentos de Seu Filho. É certo que a Mensagem de Fátima pressupunha já este aspecto tradicional da piedade católica: a 13 de Outubro de 1917, Nossa Senhora das Sete Dores apareceu no céu aos pastorinhos.27 Mas o significado mais preciso da Devoção Reparadora pedida em Pontevedra não consiste tanto na meditação sobre os mistérios dolorosos do Rosário, como na consideração das ofensas que o Imaculado Coração de Maria recebe – agora – dos homens ingratos e blasfemos que recusam a Sua mediação maternal e desprezam as Suas prerrogativas divinas*. Tudo isto são muitos espinhos que devemos retirar do Seu Coração, por meio de práticas de amor e de reparação, para A consolar e, ainda, para obter o perdão para as almas que tiveram a audácia de A ofender tão gravemente.

Nada pode ajudar-nos a entender melhor o verdadeiro espírito da Reparação pedida por Nossa Senhora de Fátima do que o relato de uma revelação importante feita à Irmã Lúcia no dia 29 de Maio de 1930.

*NOTA DO EDITOR: Da Santíssima Virgem Maria – apesar de ser uma simples criatura, mas porque Deus fez Dela a verdadeira Mãe de Deus e Rainha do Céu –, se pode dizer, correctamente, que tem prerrogativas divinas.

III. O espírito da Devoção de Reparação:A Revelação do dia 29 de Maio de 1930


A Irmã Lúcia estava em Tuy nessa época. O seu confessor, o Padre Gonçalves, tinha-lhe feito uma série de perguntas por escrito. Lembramos aqui só a quarta: "Porque hão-de ser cinco sábados – perguntou ele – e não nove, ou sete em honra das Dores de Nossa Senhora?"28 Nessa mesma noite, a vidente implorou a Nosso Senhor que a inspirasse com uma resposta a essas perguntas. Poucos dias depois, ela enviou o seguinte ao seu confessor.29

"Ficando na capela, com Nosso Senhor, parte da noite do dia 29 para 30 deste mês de Maio de 1930 (sabemos que era seu costume ter uma hora santa das onze à meia-noite, especialmente às quintas-feiras, segundo os pedidos do Sagrado Coração de Jesus em Paray-le-Monial), e falando a Nosso Senhor das duas perguntas, quarta e quinta, senti-me, de repente, possuída mais intimamente da Sua Divina Presença. E, se não me engano,30 foi-me revelado o seguinte:

‘Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfémias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria:

As blasfémias contra a Imaculada Conceição;
As blasfémias contra a Sua Virgindade;
As blasfémias contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
Os que procuram publicamente infundir, no coração das crianças, a indiferença, o desprezo e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;
Os que A ultrajam directamente nas Suas sagradas imagens.
Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação ...’ 31

Os espinhos do Imaculado Coração de Maria

Sigamos neste ponto o Padre Alonso que, no seu estudo sobre a Mensagem de Pontevedra, faz um extenso e útil comentário sobre as cinco ofensas contra o Imaculado Coração de Maria enumeradas por Nosso Senhor.



A Irmã Lúcia de Fátima conta a Visão do Inferno da maneira seguinte: "Vimos como que um mar de fogo. Mergulhados nesse fogo, os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhantes ao cair das faúlhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizavam e faziam estremecer de pavor. Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa. Esta vista foi um momento. E graças à nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição). Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. (Nossa Senhora disse) 'Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no Mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração.' "

As blasfémias de homens hereges, cismáticos e ímpios

Cegos por um ecumenismo enganador, houve a tendência, a partir de 1962, de esquecer que existe uma verdade evidente, relembrada aqui pela Mensagem de Fátima: aqueles que, obstinadamente e com pleno conhecimento, negam abertamente as prerrogativas da Santíssima Virgem Maria, cometem as blasfémias mais odiosas respeitante a Ela.

Primeira blasfémia: Contra a Imaculada Conceição. O Padre Alonso pergunta: "Quem são aqueles que podem cometer esta ofensa contra o Imaculado Coração de Maria?" A resposta não deixa dúvida: "Em primeiro lugar e em geral, as seitas protestantes que recusam receber o dogma difinido pelo Papa Pio IX e que continuam a sustentar que a Santíssima Virgem foi concebida com a mancha do pecado original e, ainda, de pecados pessoais. O mesmo poderia dizer-se dos cristãos orientais (dissidentes), já que, apesar da sua grande devoção Mariana, também recusam este dogma".32

Segunda blasfémia: Embora os Ortodoxos a admitam, a maioria dos Protestantes também recusa a Virgindade perfeita e perpétua de Maria "antes, durante, e depois de dar à luz".

Terceira blasfémia: Embora, teoricamente, eles aceitem a Maternidade Divina de Maria definida no Concílio de Éfeso, negam-se a reconhecê-La como a Mãe dos homens no sentido católico, o que implica a negação do Seu papel como Corredentora e Mediadora de Graça.

Quarta blasfémia: Refere-se à perversão das crianças pelos inimigos de Nossa Senhora, que tratam de lhes inculcar indiferença, desprezo ou mesmo ódio para com a Virgem Imaculada; e a quinta blasfémia, pela qual A ultrajam nas Suas imagens sagradas. Estes dois últimos pecados não são mais do que a consequência lógica dos três primeiros, e estão frequentemente unidos a eles. A iconoclastia – ou, pelo menos, a recusa obstinada da teologia católica em relação às imagens sagradas – está muito longe de desaparecer.

Em resumo: durante três séculos e meio a contra-igreja tem travado uma luta furiosa e sem descanso contra a Imaculada Virgem Maria, contra a promoção da devoção para com Ela, contra a Sua soberania nos corações e, sobre todas as sociedades. Seguindo os passos do protestantismo – despois do jansenismo e do seu frio desprezo por uma verdadeira devoção à Santíssima Virgem, do racionalismo dos séculos XVIII e XIX, assim como do modernismo do século XX –, essas forças contrárias continuam a atacar a doutrina e devoção Marianas com o mesmo desprezo e perfídia. Por fim, é sabido o modo como o comunismo bolchevique tentou, por todos os meios possíveis, destruir a veneração profunda da Mãe de Deus ancorada na alma do povo russo. Os ícones sagrados tiveram de desaparecer, foram destruídos ou escondidos ... e ainda estão à espera de melhores dias.

As blasfémias de filhos rebeldes e ingratos. Há, porém, algo mais grave, muitíssimo mais sério do que todas as ofensas de homens hereges, cismáticos, apóstatas e ímpios. São as blasfémias dos próprios filhos da Igreja contra o Imaculado Coração de Maria. Com o passar do tempo, a mensagem de Pontevedra parece assombrosamente profética.

O Padre Ricardo, director do Exército Azul em França e que muito dificilmente poderia considerar-se suspeito de pessimismo abusivo, comenta a este respeito: "Quem poderia ter imaginado, há 50 anos atrás, que estas cinco grandes ofensas contra Maria se estenderiam no seio do clero da própria Igreja Católica, e que um grande número de baptizados e catequizados, até mesmo nas nossas paróquias, não sabe já rezar a ‘Avé-Maria’?"33 O Padre Alonso viu-se na obrigação de fazer observações semelhantes.

Esta situação é hoje tão visível que qualquer comentário é supérfluo. Há certos teólogos, certos sacerdotes e certos bispos que são culpados das cinco blasfémias! Não são só uns poucos casos excepcionais; são centenas e talvez milhares. Não basta fazer uma observação sobre o facto. Temos de descobrir as causas disto, e explicar como foi possível chegarmos a tal ponto. Pelo menos o Padre Alonso descreveu o acontecimento com exactidão: "A grande ‘era Mariana’, inaugurada em 1854 com a definição do dogma da Imaculada Conceição – atreve-se ele a escrever – terminou com o Concílio Vaticano Segundo.34 Mas como aconteceu isto? E porquê esta declinação alarmante da devoção Mariana, que ainda estava em pleno florescimento quando morreu o Papa Pio XII? É o que teremos de examinar depois, no contexto do Terceiro Segredo.*

*NOTA DO EDITOR: Veja-se o livro de Frère Michel, intitulado The Third Secret (O Terceiro Segredo), Vol. III da obra The Whole Truth About Fatima (Toda a verdade sobre Fátima), ou o folheto The Third Secret Revealed (O Terceiro Segredo é revelado), que se pode obter da Cruzada de Fátima.

Mas podemos desde já comentar que o elemento primeiro da Mensagem de Fátima é a Fé – uma fé precisa e dogmática. Uma devoção verdadeira à Santíssima Virgem pressupõe, sempre e necessariamente, ter fé nos Seus privilégios e prerrogativas, infalivelmente definidos pelo Papa ou ensinados pelo magistério da Igreja, e unanimemente acreditados pelos fiéis através dos séculos. É também certo que os pecados mais graves contra a Santíssima Virgem são, primeiro que tudo, pecados contra a Fé. Esta importante leitura dos factos deve ter-se sempre em mente.

A Devoção de Reparação: um segredo de misericórdia para com os pecadores

Depois de enumerar as cinco blasfémias que ofendem gravemente a Sua Mãe Santíssima, Nosso Senhor deu à Irmã Lúcia a explicação decisiva que nos permite penetrar no segredo do Seu Imaculado Coração, transbordante de misericórdia para com todos os pecadores, até mesmo para com aqueles que A desprezam e ultrajam:

"Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação e, em atenção a ela, mover a Minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de A ofender. Quanto a ti, procura sem cessar, com as tuas orações e sacrifícios, mover-Me à misericórdia para com essas pobres almas."35

"O pecado contra o Espírito Santo". Aqui temos um dos temas principais da Mensagem de Fátima. Uma vez que Deus decidiu manifestar cada vez mais o Seu grande desígnio de amor — que consiste em conceder aos homens todas as graças, através da mediação da Virgem Imaculada — parece que a recusa dos homens em se submeterem com docilidade à vontade de Deus assim expressa é a falta que mais gravemente fere o Seu Coração, que já não encontra em Si próprio nenhuma inclinação para perdoar. Parece um pecado sem perdão, porque para o Nosso Salvador não há crime mais imperdoável que o de desprezar a Sua Mãe Santíssima e o de "ultrajar o Seu Imaculado Coração, que é o Santuário do Espírito Santo. Isto é cometer ‘a blasfémia contra o Espírito Santo, que não será perdoada neste mundo nem no outro’."36

Em 1929, na aparição de Tuy – que é o cumprimento final de Fátima –, Nossa Senhora conclui a manifestação extraordinária da Santíssima Trindade com estas palavras surpreendentes: "São tantas as almas que a Justiça de Deus condena, por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir reparação. Sacrifica-te por esta intenção e ora". Estas palavras são tão fortes que vários tradutores tomaram a libertade de diluir o seu significado.37

"Um pequeno acto de reparação" para salvar os maiores pecadores. Sim, Nossa Senhora afirma tristemente que muitas almas se perdem por causa do seu desprezo e das blasfémias contra Ela ... Assim, e para nos dar o exemplo de amar os nossos inimigos, Ela própria intervém, porque só Ela pode ainda salvar esses monstros de orgulho e ingratidão que se revoltaram contra Ela. Como "Mãe de Misericórdia e Mãe do Perdão", como cantamos na Salve Mater, Ela intercede por nós ante Seu Filho. Que a devoção filial de almas fiéis e as Comunhões reparadoras oferecidas nos Cinco Primeiros Sábados possam consolar o Seu ultrajado Coração, e ser aceites por Jesus como reparação pelos crimes dos pecadores. Nossa Senhora ora para que Ele se digne aceitar esta "pequena devoção" e assim, tendo em conta este "pequeno acto de reparação" ao Seu Coração Imaculado, se digne conceder o perdão, apesar de tudo, aos ingratos e blasfemos, a todas as pobres almas que tiveram a ousadia de A ofender — a Ela, Sua Mãe Santíssima!

E, como sempre, Nosso Senhor concede-Lhe o Seu desejo. Deste modo, Ele faz com que a Devoção da Reparação seja um meio seguro e eficaz de converter almas, muitas almas, de entre aquelas que estão em maior perigo de se perderem para sempre. Devemos citar aqui um texto importante, no qual até a "grande promessa" é uma consideração secundária, perante a intenção primeira do Imaculado Coração de Maria que é a salvação de todos os pecadores. Em Maio de 1930, a Irmã Lúcia escreveu ao Padre Gonçalves:

"Parece-me que o nosso bom Deus, no fundo do meu coração, insta comigo para que peça ao Santo Padre a aprovação da devoção reparadora que o próprio Deus e a Santíssima Virgem se dignaram pedir em 1925, para, em atenção a esta pequena devoção, dar a graça do perdão às almas que tiveram a desgraça de ofender o Imaculado Coração de Maria, prometendo a Santíssima Virgem, às almas que deste modo A queiram reparar, assistir-lhes, à hora da morte, com todas as graças necessárias para se salvarem."38

Reparação necessária. A salvação das almas, de todas as almas – "principalmente as que mais precisarem" –, arrebatando-as a todas do fogo do inferno que as ameaça é, portanto, em última análise, a intenção principal da prática dos Primeiros Sábados do mês. Foi essa mesma intenção que Nossa Senhora já tinha indicado no dia 19 de Agosto de 1917, quando recomendou aos pastorinhos a urgência de rezarem e fazerem sacrifícios: "Rezai, rezai muito; e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas".

A Santíssima Virgem Maria foi chamada Mediadora universal e Mãe da Divina Graça. Mas por um desígnio da Providência que nos manda estar unidos a Ela, Nossa Senhora não pode agir sozinha. Ela precisa de nós, do nosso amor consolador e das nossas "pequenas devoções" de reparação, para salvar as almas do Inferno. Excelso e grandioso é o mistério da comunhão dos santos, que faz com que a salvação de muitas almas dependa, realmente, da nossa própria generosidade! E temos um bom motivo para demonstrarmos generosidade! Como poderíamos recusar esta acção missionária que Nossa Senhora espera de nós, que Ela fez tão fácil de cumprir – com autorização de um sacerdote, tudo se pode transferir para Domingo –, e quando as práticas requeridas são tão eficazes e fecundas? É que, através desta devoção, muitas almas em perigo iminente de se perderem para sempre podem obter, no último momento e apesar delas próprias, a graça da sua conversão.

Para consolar o Imaculado Coração de Maria trespassado de espinhos, para fazer reparação pelos ultrajes que o Seu Coração recebe dos pecadores por meio da oração e do sacrifício – é este o requisito mais preciso desta primeira parte do Segredo, que Nossa Senhora veio lembrar e clarificar em Pontevedra, em 1925: "Tu, ao menos, vê de Me consolar". O Santo Sacrifício da Missa e a Sagrada Comunhão oferecidos a Deus com o espírito de reparação39 são-nos agora apontados como o sacrifício mais perfeito e a oração mais eficaz.

Tudo isto nos ajuda a entender a insistência urgente de Nossa Senhora, o Seu ardente desejo de que esta Devoção de Reparação seja praticada por toda a parte e com a maior frequência possível. Esta é a devoção mais apreciada por Ela, porque é a mais perfeita e, por isso, a mais eficaz para a salvação das almas. E porque a Santíssima Virgem deseja a nossa cooperação a todo o custo, associou a esta devoção as promessas mais maravilhosas ...

"Desta devoção depende a guerra ou a paz do Mundo". Com efeito, para além da conversão dos pecadores e da nossa salvação eterna, Nossa Senhora determinou que a Comunhão reparadora ficasse unida a outra promessa magnífica: o dom da Paz. A 19 de Março de 1939, a Irmã Lúcia escrevia:

"Da prática desta devoção, unida à consagração ao Coração Imaculado de Maria, depende a guerra ou a paz do Mundo. Por isso eu desejava tanto a sua propagação, e, sobretudo, por ser essa a vontade do nosso bom Deus e da nossa tão querida Mãe de Céu ..."40

E no dia 20 de Junho do mesmo ano:

"Nossa Senhora prometeu adiar para mais tarde o flagelo da guerra, se for propagada e praticada esta devoção. Vemo-La afastando esse castigo à medida que se vão fazendo esforços para a propagar; mas eu tenho medo que nós possamos fazer mais do que fazemos e que Deus, pouco contente, levante o braço da Sua Misericórdia e deixe o mundo assolar-se com esse castigo, que será como nunca houve, horrível, horrível."41

Dois meses depois, era declarada guerra. Ainda nada se tinha feito para corresponder aos pedidos do Céu.



"Quero que toda a Minha Igreja ... pôr, ao lado da devoção do Meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração." ... Jesus à Irmã Lúcia

Do Primeiro Segredo ao Segundo

Este anúncio profético leva-nos directamente a uma tragédia. É a grande tragédia de carácter religioso e político que, em vinte anos, levou a nossa Europa cristã a uma guerra atroz, a mais mortífera de toda a história; e depois a outra, mais sangrenta e ainda mais horrível nas suas consequências devastadoras. Num curto espaço de tempo, esta guerra entregou nações e quase continentes inteiros à escravidão do barbarismo soviético. Vejamos agora a forma como Nossa Senhora profetizou esta terrível tragédia, identificando, a 13 de Julho de 1917, as suas fases mais importantes e as suas causas secretas. É esta a segunda parte do Seu grande Segredo.

O segredo capital: o Imaculado Coração de Maria como salvação das almas. Clarifiquemos desde já que este "segundo segredo" depende estritamente do primeiro, cuja importância é primordial. Porque, como descobriremos na segunda parte do nosso estudo, a grande política divina revelada pela Rainha do Céu na Cova da Iria, tanto com as promessas de paz universal e durável, como com as ameaças de castigos espantosos — todo este plano de acção divina é só um instrumento utilizado pela Misericórdia de Deus para obter a salvação das almas, no maior número possível.

Depois de tudo, é à primeira parte do Segredo que devemos regressar sempre, por ser, indiscutivelmente, a principal e a mais importante aos olhos de Deus: salvar as almas, todas as almas, do único verdadeiro mal — porque é o único mal eterno —, para as livrar a qualquer preço das chamas do Inferno. É esta também a primeira preocupação do Imaculado Coração de Maria. Em Fátima, a Senhora revelou este Imaculado Coração como refúgio e último recurso dos pecadores, mesmo dos mais odiosos e miseráveis, porque Ela é a Mediadora de Misericórdia, a Porta do Céu. Esta é a primeira parte do Seu grande segredo, porque é também o primeiro segredo do Seu Coração. A Irmã Lúcia descreveu o primeiro Segredo (a visão do Inferno) na sua Autobiografia, e continuou:

"Assustados e como que a pedir socorro, levantámos a vista para Nossa Senhora, que nos disse, com bondade e tristeza:

‘Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no Mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração ...

‘... Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz ...

‘... virei pedir a comunhão reparadora nos primeiros sábados.’ "

A pequena Jacinta entendeu perfeitamente esta importante advertência de Nossa Senhora para a salvação das almas. A sua alma ficou completamente penetrada por ela, como mostra o episódio seguinte: "às vezes – lembra a Irmã Lúcia –, andava a apanhar as flores do campo e a cantar, com uma música arranjada por ela naquele momento:

"Doce Coração de Maria, sede a minha salvação! Imaculado Coração de Maria, convertei os pecadores, livrai as almas do Inferno!"42

Com efeito, são estas as palavras que resumem a essência do "primeiro Segredo": é através do Imaculado Coração de Maria que a Santíssima Trindade quer salvar hoje as nossas almas, todas as almas, para as arrebatar das chamas do Inferno e lhes abrir as portas do Céu